Cidades Inteligentes

Fachadas ativas renovam a paisagem urbana e melhoram a passagem de pedestres

Mobilidade, segurança e acesso a produtos e serviços são o principal objetivo das construções de vocação mista

Por:Breno Damascena 27/06/2023 3 minutos de leitura
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Fachadas ativas ajudam a tornar as cidades mais acessíveis para todos/ Crédito: Getty Images

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Construir cidades para pessoas é um desafio em ambientes urbanos tão adaptados aos automóveis. Entre os artifícios adotados por governos e entidades para atingir esse objetivo estão as fachadas ativas: um planejamento arquitetônico que transforma o térreo de prédios residenciais em pontos comerciais, estimulando a interação social entre o espaço privado de um empreendimento e os pedestres que caminham na calçada.

“As fachadas ativas promovem usos mistos do bairro e estimulam a vitalidade das ruas”, alega Renata Sanchez, Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP e Consultora de Impacto Urbano na Ilion Partners. “É evidente que uma pessoa prefere andar em uma calçada que tenha vitrines, iluminação e pessoas circulando do que em uma calçada rodeada por muros, grades e descampados”, exemplifica.

Na visão de Sanchez, a intervenção urbana é capaz de exercer impacto positivo em aspectos como sensação de segurança, praticidade, valorização imobiliária e até mobilidade. “Ao longo de eixos de transporte, as fachadas ativas podem fazer parte de uma série de atividades dos usuários do transporte público”, comenta. “Antes de pegar o ônibus, por exemplo, posso passar naquela farmácia ao lado do ponto.”

Plano diretor recomenda fachadas ativas

Diante dos benefícios possíveis das fachadas ativas, elas ganham protagonismo na cidade de São Paulo, incentivadas pela Lei de Zoneamento e pelo atual Plano Diretor. De acordo com o SECOVI-SP, dos 931 lançamentos imobiliários residenciais na capital paulista em 2021, 137 (15%) contaram com essa intervenção. “O movimento é parte da ideologia urbanística em vigor atualmente”, conclui Sanchez.

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A incorporadora VitaUrbana é uma das companhias que se favorecem desse estímulo para levar aos seus empreendimentos um diferencial de mercado. “Acreditamos em centros comerciais descentralizados, com menos trânsito e tudo o que a pessoa precisa a uma caminhada de distância”, esclarece André Kovari, sócio da companhia. “É um benefício tanto para o morador quanto para os vizinhos.”

Benefícios para o condomínio

A empresa possui prédios em desenvolvimento nos bairros da Vila Madalena, Vila Mariana e Santa Cecília. Além da fachada ativa, são empreendimentos próximos de estações de metrô e que não possuem vagas de estacionamento. “Está no centro do nosso negócio a ideia de fazer os moradores viverem a cidade”, defende Kovari.

A empreendedora Renata Moriyama, de olho nas promessas da iniciativa, adquiriu uma das lojas comerciais do VitaUrbana na Vila Madalena pagando R$ 15 mil por metro quadrado. “As casas estão sendo substituídas por prédios, então as fachadas ativas contribuem para devolver os comércios de rua, que são muito úteis para os moradores do bairro, além de darem um charme para uma região residencial”, acredita.

Edifícios com fachada ativa também atraem a atenção de empreendedores/ Crédito: Divulgação VitaUrbana

“As facilidades desse instrumento garantem aos moradores do bairro mais segurança, ajudam a reduzir os deslocamentos na cidade e a fruição pública”, assegura Felipe Cordeiro de Oliveira, Gerente de vendas do segmento Não Residencial da Tarjab.

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Flexibilidade e planejamento de longo prazo

As fachadas ativas são ferramentas capazes de promover o surgimento de espaços mais acolhedores e caminham na direção de um urbanismo mais sustentável. Na visão de Renata, porém, os incentivos à intervenção devem ser acompanhados de outras ações. “É importante ter flexibilidade. Os negócios mudam, a economia flutua e, se não houver planejamento, veremos vários espaços comerciais de portas fechadas”, afirma Renata. 

“Precisamos ter fachadas ativas, mas é importante entender se determinada área terá a demanda por usos comerciais e quais usos, os horários de funcionamento e como estimular os fluxos que acontecem na região”, adiciona. “Pode ser que determinados tipos de comércio não funcionem sem vagas de garagem, pelos produtos que vendem, por exemplo.”

Otavio Zarvos, sócio fundador da Idea!Zarvos, acredita que uma solução poderia vir da própria comunidade. “Cada bairro ou prefeitura indica o tipo de comércio necessário e que está faltando naquela região. Assim conseguiríamos planejar o empreendimento com uma fachada ativa para este determinado fim”, sugere. E esse espaço não teria a obrigação de ser utilizado necessariamente para comércios. 

Especialistas sugerem que a fachada ativa vai além da criação de restaurantes, bares ou padarias. Elas devem influenciar relações sensoriais e sociais. “Marquises que permitem a pausa para uma conversa protegida do sol, esculturas, pinturas e detalhes arquitetônicos que atraiam o olhar, além de outros espaços de convívio, como pequenas praças e bancos”, enumera Sanchez.

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