São Paulo

Um em cada três ricos de São Paulo planeja comprar imóvel nos próximos seis meses

1 em cada 5 moradores de São Paulo pretendem comprar ou alugar imóvel nos próximos seis meses; juros trazem preocupação

Por:Breno Damascena 27/11/2024 4 minutos de leitura
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Estudo mostra que 14% dos moradores da capital paulista pretendem comprar, enquanto outros 6% querem alugar/ Crédito: Donatas Dabravolskas/AdobeStock

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O sonho da casa própria permanece vivo entre os moradores de São Paulo e uma parte significativa deles pretende transformá-lo em realidade em pouco tempo. De acordo com um estudo da startup Loft, 14% das pessoas que vivem na capital paulista pretendem comprar um imóvel nos próximos seis meses. E quase metade deles (48%) pensa nesta aquisição como um investimento. 

Realizado em parceria com a Offerwise, o Índice de Confiança no Setor Imobiliário mostra que a maior parte dos paulistanos que pensam em comprar um imóvel tem entre 25 e 34 anos. É um contraste em relação a idade média das pessoas que pretendem optar pela locação

Para 6% dos respondentes, a opção mais razoável é alugar um imóvel nos próximos seis meses. Deles, 12% possuem de 18 a 24 anos. O número cai para apenas 7% no público entre 25 a 34 anos. 

Uma questão de classe

Mais determinante do que a idade, a classe social dos correspondentes indica a relação das pessoas com a compra ou o aluguel. Segundo o levantamento, 62% dos paulistanos que pertencem a classe A (famílias com renda superior a 20 salários mínimos mensais – aproximadamente R$ 28.240) já possuem imóveis para venda ou locação. 

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Ainda assim, 29% deles pretendem comprar um imóvel nos próximos seis meses. Não à toa, apenas 5% pretendem alugar. “O aluguel em classes mais altas talvez esteja relacionado a uma mobilidade maior ou mesmo a uma opção de investimento: deixa-se o dinheiro no banco rendendo em opções melhores do que investir em um imóvel”, analisa Carlos Honorato, Professor de Economia da FIA Business School.

“Para pessoas com renda mais alta, existem mais opções de escolha de moradia. Já a baixa renda mora onde é possível e viável economicamente”, acrescenta. 

As proporções são bem inferiores nos grupos sociais mais baixos. De acordo com o relatório, 23% dos paulistanos de classe B (entre 10 e 20 salários mínimos) têm imóveis para venda ou locação, mas apenas 9% pretendem comprar outro imóvel nos próximos seis meses. Pelo contrário, 66% não quer realizar este movimento.

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Já na classe C (entre quatro e dez salários mínimos), apenas 11% possuem imóveis para venda ou locação, enquanto 72% não têm perspectiva de alugar, comprar, vender ou locar um imóvel nos próximos seis meses. 

“É uma clara visão do nosso déficit habitacional. O mercado imobiliário trabalha direcionado aos públicos com maior renda e maior valor agregado. Mesmo a emergência da classe média característica das últimas décadas privilegiou a base da pirâmide, mas não o fundo da pirâmide, digamos assim”, alerta o professor.

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Honorato entende que, para populações de menor renda, a disponibilidade de imóvel é baixa por conta da infraestrutura de áreas pobres, riscos de crédito e informalidade e riscos legais. “Com isso essa camada da população acaba ficando em moradias irregulares e distantes do mercado imobiliário formal”, aponta. 

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Motivações e obstáculos

A pesquisa também apurou a opinião dos moradores sobre fatores ligados ao mercado imobiliário. A taxa de juros/condições de financiamento foi a que despertou a maior preocupação – 48% deram nota entre 1 e 3, as mais baixas. 

“Comprar um imóvel no Brasil é tarefa de uma vida inteira. O custo de aquisição é alto, seja pelo valor dos imóveis, taxas de juros e custos cartoriais. Com taxas altas e restrição de crédito, é difícil mesmo para as classes mais altas comprar um imóvel sem um custo financeiro elevado”, atribui Honorato.

Para ele, outra justificativa plausível são as tendências do mercado imobiliário. “O segmento é direcionado em ondas, como a onda dos três dormitórios, a onda da varanda gourmet e agora a onda da quitinete próxima do metrô”, exemplifica. “Assim, a oferta, às vezes, fica distorcida em relação à demanda real do mercado”. 

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Por outro lado, a disponibilidade de imóveis foi o fator com menor quantidade de notas baixas. 

“Se por um lado há preocupação com as condições de financiamento imobiliário, a proporção de pessoas que acham que a situação financeira familiar vai melhorar é maior do que quem acha que vai piorar”, analisa o gerente de dados da Loft, Fábio Takahashi.

Honorato, no entanto, entende que o estudo aponta para um cenário problemático. “Os dados refletem o quanto nosso mercado imobiliário está exclusivamente privatizado a mercê do interesse das empresas incorporadoras e não há políticas públicas de urbanização e acesso a moradias populares”, instiga.

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