Enquanto muitos brasileiros tiveram uma pausa nos pagamentos de prestações da casa própria, os beneficiários da faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, voltada às famílias mais carentes (com renda mensal até R$ 1,8 mil), estão sem esse alívio durante a crise provocada pelo coronavírus. Mesmo com redução drástica em sua renda, eles continuam sendo cobrados pelo pagamento das prestações, que variam de R$ 80 a R$ 270.
O faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida já beneficiou 1,4 milhão de brasileiros em cerca de dez anos de programa. Milhares de pessoas ainda pagam suas parcelas mensais do programa. É o caso da vendedora de roupas Rivonia Rosa, de 46 anos, que perdeu toda a renda no início da pandemia, mas continuou recebendo a fatura de R$ 113,41 do financiamento de sua casa no Condomínio Dandara, em São Paulo. Tentou contato com a Caixa por telefone, e algumas amigas foram a uma agência da instituição para tentar resolver o problema. Após diversas tentativas, ela ouviu da Caixa que não havia suspensão da prestação para o faixa 1 do programa. “Sabe uma pessoa que ficou em desespero?”, conta.
Hipertensa e, portanto, integrante do grupo de risco da doença, Rivonia chegou a ficar com três parcelas do financiamento atrasadas, além de contas de luz e gás. O auxílio emergencial de R$ 600 não foi suficiente para cobrir todas as despesas – além do financiamento, tem o condomínio, que custa cerca de R$ 160. “É melhor ficar endividada e com o nome negativado do que morrer”, diz.