Moradia estudantil se torna negócio lucrativo para setor imobiliário
Atuando no segmento, Uliving prevê um crescimento de 34% em 2024
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Após realizar o maior sonho de sua vida e passar no vestibular, o estudante recém-ingresso no curso de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lucas Calil (18), precisaria se mudar para Porto Alegre em cerca de um mês. A jornada de São Paulo para terras gaúchas se tornou possível porque o jovem resolveu morar em uma moradia estudantil com outros universitários.
O trajeto, porém, não seguiu uma via tão tradicional. Ao invés de buscar uma república formada por estudantes, Lucas foi morar na Uliving Student Housing, uma empresa que profissionalizou a concepção de moradia estudantil. Ele agora paga cerca de R$ 1.600 para dividir um quarto com um amigo em um apartamento nos arredores da UFRGS.
“Morar sozinho seria muito caro, enquanto numa república tradicional não teria o conforto e a estrutura que este tipo de habitação me oferece”, defende o futuro médico. “É uma cidade em que eu não conhecia ninguém. Sou muito comunicativo, gosto de conversar e queria poder interagir com outras pessoas passando pelo mesmo processo que eu”, acrescenta.
Fundada em 2012, a Uliving se especializou em revitalizar prédios em áreas próximas de centros universitários e disponibilizar para moradia via aluguel. A empresa possui sete unidades espalhadas pelo País e uma atualmente em desenvolvimento. Além das acomodações, os prédios contam com cozinha compartilhada, churrasqueira e sala de videogame, entre outros espaços de convivência.
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Os edifícios possuem tipologias que vão de estúdios individuais a apartamentos com até 6 dormitórios. As mensalidades variam entre R$ 1.600 e R$ 4.000, em pacotes que incluem valor do aluguel, condomínio e internet. Atualmente, a companhia conta com 1.640 acomodações e prevê chegar ao final do ano com 2.191, um crescimento de quase 34%.
Para Ewerton Camarano, CEO da Uliving, o maior diferencial da modalidade de locação é o incentivo à vida além do apartamento.
“Queremos acompanhar a evolução do estudante durante a formação acadêmica. Nos primeiros semestres, ele tem uma vida social mais ativa. Ao longo do tempo, essa rotina vai mudando. Por isso, realizamos eventos sociais para integrá-los e disponibilizamos salas de estudo privativas que funcionam 24 horas, por exemplo”, pontua. “O objetivo é garantir que o ecossistema faz sentido para aquele universo de alunos”.
Nicho lucrativo
A Uliving atua de duas formas no mercado imobiliário: via retrofit, recuperando edifícios que já foram condomínios residenciais, escritórios ou hotéis; ou via greenfield, desenvolvendo o projeto desde o zero. O investimento financeiro da companhia, Camarano acredita, se justifica pelo potencial do negócio. “É um segmento mais estável que a hotelaria, por exemplo”, indica.
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“Nossos clientes ficam conosco durante todo o tempo de formação, o que nos garante uma previsibilidade maior de ganhos. Também é um mercado mais resistente a crises, afinal a maior parte dos aluguéis é financiados pelos pais ou pela família nuclear e a educação é uma das últimas coisas que as pessoas cortam nestes cenários, observa o executivo”.
Renovação de público
Outro ponto de atenção marcante para as empresas que atuam no segmento é a necessidade de renovar o público de tempos em tempos. As mudanças geracionais provocam transformações na comunicação, estimulam novos gostos e criam tendências. Não à toa, acompanhar esse desenvolvimento é apontado como um aspecto fundamental, principalmente as inovações tecnológicas.
“Na Uliving, por exemplo, todos apartamentos contam com controle facial e fechaduras eletrônicas, disponibilizamos vários links de internet, melhoramos a acústica e na unidade do Rio de Janeiro, até inauguramos um estúdio para gravação de podcasts”, exemplifica Camarano.
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