Alguns dos mais icônicos prédios de São Paulo são condomínios com unidades comerciais e residenciais. O Copan, na Avenida São Luís, e o Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, são exemplos de edifícios marcantes não só pela arquitetura, mas pela multifuncionalidade. Essa proposta de uso misto nunca saiu totalmente de cartaz na cidade, mas nos últimos anos vêm chamando a atenção das incorporadoras, que preparam lançamentos.
Em parte, elas são estimuladas pelo Plano Diretor de 2014 e também pela demanda das regiões, por conta da mobilidade numa cidade do tamanho de São Paulo. O Plano Diretor de 2014, com a finalidade de estimular a descentralização da capital, deu vantagens às incorporadoras que destinassem 20% dos edifícios para uso não-residencial. Em áreas próximas do metrô, por exemplo, elas não pagam a outorga onerosa (custo para poder construir além do coeficiente permitido por lei) da parte usada para comércio e serviços nas construções mistas. “A mobilidade é uma das razões para o Plano Diretor incentivar o uso misto. Mas há uma falha para este conceito funcionar, que é o problema do transporte público”, diz Carlos Borges, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação).
Não há dados que determinem se cresceu ou não o número desses imóveis nos últimos anos, já que as informações de licenciamento não especificam o que é um prédio de uso misto. Mas o fato é que as construtoras estão de olho no filão, combinando residência com escritórios, hotel, consultório e lojas.
Pelo menos seis lançamentos com o conceito ocorreram no último ano ou estão planejados até 2020. A incorporadora SKR tem três projetos em andamento que aliam torres residenciais com lojas no térreo, nas zonas oeste e sul da capital. Outro mixed use é o Cidade Matarazzo, do grupo Allard, em construção nas proximidades da Av. Paulista, que vai reunir hotel, flat, salas corporativas e serviços.