Arquitetura Sustentável

Em ritmo lento, Brasil avança na construção de prédios verdes

País aparece em top 10 mundial de construções sustentáveis

Por:Breno Damascena 27/02/2025 4 minutos de leitura
Relatório indica que empreendimentos verdes custam mais; executivos argumentam que valor compensa/ Crédito: Divulgação/GT Building

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Pouco a pouco, o verde começa a ganhar espaço no mar cinza do mercado imobiliário brasileiro. Segundo dados do U.S. Green Building Council (USGBC), o Brasil registrou um aumento de 5% na certificação de prédios sustentáveis. Apesar do avanço, País ainda engatinha no segmento e incorporadoras relatam desafios ao trafegar por águas inexploradas. 

Atualmente, o Brasil possui cerca de 2.400 construções certificadas ou em fase de certificação para o LEED, um selo concedido a empreendimentos que cumprem critérios de sustentabilidade, como mais áreas verdes, utilização de materiais sustentáveis na construção e até compensação de carbono. Só em 2024, 125 projetos receberam a qualificação – o melhor resultado da história.

No ranking global do ano, conquistou a 9ª posição em área total certificada. Foram mais de 2 milhões de metros quadrados certificados, o que posiciona o País atrás apenas do México na América Latina. 

“Existem projetos certificados em todos os estados e em cerca de 350 municípios”, observa Sandrino Beltrane, head de desenvolvimento de negócios do Green Building Council Brasil, organização responsável pela emissão dos certificados para projetos sustentáveis no País.

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“Hoje, o Brasil possui uma cadeia de stakeholders que engloba escritórios de arquitetura, construtoras, incorporadoras, fundos de investimentos, empresas de engenharia e consultorias que estão focadas no desenvolvimento destes empreendimentos”, complementa Beltrane. 

Sustentabilidade e eficiência energética

Para receber o selo LEED, o prédio precisa cumprir uma série de requisitos que tratam do uso de energia e água, gestão de resíduos, transporte, tipo de materiais, saúde dos moradores e a qualidade ambiental interna. Ganham pontos, por exemplo, prédios com tratamento de recicláveis, que implantaram energia solar ou que contratam fornecedores locais para evitar carregar matérias-primas por longas distâncias.

Ao cumprir estes parâmetros, o edifício recebe uma pontuação correspondente ao nível de certificação: Certified (40-49 pontos), Silver (50-59 pontos), Gold (60-79 pontos) e Platinum (80+ pontos).

Entre os 125 empreendimentos qualificados pela USGBC no Brasil em 2024, três são da GT Building, uma incorporadora de alto padrão de Curitiba que tem a preocupação ambiental como um dos pilares. A companhia adota uma série de práticas para alcançar este objetivo, como o uso de materiais mais sustentáveis durante a obra, o plantio de árvores e a compensação de carbono.

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“Desde a compra do terreno, estamos de olho nisso. Priorizamos locais com boa mobilidade e facilidade de acesso, para inibir o uso de carros. Durante a construção, adotamos soluções de eficiência energética, priorizamos ventilação natural nos apartamentos e temos uma gestão de resíduos que foca no reaproveitamento de materiais”, detalha Maurício Fassina – diretor de operações da GT Building. 

Desafios do segmento

O esforço sustentável, porém, se reflete no aumento de custos das obras e, por consequência, no preço dos imóveis. De acordo com um relatório da UK Green Building Council, um prédio residencial sustentável custa 3,5% mais caro que o prédio tradicional. O aumento é de 6,2% para prédios de escritórios.

+ Prédios corporativos investem em sustentabilidade para atrair multinacionais

Embora o investimento seja maior, os incorporadores calculam que o custo compensa a longo prazo. No entanto, ele admite que é necessário realizar um trabalho de convencimento para que os clientes aceitem arcar com estes custos para morar em um edifício mais sustentável. 

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A defesa dos prédios verdes se faz pela ideia de que o gasto inicial para a construção e compra dos prédios verdes se traduz em significativas reduções dos custos operacionais, como a redução de despesas como energia elétrica, água e até do ar-condicionado.

“Considerando um ciclo de vida de uma edificação em 50 anos, apenas 15% se refere à construção, 85% está na operação e manutenção do edifício ao longo da sua vida”, aponta Beltrane.

Além disso, o executivo alega que o amadurecimento do mercado está fazendo com que o custo extra de construção para um empreendimento que busca a certificação LEED caia. “Boas soluções em engenharia e arquitetura direcionam esses custos para baixo. No Brasil inclusive possui mais de 170 projetos certificados no nível Platinum e possuem viabilidade econômica”. 

Gilberto Kaminski, diretor Planejamento e Controle da Produção da Thá Engenharia, conta que demanda por prédios verdes aumentou depois da pandemia/ Crédito: Divulgação/Thá Engenharia

Apesar das exceções, porém, o conceito hoje é uma realidade prioritariamente para empreendimentos de alto e médio padrão. Segundo Gilberto Kaminski, diretor de planejamento e controle de produção da Thá Construtora, os projetos econômicos são direcionados, pelo custo de construção e preço dos apartamentos.

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Portanto, o aumento de gastos no desenvolvimento imobiliário tende a inviabilizar iniciativas no segmento. Por outro lado, ele argumenta que o tema já se tornou commodity entre as incorporadoras de alto padrão. 

“Estes empreendimentos possuem janelas maiores e vidros especiais. Assim, o morador consegue aproveitar a luz do sol evitando o gasto de energia para ligar lâmpadas de dia ao mesmo tempo que o apartamento não fica quente o suficiente para não gastar mais com ar-condicionado”, ilustra o construtor. “É uma melhora na qualidade de vida e no bolso”.

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