Metade das pessoas em home office fizeram mudanças em casa para trabalhar
Levantamento mostra que 18% compraram equipamentos novos e 16% compraram móveis
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Durante a pandemia, o analista de planejamento Matheus de Lisboa (22) começou a trabalhar em home office no quarto que dividia com o irmão na casa dos pais, em Santo André, na Grande São Paulo. Em pouco tempo, eles sentiram que dormir e trabalhar no mesmo quarto diminuía a produtividade da dupla, então decidiram transformar a sacada do imóvel em um escritório improvisado.
“Colocamos um vidro, construímos uma mesa e tentamos montar um local de trabalho trazendo equipamentos que melhoram a ergonomia”, enumera Matheus. Há cerca de um ano, os irmãos decidiram sair da casa dos pais e se mudaram para um imóvel em Mauá. “Repetimos o mesmo processo e construímos o escritório na sacada do apartamento, integrado com a sala e com a sala de jantar”, resume.
O movimento realizado pelo jovem não é raro. Adaptar o próprio imóvel para se adequar ao modelo remoto e híbrido de trabalho se tornou comum no mercado imobiliário. De acordo com um levantamento realizado pelo QuintoAndar e pelo Imovelweb, metade da população que mora nas capitais do Brasil e trabalham de forma remota pelo menos um dia da semana, tiveram que fazer adaptações em casa. São pessoas que, assim como Matheus, precisaram realizar uma mudança ou reforma para atuar em home office ou trabalho híbrido.
O estudo mostra que 6 em cada 10 brasileiros trabalham de casa pelo menos um dia da semana. Dentre eles, exatamente 50% de quem atua desta forma afirma ter feito alguma transformação no imóvel.
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– 18% compraram equipamentos novos
– 16% compraram móveis
– 15% contrataram uma internet de melhor qualidade
– 14% ampliaram o cômodo
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– 13% mudaram a finalidade do cômodo que virou escritório
– 11% compraram objetos de decoração
– 9% fizeram uma reforma estrutural
– 4% fizeram outro tipo de melhoria
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“A pandemia fez com que as pessoas ressignificassem a moradia. A casa passou a ser – muitas vezes de forma compulsória – um local de trabalho. Muita gente se adaptou como podia, seja liberando algum espaço extra no quarto, seja transformando um cômodo em escritório, seja reposicionando móveis ou redecorando o ambiente”, observa Thiago Reis, gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.
A tendência, entretanto, é que o movimento continue mesmo com o fim da crise sanitária. A pesquisa mostra que 56% dos entrevistados que hoje trabalham no regime remoto ou no regime híbrido, ainda gostariam de fazer uma mudança ou reforma em algum espaço da casa pensando no trabalho. “O modelo permite que consiga conciliar o trabalho com outras tarefas”, defende Matheus.
Ele explica que o fato de estar em casa durante o horário comercial torna a ida para a faculdade mais fácil. “Além disso, permite que eu faça exercícios, consiga ir em consultas e demais compromissos rápidos do cotidiano sem ter que ficar pedindo ausências durante o trabalho”, acrescenta.
Onde trabalhar no home office
Entre os respondentes do estudo, 40% dizem que utilizam um cômodo exclusivo para trabalhar, como um escritório. Outros 27% trabalham em um cômodo compartilhado dentro da casa (como a sala de jantar, por exemplo); 8% trabalham em um local fora da casa, como a garagem. Enquanto isso, 30% dizem não ter um local específico para trabalhar e ocupam um lugar dependendo da situação e do horário.
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Entre as respostas, 24% dos entrevistados dizem que o espaço/cômodo utilizado para trabalho atualmente não existia antes e 48% compartilham o lugar com outras pessoas. Para Thiago, os números remetem à percepção de que o ambiente criado para o home office ainda denota um local improvisado. “7% dos entrevistados dizem que o cômodo ou o espaço em que trabalham já existia antes. E a gente sabe que são poucas as residências que contam com um escritório, de fato”, exemplifica.
“Não à toa, entre os que ainda sonham em fazer alguma mudança, 11% dizem que o objetivo é transformar algum cômodo em escritório, 11% planejam fazer uma reforma estrutural e 13%, ampliar o cômodo. Há ainda 17% que pretendem comprar móveis novos e 16% querem comprar novos equipamentos”, adiciona o gerente de dados.
Apesar disso, 56% dos respondentes acreditam que o espaço que utilizam é “muito adequado” e 17%, “adequado” para o trabalho remoto. “Isso diz muito sobre a cultura do brasileiro, de se adaptar quando é preciso”, acredita Thiago.
Mudar por causa do trabalho
O retorno ao trabalho presencial e remoto também já começa a impulsionar mudanças no setor. De acordo com a pesquisa, 35% dos entrevistados dizem que “certamente” ou “provavelmente” irão se mudar de casa nos próximos 12 meses, principalmente por causa do trabalho atual.
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Destes, 41% dizem que pretendem morar “muito perto” e 48%, “perto”, da empresa. Apenas 11% dizem que devem buscar um lugar “longe” ou “muito longe” do escritório. “Os dados reforçam a tendência ao trabalho híbrido. Antes da pandemia, apenas 12% atuavam nesse regime nas capitais. Hoje, são 37%. O setor imobiliário e as empresas precisam entender as novas necessidades deste público”, afirma Thiago.
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