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“Jogaram confete no meu olho!”

Confira histórias de quem já passou apuros no Carnaval e, na hora da folia, prefere o bloquinho do Sofá & Eu

Por: Da Redação 21/02/2020 5 minutos de leitura
Carnaval de rua cresce em número de adeptos e gera controvérsia em bairros residenciais/ Crédito: Getty Images

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Quem não gosta de Carnaval tem, no mínimo, três coisas em comum: não gosta de multidão, não gosta de barulho e não gosta do calor. “Tudo isso junto e a vontade que me dá é de fugir mesmo”, conta Carolina A.*, de 39 anos. Morando fora do Brasil desde 2006, normalmente nem nota quando a data tão esperada por milhões de brasileiros finalmente chegou! “Eu moro na Inglaterra, o Carnaval pra mim passa batido e eu penso ‘ah, que bom que eu não tô no Brasil’.”

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informa que, em 2020, o evento deve movimentar R$ 8 bilhões, aumento de 1% sobre a receita de 2019. E tem coisa melhor do que ficar de pé por muitas horas entre pessoas vestidas de um jeito esquisito, suando e bebendo? Pra Carolina, tem sim! Ficar escondida dentro de casa. “Meus pais tem casa no interior e é pra lá que a gente tá indo. Faço maratona de seriado, costuro, aproveito para colocar a leitura em dia, churrasco, ficar na piscina. Este ano calhou de eu visitar a família nesta época. Vou aproveitar para ficar com eles e conversar muito. Eu faço de conta que o Carnaval nem existe.”

Todos os limites e novos recordes

Para quem está em São Paulo, a paz do doce lar deve ser sacudita pelos novos recordes. Este ano, São Paulo terá o maior Carnaval de rua de sua história – e segue, por mais um ano, como o maior do Brasil. De acordo com a estimativa da Secretaria Municipal de Cultura, a soma das festas do pré-Carnaval, do pós-Carnaval e dos quatro dias de folia irá computar 15 milhões de pessoas, 1 milhão a mais que em 2019. Além disso, São Paulo ultrapassou Rio de Janeiro e Salvador e é hoje o principal destino entre os brasileiros. A prefeitura da cidade informa que espera movimentar R$ 2,6 bilhões – incremento de R$ 300 milhões sobre o ano anterior.

Jéssica V.*, de 30 anos, dá de ombros. “Eu falo que estou me tornando o Grinch do Carnaval. Pode procurar. Você não vai achar alguém que goste menos do que eu.” Moradora da região central da cidade, ela conta que sofre para sair de casa e voltar ao final do dia, por causa dos bloqueios na região da Bela Vista. “Os blocos aqui foram tomando força. Cada ano mais e mais blocos fechando mais e mais vias. Minha rua fica cheia de xixi, vômito, garrafa, barulho.” Ela conta que na quarta-feira do dia 19, antes, portanto, das festas oficiais, gravou um vídeo da movimentação. “Eram 23h17 e tava passando um bloco na minha rua, com música alta. Pra mim já ultrapassou todos os limites do aceitável. Não deveria estar acontecendo assim.”

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Para os dias de folia, quando nem os ônibus conseguem circular ali, a estratégia precisa ser bem planejada: Jéssica espera o intervalo entre blocos para dar uma saidinha, comer alguma coisa, ir ao cinema. No resto do tempo, evita circular. “Fico com meus gatos, meu marido, durmo um pouco para tentar colocar o sono em dia, cozinho alguma coisa diferente, vejo filmes e tento organizar alguma baguncinha.” Os gatinhos Guiguinho, Nicole, Cookie, Sarkozy e Petresko parecem aprovar o plano. “E eu fico meio nervosa, porque você não pode falar mal. Tem gente que brota do bueiro dizendo ‘meu Deus, não, mas é uma manifestação cultural brasileira! É folia! Você é amarga!’ Aí que eu fico amarga mesmo! Não pode nem reclamar. Tem que achar tudo lindo.”

“Socorro, eu vou morrer!”

Para Alessandra D. S. Dourado, 42 anos, também não é nada lindo, não. Moradora de Santo Amaro, ela afirma não gostar “do conjunto da obra” desde pequena. “Eu fui na gravação do clip do Hermes e Renato, no Carnaval de 2015. Era num bloquinho de rua. Foi uma experiência que não pretendo ter novamente. Fiquei só para a gravação e fui embora assim que acabou. Foi horrível ficar no meio daquela muvuca!” Passar muitas horas na estrada para viajar também não é exatamente uma boa ideia para a família. Filmes, videogame, séries e jogos de tabuleiro complementam os pedidos de comida por aplicativos. “A gente evita congestionamento, lugar cheio. Acho que tô velha para aventuras. Meu filho de 13 anos sofre com isso, mas quando ele for maior, daí ele aproveita essas loucuras.”

Fã de rock, Rodrigo Lopes, 43 anos, toca guitarra desde os 12. Com 7 anos, foi entrar no salão da escola onde estava acontecendo a festinha de Carnaval das crianças. Um menino se escondeu e, na hora em que o amigo estava entrando, jogou confete na cara dele. “Aí a minha festa virou a tia da escola com uma pinça tentando tirar confete de dentro dos meus dois olhos. Mas não é por isso que eu odeio o Carnaval.” Em 2018, indo para um churrasco na casa de um amigo, Rodrigo ficou entre duas multidões: uma que tentava sair da linha amarela do metrô de São Paulo e outra que chegava da linha verde. Na confusão, uma senhora gritava por socorro dizendo que iria morrer enquanto foliões jogavam catuaba na geral. “Ela devia ter, sei lá, um metro e meio, uma senhorinha de uns 70 anos. Realmente deu medo. Isso, na verdade só contribuiu para eu detestar Carnaval, sabe?”

Para o feriado, a receita é ver filmes, fazer um churrasco, receber amigos. “Nada muito diferente do que eu faria em outros feriados.” Apesar disso, Rodrigo conheceu uma carnavalesca, por quem se apaixonou perdidamente. Contra todas as expectativas, este ano resolveu dar uma chance ao Carnaval em nome do amor. “Não tá sendo nenhum sacrifício, senão eu não iria, né? Bloco, eu só fui em um, no Pasmado, domingo, e achei legal. Mas se eu achei que foram muitas horas? Olha, achei um pouco excessivo, sim. Podia ser menos.”

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*nome fictício por medo de represálias carnavalescas

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