Arquitetura Sustentável

Arquiteto do Platina 220 celebra perda virtual do título de prédio mais alto de São Paulo

Jorge Königsberger defende uso misto, fala sobre Eixo Platina e acredita que verticalização é solução para grandes cidades

Por:Breno Damascena 15/10/2024 4 minutos de leitura
platina 220
Platina 220 é o prédio mais alto de São Paulo e se tornou um símbolo na capital paulista/ Crédito: Pedro Vannucchi

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Com 171,7 metros de altura e 50 andares, o Platina 220 é um símbolo arquitetônico de São Paulo. Construído pela Porte Engenharia e inaugurado em 2022, o prédio mais alto da capital paulista faz parte do Eixo Platina, um projeto urbano encabeçado pela incorporadora para adensar a região leste e se tornar um polo econômico da cidade.

O escritório de arquitetura Königsberger Vannucchi lidera alguns dos empreendimentos construídos dentro do Eixo e entende que este é um movimento necessário. “O Platina 220 é a ponta de um iceberg. Ele simboliza a intenção de transformação de um bairro por meio da iniciativa privada”, acredita Jorge Königsberger, Sócio Fundador do escritório e um dos arquitetos responsáveis pelo edifício. 

“É um movimento necessário onde a legislação e as questões urbanas são complexas e de difícil resolução”, pontua. 

O Eixo Platina é uma empreendimento de uso misto. Ou seja, é um projeto que tenta conciliar em um mesmo espaço unidades residenciais, salas comerciais e outros aparatos de uso comum, como restaurantes, hospitais e áreas de lazer. O conceito propagado mundo afora visa diminuir a dependência do automóvel e melhorar a qualidade de vida em metrópoles cada vez mais adensadas. 

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+ Entenda como os prédios de uso misto impactam as grandes cidades

O próprio Platina 220, por exemplo, abriga unidades residenciais, corporativas, comerciais e lojas, além de um hotel. “Morar, se locomover, trabalhar, lazer e realizar trocas representam 90% de tudo o que as pessoas precisam fazer nas cidades. Se você criar tudo isso em um mesmo lugar, você ajuda a desenvolver a região”, analisa Königsberger.

As caras do Eixo Platina

A primeira fase do Eixo Platina envolve a construção de seis empreendimentos, todos integrados ao ecossistema de uso misto. Além do Platina 220, a Königsberger Vannucchi é responsável por assinar o Almagah 227.

Entregue este ano, o edifício ocupa quase um quarteirão inteiro, definido pelas ruas Itapura, João Migliari e Airi. Ele é composto por um mix de escritórios, unidades residenciais, coworking e varejo. O prédio possui duas torres e 46 andares em mais de 66 mil m² construídos.

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+ Por que se constrói prédios tão altos no Brasil?

Entre a torre comercial e a torre residencial foi construída uma passarela elevada que será preenchida com restaurantes. “Essa conexão foi um desafio de arquitetura e ilustra o alto grau de sofisticação tecnológica das edificações”, analisa Daniel Toledo, sócio e diretor executivo da Königsberger Vannucchi. “Além disso, todos os projetos são fundamentados com fachada ativa e fruição pública”, adiciona. 

Novo arranha-céu desenvolvido pela KV, o Almagah 227 integra o Eixo Platina, no Tatuapé/ Crédito: Pedro Vannucchi

A expectativa do escritório é que o Almagah 227, assim como o Platina 220, seja visto como uma nova centralidade no Tatuapé. “O jovem nascia na região e depois ia morar na zona sul. Há muita dificuldade em manter o público do bairro. Mas com uma estrutura urbana completa de serviços, transporte e moradia, a situação pode mudar”, entende Königsberger. “A ideia é atender todas as demandas locais”. 

Caminhos para o futuro

O Platina 220 está prestes a perder o posto de prédio mais alto de São Paulo para o Paseo Alto das Nações. Em construção pela incorporadora WTorre, o edifício de 219 metros terá foco comercial e será inaugurado no final de 2025. A Cyrela também já anunciou o lançamento do maior prédio residencial de São Paulo, um empreendimento de 206 metros em parceria com Safra e grife Armani/Casa.

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Daniel Toledo, Gianfranco Vannucchi e Jorge Konigsberger (da dir. para esq.) estão à frente da Königsberger Vannucchi, escritório de arquitetura que está criando nova silhueta para o bairro Tatuapé /Crédito: Deco Cury

Königsberger não lamenta a queda no ranking. Pelo contrário, é categórico ao afirmar que o surgimento de mais arranha-céus representa um sinal positivo para a cidade. “A oferta de serviços públicos é mais cara se a cidade for horizontal do que se for vertical. Isso vale para o sistema de água e esgoto, mas, também, para o delivery”, exemplifica.

+ Os prédios vão deixar São Paulo sem a luz do sol?

“Existe um debate sobre os problemas da verticalização. Dizem que isso pode criar sombra em cima da casa da velhinha, que vamos perder a memória das vilas e dos bairros industriais”, ilustra. “Todo mundo brincou no quintal e na rua, mas quando começa a vir muita gente para o mesmo lugar, o que você faz? Não faz sentido espalhar os moradores, é preciso amontoar as pessoas”, defende o arquiteto. 

Ele argumenta que o debate sobre prédios altos tem um tom político, mas que esta solução é inevitável. “A discussão se tornou entre direita e esquerda, mas a pauta ideológica não faz sentido em uma metrópole como São Paulo. A necessidade das pessoas se aglutinarem aqui é diferente de cidades do interior. O ideal, neste cenário, é pensar em atrativos nos prédios e nas cidades para compensar essa falta de quintais”.

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