Especial
Conteúdos Especiais
Castelos brasileiros se tornam escola de magia em turismo de experiência
Imóveis abrigam a Escola de Magia e Bruxaria do Brasil, com eventos imersivos baseados em literatura fantástica
Por: Breno Damascena . 27/03/2023 - 3 minutos de leitura
Publicidade
Imagine um mundo onde bruxas são reais, é possível aprender a fazer poções mágicas e ter aulas de alquimia vestindo uma capa colorida e segurando uma varinha de madeira enquanto caminha pelos corredores de um castelo medieval. A escritora Vanessa Godoy imaginou. Em 2015, ela tirou a ideia do papel e criou a Escola de Magia e Bruxaria do Brasil (EMB) com a proposta de oferecer um turismo de experiência em território nacional.
Dois castelos são ambientados e decorados para receberem anualmente centenas de jovens e adultos para uma vivência sensorial que emula, com atores e aulas reais, uma história de magia. A Escola de Magia e Bruxaria do Brasil, voltada para o público infanto-juvenil, acontece em um castelo de 6 mil m² construído em um terreno de 17 mil m² em Campos do Jordão, município localizado no interior de São Paulo.
A segunda experiência acontece em um hotel tombado como patrimônio histórico em Araxá, Minas Gerais. Durante a cerimônia, o prédio de 33 mil m² – construído durante a Segunda Guerra Mundial em um parque estadual – é batizado de Instituto Flamel, a escola superior de poções laboratoriais. “Assinamos contratos longos com esses espaços e alugamos por temporada sempre que vamos realizar as imersões”, explica Vanessa.
“A EMB acontece em outubro e o Instituto Flamel em agosto”, complementa. As imersões duram quatro dias com direito a diárias no hotel, alimentação temática, diploma de graduação, carteirinha de estudante e medalha para aqueles que se saírem melhor durante o período. “É um mundo aberto. Quem se matricula, interage e participa da história”, narra Vanessa.
Publicidade
Criação do mundo
Quem topa participar da Escola de Bruxaria do Brasil aceita mergulhar de cabeça no universo criado pela escritora. Ex-agente de viagens, Vanessa conta que sentiu sua profissão ruir com a chegada da internet e resolveu criar sua própria atração turística. “As pessoas mais velhas ainda procuravam agências, mas os mais jovens preferiam resolver tudo online.”
E a jovem de 33 anos parece ter razão. Um levantamento da Bloomberg com dados de pesquisas de cartão de crédito mostra que três em cada quatro membros da Geração Z preferem ter uma qualidade de vida melhor do que dinheiro extra no banco – e gastar com experiência é uma prioridade. “Lá fora, essa tendência é mais comum. Queria trazer algo do tipo para o Brasil”, justifica Vanessa.
Apaixonada por literatura, ela começou a reinterpretar lendas e mitos da história do Brasil sob uma perspectiva que mistura cultura indígena e a magia clássica. Assim, surgiu o Bàdiu, como é chamado o mundo bruxo nas histórias dos livros que escreveu. Não só nos livros, aliás. A história se expandiu para podcasts, exposições em shoppings, um jornal periódico, oficinas, loja temática e, claro, as imersões nos castelos.
Hoje, o sonho fantástico da jovem ganhou ares de fascínio. No entanto, ela conta que começou o negócio com 14 mil reais. “Dei 10 mil de garantia para o empréstimo e 4 mil para fazer um site”, brinca”. Atualmente, a experiência custa em torno de 3 mil reais por pessoa. No restante do ano, o grupo realiza atividades em hotéis, exposições e shoppings.
Publicidade
“Criamos mais de 600 personagens e hoje são mais de 70 pessoas prestando serviços para o Bàdiu direta ou indiretamente”, conta. “Entre eles, temos os atores que interpretam nas imersões os personagens que os leitores conhecem nos livros. É como se você lesse um livro do Harry Potter ou alguma outra obra fantástica e depois o encontrasse no evento. Para qualquer fã de literatura é um sonho realizado.”