Como a arquitetura da aflalo/gasperini impacta a silhueta de São Paulo
“Quando você é refém de um padrão estético, não busca inovação”, defende sócia do escritório de arquitetura
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Em 1962, os arquitetos Plínio Croce, Roberto Aflalo e Gian Carlo Gasperini se uniram pela primeira vez. Mais de 60 anos depois, a aflalo/gasperini, escritório que surgiu como fruto deste encontro, tem sua assinatura em alguns dos prédios mais icônicos de São Paulo.
Em uma história que se entrelaça com a trajetória econômica e de mudanças de comportamento da população brasileira, a companhia projetou diversos edifícios que ajudam a formar a silhueta da capital paulista. Da imponência do Passeio Paulista, na Rua da Consolação, à geometria do Hotel Fasano, o escritório percorre traços que passam por prédios de uso comercial, residencial, misto, hotéis e até escolas.
A diversidade de atuação e de projetos são resultados de uma empresa que aprendeu a entender o mercado imobiliário e desenvolver projetos que se adequam as demandas de grandes incorporadoras e instituições. “Quando você é refém de um padrão estético, não busca inovação. Nós tentamos praticar os princípios da boa arquitetura dentro da nossa procura por oportunidades”, analisa Grazzieli Gomes Rocha, sócia da aflalo/gasperini.
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“A chegada de uma nova geração no mercado, o aumento de pessoas viajando pelo mundo e a mudança de legislação, por exemplo, são fatores que colaboram para uma grande transição da arquitetura. Isso se reflete na tendência para prédios mistos”, contextualiza a arquiteta.
Com 44 anos, Grazielli conta que sua ascensão a sócia do escritório representa um movimento da empresa para mostrar ao mercado que eles continuam jovens.
Ao lado de José Luiz Lemos (46), ela assumiu o cargo societário em 2012 e faz parte da terceira geração de sócios do escritório. São os primeiros a ocuparem o cargo após processo seletivo entre os colaboradores da companhia, simbolizando o processo de profissionalização da empresa.
O quadro de sócios é composto, ainda, por dois remanescentes da segunda geração, Luiz Felipe Aflalo Herman (68) e Roberto Aflalo Filho (71), herdeiros dos fundadores.
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Uma arquitetura em transformação
Atualmente, a aflalo/gasperini conta com 70 funcionários e 1.400 obras no portfólio. Ao acompanhar tantas ondas do mercado imobiliário, Felipe afirma que o momento nunca foi tão positivo para a arquitetura. “Antes você precisava viajar para ter outras referências, conhecer coisas novas e a observar as mudanças nas dinâmica das cidades. Hoje, a informação é democratizada”, defende o arquiteto.
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A perspectiva dele é que a tecnologia e a globalização tornaram os profissionais mais qualificados e os clientes mais preparados para ideias inovadoras. “Quando o desejo das pessoas muda para uma arquitetura melhor, os arquitetos precisam ser melhores”, acrescenta. E esta imposição, o executivo acredita, se reflete em transformações técnicas do setor.
“A preocupação com a segurança, por exemplo, fomentou o surgimento de prédios que estimulam um movimento 24 horas por dia, mesmo que seja o vendedor de cachorro-quente no térreo”, ilustra Felipe. “Outro exemplo é que antigamente a melhor sala do escritório era a do presidente, hoje as áreas com mais verde são as copas”, compara.
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No entanto, ele destaca que um dos maiores símbolos dessa transição é a tendência de construção de prédios de uso misto.
Prédios de uso misto são empreendimentos que tentam mesclar diversas finalidades urbanas em um mesmo projeto. Na prática, são prédios que reúnem, por exemplo, apartamentos residenciais, salas comerciais e até opções de lazer. A proposta destes espaços é justamente diminuir os tempos de deslocamento, congestionamentos e outros problemas típicos de grandes cidades.
Para Grazielli, estes prédios contribuem com a evolução da profissão. “A boa arquitetura estimula a conectividade urbana e desenvolve prédios que são convidativos para as pessoas”, conceitua. Enquanto se adapta a este novo modelo de edifício se multiplicando pelo País, a aflalo/gasperini já antecipa tendências que devem surgir nos próximos anos.
A arquitetura do amanhã
O escritório possui 38 projetos com certificação LEED (Leadership in Energy & Environmental Design), selo que classifica prédios sustentáveis no mundo. E essa demanda, na visão deles, deve se tornar cada vez mais forte. “Como você cria um prédio de grande magnitude, mas que tenha leveza e que respire”?, questiona a arquiteta. Outra visão de futuro passa pelo próprio processo construtivo.
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Diversos atores do mercado imobiliário, entre incorporadoras e construtoras, também já alertaram para a ausência de mão de obra nos canteiros. Com o avanço da tecnologia, muitos trabalhadores da construção civil preferem recorrer a outros tipos de trabalho, tornando o setor carente de profissionais.
Para os arquitetos da aflalo/gasperini, é questão de tempo para a construção se tornar uma linha de montagem, com uma prática modular e industrializada.
Entre tantas mudanças esperadas para os próximos anos, Grazielli indica que o movimento está sendo desenhado por uma maior percepção do papel da arquitetura nas cidades. E um dos símbolos desta perspectiva são as escolas.
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O escritório foi responsável pelo projeto de escolas de renome da capital, como o Colégio Bandeirantes e a Escola Avenues. “Nota-se que as grandes escolas estão preocupadas com a convivência, com o contato com a natureza e entre os estudantes. Elas não aceitam um projeto sem iluminação natural, grandes janelas e o verde em destaque”, pontua a arquiteta.
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