Prêmio Top Imobiliário

Gigantes do mercado de baixa renda trocam de lugar no ranking

Tenda é campeã entre as construtoras e vice na categoria das incorporadoras, posições ocupadas no ano passado pela MRV

Por: Heraldo Vaz, especial para o 'Estadão' 01/07/2022 4 minutos de leitura
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Concepção artística da entrada do empreendimento Viva Barra Funda, da incorporadora Tenda; são dois blocos de 25 andares, com oito unidades em cada pavimento/ Crédito: Tenda

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No 29.º prêmio Top Imobiliário, entre as gigantes do mercado, a Tenda é a campeã das construtoras e vice entre as incorporadoras, exatamente as mesmas posições que a MRV havia conquistado na edição anterior.

A Tenda mantém sua opção de produzir exclusivamente para o programa Casa Verde e Amarela. A MRV aposta na diversificação de atividades, com locação, loteamentos, apartamentos para baixa renda e de médio padrão, além de subsidiária nos Estados Unidos

Em São Paulo, o volume de lançamentos da Tenda cresceu 276%, de R$ 371 milhões em 2020 para R$ 1,4 bilhão no ano passado, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). No mesmo mercado, o desempenho da MRV caiu 65%, para R$ 391 milhões.

“Apesar da grande pressão inflacionária, a Tenda entregou sólidos resultados operacionais”, afirma a diretora da regional São Paulo da Tenda, Daniela Ferrari. Segundo a Embraesp, a empresa quadruplicou os lançamentos (com 17 novos projetos), as unidades (7,8 mil imóveis econômicos) e o total de área a ser construída (483 mil m²). “São Paulo representa 46% da operação geral da Tenda”, informa Daniela.

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No Brasil, foram lançados 20,9 mil apartamentos em 2021, com valor total de R$ 3 bilhões. Após fechar o ano, a Tenda divulgou uma perda de meio bilhão de reais, decorrente da explosão nos custos de construção, e pisou no freio. E

m nota no balanço de 2021, a companhia disse que as pressões de custo afetaram fortemente as margens. “Nosso modelo de gestão de custos não estava preparado para o ambiente inflacionário de 2021”, admitiu, informando um “impacto de R$ 532 milhões” de aumento no orçamento das obras. “A falta de assertividade retardou o entendimento da dimensão do problema, atrasando ações corretivas drásticas.” 

Agora, a política de lançamentos é seletiva. Só pode lançar e vender com margens adequadas. Daniela conta que a estratégia é priorizar a reconstrução financeira. “A companhia será mais seletiva e haverá redução de volume”, diz ela, sem estimar de quanto será esse índice de corte. “Vamos olhar os custos, como estão os preços, calcular a margem e ver se lança ou não, acompanhando trimestre por trimestre.” 

O perfil dos produtos Tenda mudou nos últimos anos. De predinhos com 4 ou 5 andares, sem elevador, passaram a ter torres bem altas, mantendo uma tipologia básica: de 32 a 42 m², com 1 ou 2 dormitórios, sala, cozinha e área de lazer. Daniela destaca o projeto Viva Barra Funda, lançado no ano passado. São dois blocos de 25 andares, com oito unidades em cada pavimento. No total, são 396 unidades, com área privativa de 42 m². 

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O endereço dos projetos é um dos eixos da política atual. “Lançar em localizações diferenciadas, onde se consiga subir mais o preço para acompanhar esse aumento de custos”, argumenta a diretora da companhia, salientando que só vai para o mercado aquilo que tiver lucro garantido. Outro ponto da estratégia é acelerar os reajustes para venda das habitações populares. 

Os apartamentos da Tenda tiveram alta de preços relevante em São Paulo. No primeiro trimestre deste ano, foram sete lançamentos, totalizando um valor geral de vendas de R$ 467 milhões. O preço médio foi de R$ 176 mil por unidade, apresentando aumento de cerca de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. “É uma estratégia para fazer frente a esse impacto inflacionário”, afirma Daniela. 

Entressafra

O diretor comercial da MRV em São Paulo, Sergio Paulo Amaral dos Anjos, considera que o desempenho negativo da empresa na capital paulista e cidades da região metropolitana “foi um período de entressafra”. 

O número de lançamentos da MRV caiu pela metade (de 17 para 8 empreendimentos) na comparação de 2020 com o desempenho do ano passado. A queda foi superior a 60% tanto em unidades (5,6 mil apartamentos contra 1,8 mil) como em VGV lançado: R$ 1,1 bilhão contra R$ 391 milhões. 

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Amaral fala que a estratégia de “venda de estoques na região desacelerou o volume de lançamentos na Grande São Paulo”, destacando a finalização do maior empreendimento da companhia: o Grand Reserva Paulista, que tem 7,3 mil unidades, em Pirituba, na zona norte da capital.

Nacionalmente, segundo ele, em 2021 houve aumento de 21,8%. “Foram 44.651 unidades lançadas pela MRV, com VGV de R$ 9,4 bilhões.” Sem revelar números da participação da linha Sensia, de médio padrão, Amaral diz que essa marca “pode multiplicar o volume de vendas e as cidades de atuação nos próximos anos”. 

A companhia deixou de atuar somente com incorporação de baixa renda e adotou o nome MRV&Co, reunindo a empresa-mãe (a MRV), as marcas SensiaLuggo e Urba, além da AHS, subsidiária localizada nos Estados Unidos. 

“Apostamos na diversificação e, em 2021, a companhia se consolidou como a primeira plataforma habitacional multinacional de origem brasileira”. Ele cita o recorde de vendas de R$ 8,1 bilhões, registrado em 2021, dos quais R$ 1,75 bilhão veio da AHS. 

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Este texto foi originalmente publicado em: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,top-imobiliario-2022-gigantes-baixa-renda-tenda-mrv,70004106552 

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