Na altura do número 5000 da Avenida Santo Amaro, uma estátua de 13 metros de altura dá boas-vindas a quem chega, no sentido bairro. Composta de argamassa e pedra e revestida de pedras coloridas de basalto e mármore, a homenagem ao bandeirante Borba Gato gera controvérsias estéticas e históricas. A Estátua da Liberdade santamarense, obra do escultor Júlio Guerra, para muitos é o grande símbolo de Santo Amaro. Trata-se de uma fama pouco justa para um bairro que, hoje, é um dos melhores lugares para viver em São Paulo.
De acordo com o Atlas do Trabalho de Desenvolvimento do Município de São Paulo, a área compatível com a subprefeitura de Santo Amaro é a terceira mais bem avaliada da cidade no Índice de Desenvolvimento Urbano (IDH), atrás somente de Pinheiros e Vila Mariana – a pontuação de 0,909 é similar à de países desenvolvidos como Japão e Áustria e superior à da França e Espanha. Daniel Höhne, gerente comercial, conhece bem as três regiões paulistanas mais bem posicionadas no ranking de qualidade de vida. Cresceu entre a Chácara Flora e a Granja Julieta, em Santo Amaro, mas, entre os 25 e 30 anos, morou ao lado do Parque do Ibirapuera e na badalada Vila Madalena. Hoje, aos 32, voltou ao bairro do coração.

“Santo Amaro tem tudo! A região se expande de forma orgânica, tem muito verde e é bastante segura”, explica Daniel, que vive com a namorada, Pamella Almeida. O casal tem na rotina passeios com seu cachorro da raça border collie pelo bem arborizado Parque Severo Gomes e jantares nas casas gastronômicas da região (confira algumas opções no quadro ao lado). “A oferta de bons restaurantes, lojas e bares cresce e é democrática: tem opções mais elitizadas e também comércio popular, no Largo 13 de Maio.” De inspiração italiana, a Casa Santo Antônio é o mais renomado dos restaurantes: há cinco anos figura na seleção Bib Gourmand, do Guia Michelin. Os vegetarianos Moinho de Pedra e Ambrósio se destacam na categoria comida saudável. E a dobradinha de bares Quintana e Veríssimo homenageia grandes escritores brasileiros com drinques e petiscos no Brooklin.
Ar europeu
A Rua Alexandre Dumas sedia as casas de tapas Maripili e Carmen La Loca, com comida espanhola e boa carta de vinhos, e a charmosíssima casa de chás Teakettle. Desde 2007, Sylvia Rodrigues serve mais de 100 tipos de infusão em um casarão com decoração e jardins com inspiração europeia. “Santo Amaro reserva ainda esse ar europeu. Há muitos estrangeiros que vêm para São Paulo e escolhem o bairro para viver: é perto dos escritórios da Berrini e tem qualidade de vida”, explica.
Sylvia, 69 anos, morou no Itaim Bibi até o início da década de 1990, mas se mudou para Santo Amaro em busca de um ambiente mais sossegado, e que oferecesse boa estrutura. Ela destaca três aspectos. O primeiro deles é a quantidade de ruas arborizadas. O segundo, a quantidade de serviços oferecidos: a aproximadamente 5 quilômetros do Largo 13, marco zero do bairro, são pelo menos oito shopping centers e um mercado municipal – o Mercadão de Santo Amaro está em reconstrução após incêndio ocorrido em 2017 e é a primeira concessão do plano de desestatização da atual gestão, por R$ 51 milhões. O terceiro é a diversidade de gente. Há de tudo em Santo Amaro: portugueses, alemães, ingleses, coreanos, baianos, mineiros, paraibanos. “Eu aprendo muito com todos. Com a chegada de cada um deles, trocamos hábitos e costumes”, conclui.

5 séculos de história
População indígena, imigrantes e trabalhadores industriais desenharam a geografia e as interações da região
“Tenho uma relação emocional com Santo Amaro. É onde meus avós de origem portuguesa viveram e onde meus avós alemães escolheram para morar”, conta Daniel Höhne. Esse é o resumo da colonização local. Portugueses chegaram primeiro e firmaram aqui um povoado, em 1552, dois anos antes da fundação oficial de São Paulo. No século 19, foi a vez dos colonos daquela região que hoje conhecemos como Alemanha chegarem a estas terras.
23/02/2020
Me foi muito útil saber mais sobre o bairro Santo Amaro, pois tenho família que mora no local. A história sobre a freguesia que se tornou cidade e hoje integra o município de São Paulo é muito interessante. Além disso acho o bairro bem arborizado, charmoso e com ótimas opções de entretenimento.