Loteamento Urbano

Investimento estrangeiro impulsiona mercado imobiliário do litoral brasileiro

Movimento impacta aspectos financeiros e sociais de cidades litorâneas

Por:Breno Damascena 29/06/2023 3 minutos de leitura
cidades-litoraneas
Nos últimos quatro anos, houve um aumento de 450% nas vendas de imóveis para clientes estrangeiros em mais de 24 estados brasileiros/ Crédito: Divulgação

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A faixa de areia e o pôr-do-sol que ilustram os cartões-postais brasileiros estão com um sotaque cada vez mais internacional. Investidores estrangeiros estão de olho nos empreendimentos construídos nas cidades litorâneas brasileiras e fazem parte de um mercado que envolve cifras milionárias. O movimento impacta o desenvolvimento local, valoriza a região e vem gerando polêmicas sobre a ocupação de espaços. 

Um estudo realizado pela consultoria imobiliária VMV Real Estate Consulting mostra que nos últimos quatro anos houve um aumento de 450% nas vendas de imóveis para clientes estrangeiros em mais de 24 estados brasileiros. O levantamento traz que, antes deste período, apenas 3% das vendas de incorporadoras em cidades litorâneas eram para compradores estrangeiros, agora a média está em torno de 12%.

“Rio de Janeiro, Recife e Alagoas já são famosas por atrair investimento estrangeiro. Mas Troncoso, por exemplo, ninguém conhecia há 10 anos e hoje não cabe mais ninguém. Maranhão, Fortaleza, Recife e Rio Grande do Norte são os líderes de venda”, diz o sócio e fundador da VMV Real Estate Consulting, Marcelo Volker. 

Segundo ele, os investidores de Portugal e Espanha e Portugal lideram as compras. “O comprador faz uma proteção do seu patrimônio ao ganhar em euro e adquirir imóveis em real.”

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Perfil do investidor

De acordo com Volker, o público internacional que compra imóveis no litoral é composto, em sua maioria, por profissionais liberais estrangeiros que olham para o mercado brasileiro como fonte de renda. “Diferentemente do corporativo, é uma espécie de investimento emocional. São pessoas com família no Brasil ou que já viajaram para cá e se apaixonaram pelo litoral. Depois de comprar o apartamento aqui, colocam para alugar. Como a taxa de juros na Europa é muito baixa, não compensa colocar dinheiro no banco lá, então o valor do aluguel aqui rende mais.”

O crescimento no número de investimentos tem sido impulsionado por ações e iniciativas locais que fomentam este tipo de negócio. Além de serem cidades com grande fluxo turístico, bastante procuradas pelo setor hoteleiro e residencial, houve um avanço positivo da infraestrutura, aumento da malha aérea e um câmbio monetário que incentiva essas transações.

Marcelo Volker alerta para processo de “favelização” do litoral e defende auto responsabilidade de incorporadoras e do Estado / Crédito: Divulgação

Há ainda outro ponto favorável: o desenvolvimento tecnológico notável de imobiliárias e incorporadoras. “A possibilidade de comprar um imóvel de forma online acelera processos. Antes, o comprador precisava vir até o Brasil e enfrentar uma burocracia imensa. Agora basta entrar no site e enfrentar uma jornada digital”, afirma Volker. 

Riscos ambientais

O apelo da beleza das praias e o potencial turístico das cidades litorâneas fomenta um ambiente que pode ser segregador. Enquanto as costas são ocupadas por investidores estrangeiros e grandes incorporadoras, os antigos moradores destas regiões são empurrados para as periferias, onde as condições topográficas criam cenários que nem sempre são habitáveis de forma segura. 

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“Não existem políticas públicas claras de proteção ao meio ambiente no litoral. Atualmente, as únicas políticas que existem não requalificam o espaço, só recompensam. Se um comprador transforma todo o ambiente, ele planta árvores em outros lugares e está resolvido”, critica Volker. “Um grande investimento muda a dinâmica da cidade e é preciso pensar em estratégias para o impacto ser benéfico para a população.”

Volker cita o Residencial Alma Maraú, condomínio construído no município de Maraú, na Bahia, como exemplo positivo. Entre as iniciativas adotadas pela F2 Incorporadora, responsável pelo projeto, estão o compromisso de preservação de todas as árvores centenárias localizadas no loteamento e a realização de treinamentos para educar a comunidade que vive no entorno do espaço.

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