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Quarentena em um compacto: novas rotinas e paciência

Cumprir o isolamento em um espaço com menos de 30m² é um desafio que exige criatividade e colaboração entre vizinhos

Por: Da Redação 22/05/2020 3 minutos de leitura
Ariana Lima, moradora de um compacto de 29m²: grupos de mensagens, chamadas de vídeo e boa vontade reforçam os laços no condomínio/ Foto: arquivo pessoal

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Copa, lavanderia, coworking, sala de TV – tudo compartilhado e bem equipado, além da localização privilegiada, que facilita a mobilidade. Foi desta forma que os apartamentos compactos conquistaram a preferência de quem estava em busca da casa própria. Mas viver um período de isolamento social que já dura dois meses no Brasil não estava nos planos de quem investiu na ideia de morar em espaços que variam entre 14m² e 30m².

No condomínio em que a fotógrafa Ariana Lima, de 36 anos, mora na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, as áreas comuns como academia e piscina estão fechadas, mas a lavanderia continua funcionando de acordo com as regras de distanciamento. Para ela, que já tinha o hábito do home office, produzir de casa não é nenhum desafio. “Trabalho com moda, viajo muito e já me adaptei ao espaço pequeno. Hoje consigo fazer chamadas com meus funcionários e clientes do mundo todo”, conta.

Apesar da falta de contato com os vizinhos, o convívio entre eles não foi inteiramente comprometido. Na tentativa de aliviar o estresse da quarentena, Ariana teve a iniciativa de fazer lives entre os moradores e, desde então, a relação só melhorou. “Nós temos um grupo, uma comunidade do nosso prédio, a gente se integra muito. A minha bicicleta mesmo está à disposição para quem quiser”, afirma.

Depois da primeira transmissão, no começo de abril, em que a fotógrafa conseguiu reunir mais de mil espectadores enquanto ensinava uma receita no Instagram da Vitacon, construtora responsável pelo condomínio, outros moradores resolveram aderir às novas formas de interação. “Eu falo sobre lifestyle, mas tem rodadas de negócios, em que alguns vizinhos ensinam como investir nesse momento de crise, e o médico que dá dicas de saúde, além de esclarecer dúvidas sobre o coronavírus”, conta.

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A fotógrafa também passou a compartilhar vídeos da rotina de treinos que faz em casa, no espaço que adaptou para acomodar um aparelho de exercícios. Para ela, que deixou uma casa de 170m² para morar em um apartamento de 29m², o momento é de reflexão. “A gente tem que aprender a viver a vida que escolheu. Tenho amigos que moram em apartamentos imensos e estão desesperados por não poderem sair.”

Por outro lado, Valter de Oliveira, de 52 anos, que mora em um studio de 14m² no Bom Retiro, no centro da capital paulista, sente falta de quando podia caminhar pelo bairro e aproveitar os espaços culturais da região. Enquanto encara o home office, a alternativa foi procurar se reinventar. “Você tem que estar predisposto a morar em um apartamento pequeno. Agora é um desafio muito maior, eu tenho que achar soluções, criar rotinas, o que parece quase impossível num espaço de 14m².”

Uma das ocupações de Valter é tentar manter a casa sempre limpa, já que, segundo ele, não há como mudar de lugar quando pretende fugir da bagunça em algum cômodo. “Na hora de fazer comida num ap desse tipo, tudo o que você faz já tem que guardar. Minha cozinha fica ao lado da cama, praticamente. Exige uma disciplina mental”, conta ele, ressaltando que a leitura também se tornou uma grande aliada nesse período.

Futuro dos compactos

Mesmo que a pandemia tenha mudado a forma como as pessoas utilizam o espaço doméstico, para Alexandre Lafer Frankel, CEO da Vitacon, os apartamentos compactos não perderam a vez no mercado imobiliário, mas a locação deve assumir o lugar da compra. “Existe um outro lado da moeda: depois que esse momento passar, as pessoas estarão afetadas economicamente. Mesmo que desejem um espaço maior, o bolso vai estar bastante machucado. Não vão querer assumir o compromisso de uma compra a longo prazo”, avalia.

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Para ele, o novo desafio das construtoras é fazer com que as áreas compartilhadas entre os moradores possam, também, oferecer o uso individual. “É possível compartimentar as áreas comuns para que preservem o isolamento entre as pessoas. Separar em salas menores até mesmo a academia, por exemplo.” Outra saída apontada por Frankel é a de investir em áreas projetadas especialmente para trabalho dentro do apartamento, com boa conectividade e mesas generosas que facilitariam o home office.

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