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Rossi Residencial faz pedido de recuperação judicial com dívida de R$ 1,232 bilhão

A crise sem fim fez a Rossi acumular hoje 24 pedidos de falência, bem como mais de 5 mil execuções em curso

Por: Circe Bonatelli, Estado de S. Paulo 22/09/2022 3 minutos de leitura
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A Rossi Residencial faz parte do Grupo Rossi, fundado em 1913 e que está, hoje, na quarta geração da família/ Crédito: Getty Images

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A incorporadora Rossi Residencial entrou com pedido de recuperação judicial após acumular uma dívida de R$ 1,232 bilhão, sendo que a maior parte desse valor vem de processos por de consumidores, ex-funcionários e fornecedores.

A informação consta em petição assinada pelo escritório E. Munhoz Advogados e encaminhado para a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo. A companhia enviou o documento para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta manhã.

A Residencial Rossi faz parte do Grupo Rossi, fundado em 1913 e que está, hoje, na quarta geração da família. A incorporadora foi constituída em 1980 com o objetivo de concentrar os investimentos do grupo na incorporação e construção de residenciais de médio e alto padrão na região metropolitana de São Paulo.

A partir da década de 90, a companhia expandiu suas operações para o interior dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nos anos seguintes, firmou parcerias e chegou a um total de 17 Estados.

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Desde sua fundação, a incorporadora foi responsável pela entrega de mais de 750 empreendimentos imobiliários, o equivalente a 115 mil unidades.

Em 1997 realizou abertura de capital por meio de oferta pública inicial de ações (IPO) que captou aproximadamente US$ 10 milhões com a emissão de ações na B3 (então BM&FBovespa) e ADRs na Bolsa de Nova York.

Apesar de ser um nome tradicional do mercado imobiliário brasileiro, o declínio começou na última década. Na petição, seus advogados descrevem que os últimos anos foram marcados por forte recessão na economia brasileira, da taxa básica de juros, dos índices de inflação e da estagnação econômica. A situação se agravou com a chegada da pandemia.

Isso derreteu as vendas de imóveis, gerou uma explosão dos distratos e desbalanceou completamente o fluxo de caixa da Rossi Residencial – uma história semelhante à vivida pela PDG Realty e pela Viver (antiga Inpar), que também atravessaram processos de recuperação judicial.

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Desde 2020, os distratos vêm superando as vendas brutas da Rossi. Com isso, o faturamento tem ficado no campo negativo – um caso totalmente atípico em qualquer setor produtivo. A Rossi teve receita líquida negativa de R$ 8,2 milhões no primeiro semestre de 2022.

“A demanda para a aquisição de imóveis caiu devido ao empobrecimento das famílias brasileiras, e a receita se tornou insuficiente para arcar com os custos de incorporação e construção dos empreendimentos em andamento, bem como com o pagamento das dívidas financeiras já contratada”, afirmaram os advogados.

“Esse descasamento entre as receitas e os custos do Grupo Rossi foi aumentando em progressão geométrica”, complementaram.

“Como em uma bola de neve, a falta de recursos para concluir os empreendimentos imobiliários em construção levou ao atraso nas obras, o que, por sua vez, motivou os adquirentes a rescindirem os respectivos contratos de compra e venda e a pleitearem, por meio de ações e execuções judiciais, os valores já pagos majorados por indenizações decorrentes do atraso nas obras”, afirmaram.

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A crise sem fim fez a Rossi acumular hoje 24 pedidos de falência, bem como mais de 5 mil execuções em curso. Com isso, houve uma corrida de credores por ativos da empresa. O Grupo Rossi tem sofrido sucessivos bloqueios de ativos, com a finalidade de pagamento de créditos trabalhistas e concursais.

Credores

Em 2017 a Rossi implementou um plano de renegociação de dívidas financeiras de R$ 1,66 bilhão ao Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Com essas medidas, a empresa conseguiu reduzir o passivo financeiro total em mais de 90%. Depois disso, a incorporadora passou a dedicar os seus esforços a tratar as contingências cíveis e trabalhistas – que se tornaram os principais credores.

“A pulverização dos credores e a sua agressividade nas negociações dificultaram a negociação bilateral com cada um deles, exigindo, em seu lugar, a adoção de instrumentos jurídicos de negociação coletiva, tal como o processo de recuperação judicial”, afirmaram os advogados.

Apesar da situação difícil, o grupo acredita na retomada futura dos negócios, considerando sua capilaridade no País e conhecimento que detém do setor imobiliário. Hoje o grupo tem 19 terrenos, com um valor geral de vendas estimado em R$ 1,9 bilhão com futuros projetos.

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Este texto foi publicado antes em:
https://einvestidor.estadao.com.br/ultimas/dividas-recuperacao-judicial/

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