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[OPINIÃO] A inteligência artificial está transformando o mercado imobiliário

Marcos Leite é CRO do Grupo OLX

Por:Marcos Leite 30/09/2025 3 minutos de leitura
"O mercado está migrando para um modelo de busca 'conversacional', aquela em que a IA interpreta uma demanda, cruza informações e devolve opções alinhadas ao desejo do consumidor"/ Crédito: hakinmhan/AdobeStock

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Qual é a razão número um para que uma transação imobiliária não prospere? É a falta de resposta por parte do corretor. Funciona assim: o potencial cliente vê um anúncio no site da imobiliária e manda uma mensagem perguntando sobre determinado imóvel. O corretor demora para responder e, nesse meio tempo, o cliente perde o interesse ou é fisgado pela concorrência.

A culpa não é do corretor. Ele tem dezenas de mensagens acumuladas e não consegue dar atenção a cada cliente em tempo real. Além disso, mais da metade desses contatos são feitos fora do horário comercial. Mas, goste-se ou não, vivemos em tempos “apressados”, e a falta de resposta imediata pode fazer uma transação promissora morrer na praia.

Esse problema parece estar com os dias contados. A depender do que se viu nas dezenas de palestras e painéis do Conecta Imobi 2025, maior evento do mercado imobiliário da América Latina, o avanço da inteligência artificial (IA) já está ajudando a fechar o principal “gap” de comunicação do mercado imobiliário.

O potencial da IA para a geração de valor no setor imobiliário foi tema onipresente durante os dois dias de evento. Entre as ferramentas apresentadas, as assistentes virtuais se destacaram, porque têm o potencial de eliminar justamente o intervalo de tempo entre o primeiro contato do cliente e a resposta, com atendimento 24 horas por dia, multiplicando o potencial de atendimento dos corretores de imóveis.

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À primeira vista, pode parecer que estamos falando de simples chatbots, mas não é nada disso: a IA consegue conversar com os clientes de forma natural, com uma linguagem que evolui e se adapta ao longo das interações, sem aquelas perguntas e respostas pré-fabricadas.

E claro que, com tanta tecnologia, quem busca imóveis também deseja mais eficiência e agilidade nesse processo. Tradicionalmente, procurar uma casa ou apartamento na internet significa lidar com filtros – quantos quartos? Qual a faixa de preço? Quantas vagas? Com ou sem churrasqueira? Mas agora o usuário pode simplesmente dizer o que procura, inclusive via áudio, o que faz toda a diferença para os mais jovens, acostumados com essa interação, e mais ainda no Brasil, o país que mais envia mensagens de áudio em aplicativos de mensagens.

Com isso, o mercado está migrando para um modelo de busca “conversacional”, ou busca semântica, aquela em que a IA interpreta uma demanda, cruza informações e devolve opções alinhadas ao desejo do consumidor.

Os passos iniciais da jornada de compra se parecem menos com o preenchimento de um formulário e mais com uma conversa entre o cliente e um consultor experiente, uma espécie de “concierge” virtual – e as novas gerações de compradores não saberão buscar um imóvel de outra maneira.

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Isso só ressalta a importância de acelerarmos nosso processo de digitalização. Cerca de 20% das empresas do mercado imobiliário brasileiro utilizam IA hoje, segundo pesquisa da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). A título de comparação, esse índice é de 85% no mercado dos Estados Unidos, com perspectiva de chegar a 90% até 2030.

É preciso melhorar o cenário nacional, até porque as possibilidades abertas pela IA não se limitam a fisgar compradores com mais eficácia. Em primeiro lugar, assistentes virtuais conversam com milhares de pessoas ao mesmo tempo, o que as habilita a identificar padrões nos interesses dos clientes e até na sua maneira de se comunicar, gerando insights de impacto para todas as áreas de uma empresa.

A inteligência artificial abre cada vez mais espaço para mudanças de comportamento no setor imobiliário como um todo, do proprietário do imóvel ou empreendimento, que toma decisões com dados mais precisos sobre preços, tendências de mercado e demanda; passando por corretores, com suas assistentes virtuais; e chegando aos compradores e locatários, com formas mais ágeis e eficientes de encontrarem os lares desejados.

O fato é que ainda estamos enxergando só a ponta do iceberg. Essas mudanças irão revolucionar o mercado ao longo dos próximos anos. Cabe aos profissionais brasileiros se mexerem para abraçar as novas tecnologias – os clientes, afinal de contas, já deixaram bastante claro que não estão dispostos a ficar esperando.

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