Fim do corretor de imóveis? Inteligência artificial revoluciona profissão e gera dúvidas
Tecnologia já é utilizada em diversas etapas da jornada de compra e venda
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A inteligência artificial chegou ao mercado imobiliário como um furacão. Assim como vem acontecendo em diversos postos de trabalho, a tecnologia assumiu funções, acelerou processos e promove contínuas revoluções no setor. De assistente ocasional a instrumento fundamental, a IA alcançou, em pouco tempo, um papel imprescindível para corretores de imóveis e imobiliárias.
Os usos vão da utilização do Chatgpt para a criar descrições de propriedades a chatbots especializados em gestão de lides. Um estudo da provedora de tecnologia imobiliária Delta Media relata que 87% dos agentes imobiliários dos EUA já usam inteligência artificial, um crescimento de 7% em relação ao ano passado.
No Brasil, o cenário é bem menos avançado, mas caminha na mesma direção. Segundo Diogo Martins, CEO do Instituto Brasileiro de Educação Profissional (IBREP), existe desconhecimento sobre o papel da tecnologia e o corretor de imóveis brasileiro ainda não se acostumou a utilizar essas ferramentas no dia a dia.
“Como em qualquer outra profissão, é preciso se adaptar. A IA ajuda a eliminar gargalos de atendimento, diminuir filas, automatizar a análise documental e a análise de crédito. Ela até melhora os textos dos anúncios para que eles se tornem mais atrativos para os clientes”, ilustra Martins. “Muitas das funções que o corretor realiza podem ser automatizadas”, defende.
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Novos negócios
Na esteira dos avanços promovidos pela IA no mercado imobiliário, iniciativas disputam a atenção dos consumidores e dos corretores. A Morada.ai é fruto deste ambiente. Fundada em 2021, a startup desenvolveu a Mia, uma ferramenta de atendimento que utiliza IA generativa, assim como o Chatgpt, para conversar com potenciais clientes e qualificar lides.
De forma prática, a realiza um pré-atendimento com pessoas interessadas em negociar imóveis e aponta os “melhores” clientes aos corretores. “Um profissional precisa conversar com 100 pessoas no Whatsapp para fazer uma venda. E 47% deles chegam fora do horário comercial. É um processo ineficiente. O que a gente faz é encurtar isso”, justifica Luis Veloso, COO do Morada.ai.
“A IA conhece os clientes e apresenta as informações e demandas para o corretor de imóveis trabalhar melhor”, explica. De acordo com Luis, a startup atende quase 100 incorporadoras em 17 estados do Brasil.
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Porém, não são só as startups que estão abraçando este modelo de negócio. A incorporadora Eztec também já tem um ferramenta de IA para chamar de sua.
Desenvolvida para atender os próprios corretores de imóveis da companhia, a Tec.IA é uma espécie de chatbot que os profissionais podem utilizar para buscar informações de empreendimentos à venda. “Assim, o corretor tem acesso aos produtos, melhorando significativamente o tempo de resposta e a qualidade do atendimento” explica Rafael Brandimarte, Superintendente Comercial da Eztec.
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“Notamos que existia morosidade nos processos, desde a documentação à comunicação entre os departamentos da incorporadora. Se o cliente perguntar a profundidade da piscina, o corretor precisava abrir o folder para descobrir. Agora basta perguntar ao Tec.IA e ter a resposta em tempo real”, ilustra. “Ele pode até pedir para a ferramenta preparar um e-mail para enviar ao cliente”.
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O papel do corretor
Do primeiro contato à entrega das chaves, o comprador e o corretor de imóveis percorrem uma longa jornada que envolve a construção de um relacionamento, a resolução de problemas e muito dinheiro. O Chatgpt, o Deepseek e outros assistentes pessoais prometem diminuir os entraves deste processo, mas faz muitos corretores se questionarem se a profissão corre o risco de chegar ao fim.
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Martins acredita que o avanço da IA representa, sim, um sinal de alerta. Porém, apenas para corretores que não estão preparados para estas mudanças. “A profissão não está em risco, mas o corretor que não utilizar essas ferramentas vai ficar para trás”, acredita. “Se ele utilizar essas plataformas, sobra mais tempo para se dedicar à relação com o cliente”.
E esta é justamente a maior vantagem do corretor de imóveis nos tempos atuais, segundo ele. “Ainda que grande parte do processo seja automatizado, dificilmente um comprador vai fechar a compra ou venda de um imóvel sem uma pessoa envolvida na jornada”, defende. “As relações humanas ainda são fundamentais”, pontua.
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Também é nesta convicção que se apoia Veloso para argumentar que a profissão não está em perigo. “O corretor será totalmente substituído? Não. O comprador ainda precisa do contato humano para fechar o negócio. A presença física é importante”, observa. “Mas todo o restante, das conversas de whatsapp aos trâmites burocráticos, a IA deve ser capaz de fazer”.
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