Dia do corretor: Quem são e por que alguém se torna corretor de imóveis?
“Super salários” atraem profissionais, mas quase 40% ainda dividem tempo com outras profissões
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O Dia do Corretor de Imóveis, comemorado nesta terça-feira (27), celebra uma profissão que acompanha como poucas as transformações da sociedade. Impulsionado por redes sociais, programas de TV e tecnologia, o corretor vem ganhando status, mais relevância e glamour. Enquanto isso, a flexibilidade de horários, o modelo de trabalho e os altos salários e comissões atraem cada vez mais profissionais.
De acordo com um estudo do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI), em parceria com o Cimi360, o Brasil possui hoje mais de 554 mil corretores de imóveis. A marca representa um avanço de 8% em relação ao mesmo período de 2023. Ainda assim, é comum que a profissão ainda seja vista como um “Plano B” por grande parte da população. Mas este cenário parece estar mudando.
Um estudo do Cofeci mostra que atualmente, 61% dos corretores se dedicam totalmente à profissão, enquanto 39% ainda conciliam a corretagem com outras funções, como advocacia, funcionalismo público e empresário. E, apesar da tarefa não demandar um curso superior, 62% são graduados em alguma especialidade. Este é o caso de Johny Dias, corretor de imóveis especializado no Minha Casa, Minha Vida.
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Formado em Engenharia de Alimentos, o profissional se apresenta nas redes sociais como o “corretor das causas impossíveis” e afirma que tem um papel social para cumprir. “Não se trata apenas de mais um imóvel na vida do cliente, mas sim do imóvel da vida dele. É fundamental conhecer o cliente no segmento econômico, pois cada detalhe da vida do cliente impacta no financiamento” observa.
Minha Casa, Minha Vida
“Às vezes, uma diferença de apenas 0,5% na taxa de juros pode proporcionar uma condição muito melhor para o cliente”, acrescenta Johny. Ao passo que o programa Minha Casa, Minha Vida se consolida como uma ferramenta substancial para a construção e entrega de moradias no Brasil, os corretores precisam se adaptar para atender bem a um público que depende de crédito e flexibilidade.
Johny conta que é comum que os seus clientes não possuam formação técnica para entender o processo de compra e ele se torna um ator relevante nesta etapa. “Trata-se de um cliente tão economicamente vulnerável que, se conseguir a aprovação, precisa de muita orientação da nossa parte. Hoje percebo que temos um papel social a cumprir”, analisa.
Em contrapartida, ele afirma que a profissão o ajudou a mudar a própria realidade e a da sua família. Apesar disso, comenta que é importante não considerar os melhores meses como uma renda constante. “Temos que sempre ter uma reserva para os meses em que vendemos menos”, alerta.
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Super salários e alto comissionamento
Existem diversas motivações por trás deste movimento de pessoas que enxergam a profissão do corretor como um caminho plausível. Nenhuma delas, porém, é tão significativa quanto a possibilidade de ganhar muito dinheiro. O estudo da Cofeci mostra que essa é a justificativa para 33% dos corretores terem buscado a profissão, ao passo que 8% dizem que viram seus amigos ou colegas faturando alto.
Por que virou corretor?
Porque é uma oportunidade de ganhar muito dinheiro | 33% |
Porque minha família é do ramo | 11% |
Começou a gostar da área | 10% |
Porque viu seus amigos ou colegas faturando alto | 8% |
Acaso | 7% |
Outros motivos | 31% |
O mundo real, entretanto, oferece caminhos bem menos lucrativos do que as idealizações. O cenário mais comum é que os corretores não recebam grandes salários das imobiliárias, além de uma ajuda de custo. O maior ganho, de fato, advém das comissões que os profissionais recebem ao intermediar a venda de imóveis.
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“Um bom corretor no mercado de alto padrão, que vende até R$ 50 milhões em um ano, consegue alcançar um faturamento de até R$ 5 milhões. Mas é claro que são poucos que atingem esta faixa”, observa Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s, imobiliária especializada no mercado de altíssimo padrão. “É uma realidade bastante desafiadora, em um segmento muito restrito”, aponta.
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De fato, a imobiliária atende apenas imóveis avaliados em mais de R$ 2 milhões. Os clientes, portanto, não são tão abundantes quanto o segmento econômico. “Via de regra, não é o primeiro, nem o segundo imóvel que eles estão comprando. Então o nível de exigência e sofisticação é muito grande. Muitas vezes, o comprador é assessorado por arquitetos, paisagistas e advogados no processo”, enumera o executivo.
O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo (CRECI-SP) define que a comissão do corretor de imóveis é de 6% a 8% para a venda de imóveis urbanos e o valor equivalente a um mês de aluguel para a intermediação deste tipo de negócio, por exemplo. Estes valores também podem ser negociados pelo corretor com a imobiliária ou com o próprio proprietário do imóvel caso ele seja autônomo.
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Neste caso, os “super salários” não são uma realidade para uma minoria. Apenas 19% dos respondentes possuem rendimentos mensais acima de R$ 10 mil, segundo dados da Toro Investimentos. Apesar disso, 90% dos respondentes da pesquisa ganham mais de R$ 3.422, a renda média mensal do brasileiro. Mas aqueles que se destacam no mercado imobiliário de luxo conseguem surfar em grandes faturamentos.
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Em entrevista ao Estadão Imóveis este ano, Sophia Martins, corretora e empresária do setor imobiliário, destacou a venda de um imóvel de luxo no litoral de Santa Catarina avaliado em R$ 20 milhões. “Um corretor especializado em propriedades de praia vendeu a propriedade a um cliente internacional. A comissão foi acordada em 4% e ele recebeu R$ 800 mil pela negociação”, exemplifica.
Por que as pessoas contratam os corretores?
Ao passo que os altos salários, a flexibilidade de horários e o formato de trabalho atraem os corretores de imóveis para a profissão, o que justifica que pessoas comuns contratem os corretores? Um estudo realizado pelo Grupo OLX, mostra que 87% das pessoas que lidam com corretores de imóveis – sejam proprietários ou quem está em busca de um lar – consideram o profissional importante ou muito importante nas transações.
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O levantamento também mostra que para 24% das pessoas que estão em busca de um imóvel, a negociação com o proprietário é a tarefa mais importante do corretor de imóveis. Para 23%, a fase mais importante é a visitação dos imóveis desejados, enquanto 18% destacam o fechamento do contrato. No entanto, 46% dos respondentes afirmam que o corretor é importante em todas as etapas deste processo.
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A agilidade do corretor de imóveis para responder mensagens e tirar dúvidas é a característica mais exaltada por quem está procurando um imóvel. De acordo com a pesquisa, este é o item mais importante para 54% dos entrevistados. Para 48% dos respondentes, é interessante o profissional ter bons imóveis em seu portfólio, enquanto 42% considera a capacidade de negociação como fundamental para esses profissionais.
“É fundamental que os corretores estejam preparados para ajudar na decisão de compra, conhecendo arquitetura de autor, aspectos da vizinhança e tendências de decoração, por exemplo”, analisa Romero. “Ele também precisa estabelecer uma conexão com os clientes, fomentar uma rede de contatos e se especializar em um nicho, como um bairro específico, para prestar o melhor atendimento”.
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