Com avanço de compactos, Curitiba dobra vendas de imóveis em uma década
Mercado imobiliário da capital paranaense se consolida como um dos mais valorizados do País

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A capital mais fria do Brasil está com o mercado imobiliário fervendo. Impulsionada pelo avanço de estúdios e apartamentos pequenos, o número de imóveis vendidos em Curitiba mais do que dobrou na última década e o preço do metro quadrado acompanhou essa expansão. Do segmento econômico ao altíssimo padrão, a cidade atrai investidores endinheirados e hipnotiza incorporadores de olho na valorização.
De 2015 a 2024, o número de unidades vendidas avançou 140% em Curitiba. Dados da Brain Inteligência Estratégica mostram que todos os segmentos registraram aumento em transações. O menor aumento foi de 62% no médio padrão. Já o padrão econômico, estimulado pelo Minha Casa, Minha Vida, registrou alta de 110%.
O alto padrão também se sobressaiu no cenário local durante os últimos anos. O relatório da Brain indica que o número de vendas de imóveis de 1,5 milhão a 2 milhões saltou 185%. Os imóveis de luxo (a partir de R$ 2 milhões) avançaram 175%; e o super luxo – que enquadra unidades a partir de R$ 5 milhões – registrou uma alta de 95%.
Porém, o maior destaque é o segmento especial, que abrange estúdios e apartamentos pequenos. Neste período, as vendas desse tipo de imóvel subiram impressionantes 210%.
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“Vivemos uma tempestade perfeita que melhorou depois da pandemia”, relata Leonardo Baggio, vice-presidente do Secovi/PR. “Curitiba tem boa qualidade de vida, trânsito fluido e infraestrutura, além de universidades importantes e um momento positivo para o turismo, o que fomenta a onda do short stay – bastante relevante para os investidores”, enumera.
Mercado de investidores
Na visão do mercado, o apetite dos investidores é alimentado pelo ambiente de negócios da cidade. “Curitiba tem um Plano Diretor que estimula esses lançamentos, especialmente no centro, onde os prédios estão cada vez mais altos, com mais unidades e menos vagas de garagem”, contextualiza Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica.
O executivo observa que mais de 90% de quem compra este padrão são investidores e como eles estão ganhando dinheiro com a valorização, a tendência é continuar investindo. Não à toa, dados da consultoria indicam que o centro de Curitiba é o bairro com maior volume de lançamentos do Brasil nos últimos três anos.
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Além do crescimento em vendas, os imóveis compactos também são os que registraram a maior valorização no metro quadrado em Curitiba. Com a alta de 63% desde 2015, hoje o preço médio está avaliado em cerca de R$ 12,5 mil.
“Os prédios mais antigos do centro, ocupados por famílias bem tradicionais da região, estão sendo revitalizados e novamente povoados”, comenta Jean Michel Galiano, diretor da imobiliária Apolar. “Os estúdios e apartamentos menores, mas bem localizados, são buscados por estudantes e por investidores”.
Apartamentos mais caros e menores
Entretanto, não são apenas os imóveis compactos que estão valorizando. Na esteira deste aumento nas vendas, os apartamentos de todos os segmentos ficaram mais caros nos últimos anos. Em 2024, o metro quadrado em Curitiba registrou uma valorização de 18% e foi a capital brasileira onde as unidades mais encareceram, de acordo com o Índice FipeZAP.
Este encarecimento de preços também tem feito os imóveis ficarem menores. Segundo o levantamento da Brain, o preço do metro quadrado de um imóvel de luxo saltou de R$ 9.816 em 2015 para R$ 16.239. Um avanço de 65%.
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Neste cenário, um comprador com R$ 2 milhões em 2015 conseguiria adquirir um imóvel de cerca de 200 m² em 2015. Atualmente, o mesmo valor seria suficiente apenas para um apartamento de 123 m².
“Dentro de uma realidade normal de mercado, quando não temos problemas econômicos, o preço do metro quadrado já tende a aumentar”, observa Araújo. “E isso vem acontecendo com mais frequência recentemente. Notamos uma mudança no tamanho das famílias, a priorização de áreas de lazer em detrimento de passar mais tempo em casa e, claro, o preço dos imóveis”.
Em Curitiba, este movimento é especialmente marcante por causa do comportamento das incorporadoras. “Houve uma migração das principais empresas da cidade que atuavam tanto na classe média para lançar cada vez mais no alto padrão. Ao mesmo tempo, surgiram novas empresas especializadas nos segmentos que possuem um metro quadrado mais alto”, sugere o executivo.
Incorporadoras e investidores
Em Batel, bairro mais nobre da capital paranaense, o preço médio do metro quadrado chegou a mais de R$ 16 mil, à frente de bairros como Jardins e Moema, em São Paulo. “É uma região com três shoppings dentro de um raio pequeno, ruas arborizadas, vida noturna ativa, padrão elevado de empreendimentos e onde você consegue fazer tudo a pé”, justifica Gisele Ott, diretora da Construtora O3.
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A incorporadora é responsável pelo Oxygen, um empreendimento de luxo em construção no bairro que contará com apartamentos de 24 m² a 76 m² e tem previsão de entrega para este semestre. “Pensamos o empreendimento para investidores”, revela Ott.
O Oxygen teve 60% das unidades vendidas nos 20 dias seguintes à inauguração, em 2022. “Em dois anos, esses compradores tiveram uma valorização de 27% a 37%. A expectativa é que a valorização real das primeiras unidades ultrapasse 40% até a entrega do empreendimento”, antecipa.
“No começo, negociamos o metro quadrado a R$ 13 mil, agora está acima dos R$ 19 mil. Uma unidade de 27 m² chega a custar R$ 500 mil”, pontua a executiva.
O sucesso de Curitiba no mercado imobiliário se traduz na empolgação dos incorporadores. A Construtora Andrade Ribeiro, por exemplo, anunciou seis empreendimentos para os próximos 18 meses. É o maior número de lançamentos previstos pela companhia, fundada em 1978, em tão pouco tempo. No entanto, a empresa não surfa no prolífico mar de compactos.
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“Como estamos fora deste segmento, não temos notado tanto um boom tão expressivo”, comenta Rafael Mandryk, gerente comercial da Construtora. “Ainda assim, as pessoas estão ávidas por comprar um imóvel e, mesmo com as taxas de juros aumentando, elas continuam fazendo aquisições. Os investidores que buscam nossos produtos, visam mais o long-stay”, observa.
Mandryk prenuncia, entretanto, que o ambiente fértil não deve permanecer por muito tempo. “A partir do segundo semestre deste ano, veremos uma redução na velocidade das vendas, impulsionada pela alta nos juros. E isso deve se potencializar em 2026, pois em anos de eleição, o mercado tende a esfriar. É importante desenvolver processos eficientes e que aumentem a eficácia nas vendas”.
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