Como foi o ano de 2024 para o mercado imobiliário? Especialistas analisam
Brasil viveu altos e baixos, mas termina ano com saldo positivo e baixas expectativas para 2025
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Entre expectativas e adaptações, o mercado imobiliário brasileiro termina o ano com o sentimento de dever cumprido. Enquanto oscilações inflacionárias e flutuações do dólar marcaram a economia, a venda de imóveis cresceu. O destaque fica para os números históricos no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
Minha Casa, Minha Vida
De acordo com um levantamento da Brain Inteligência Estratégica com 320 municípios, 2024 terminará como o melhor ano da história do mercado de apartamentos e casas novos. No total, foram mais de 380 unidades vendidas e 370 mil unidades lançadas no período. “O MCMV representou pouco mais da metade dos imóveis lançados e vendidos no ano”, acrescenta Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain.
Os movimentos do mercado imobiliário brasileiro em 2024 foram impulsionados por adaptações em programas habitacionais e melhorias no poder de compra da população. Em 2023, o MVMC passou por uma reestruturação que, entre outras medidas, determinou o aumento do valor de enquadramento dos imóveis para até R$ 350 mil e ampliou os subsídios para até R$ 55 mil.
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Não à toa, Coriolano Lacerda, Gerente de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo OLX, afirma que “graças a subsídios governamentais e taxas de juros reduzidas” este público é o que mais tem a comemorar em 2024. Soma-se a isso a taxa de desemprego chegando a 6,2% no terceiro trimestre do ano, a menor da história recente.
“Além disso, iniciativas regionais, como programas de incentivo no Ceará, reforçaram o acesso à moradia popular”, observa o executivo.
Alto padrão
Se a população que ganha até R$ 8 mil por mês pôde recorrer ao MCMV para realizar o sonho da casa própria, os brasileiros de altíssima renda não têm do que reclamar. No mercado de Médio e Alto Padrão (MAP) houve um aumento de 17,6% no valor total comercializado. Nos lançamentos, o segmento também registrou alta de 1,2%, segundo dados da ABRAINC.
Este público, bem menos impactado por crise econômicas e aumentos de preços, continuaram realizando investimentos e adquirindo imóveis em regiões valorizadas.
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“Podemos destacar alguns imóveis de alto padrão que, devido à localização privilegiada e sofisticação no projeto, conseguiram ser vendidos a um preço que chegou entre R$ 40 mil a R$ 50 mil o metro quadrado”, exemplifica Luiz França, presidente da ABRAINC.
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Isso se reflete nos resultados das empresas que atuam no setor. “Quando olhamos os dados das incorporadoras, vemos uma recuperação no número de lançamentos, depois de um momento negativo”, analisa Fábio Moraes, economista da E2+. “Nos últimos anos, o setor sofreu com alta de custos. Em 2024, os custos subiram numa velocidade mais estável”, aponta.
Araújo acrescenta que em 2024 os imóveis de altíssimo padrão tiveram um índice de lançamento cerca de 5% acima do ano passado e vendas mais de 10% acima do ano passado. “Representando, também, o melhor ano na história do Brasil para apartamentos novos acima de 3 milhões de reais”, indica.
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Médio Padrão
De um lado, os incentivos governamentais. De outro, o bolso cheio. No meio, um público mais dependente do crédito e que, seguindo a tendência de anos anteriores, sofreu em 2024: a classe média. “É o público mais sensível ao ciclo de crédito”, justifica Moraes. E o crédito imobiliário está diretamente ligado à Selic, pois é um dos indicadores utilizados pelos bancos para definir as taxas de financiamento.
Em meio a altas e baixas, o ano chega ao fim com uma taxa Selic de 12,25%, com expectativa de novas altas para 2025. “Altamente dependente da disponibilidade de crédito, a classe média tem enfrentado dificuldades devido às condições atuais de financiamento”, pontua Lacerda.
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“Muitos compradores potenciais, já vinculados a financiamentos imobiliários contratados em condições mais favoráveis no passado, têm optado por postergar a decisão de aquisição de novos imóveis. Esse comportamento limita upgrades de tipologia ou mudanças de localização, pressionando ainda mais esse segmento do mercado imobiliário”, adiciona.
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