Minha Casa Minha Vida & Programas Habitacionais

Caixa cobra pagamento de prestações do MCMV de beneficiários de baixa renda

Famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil estão sendo pressionadas a quitar valores que variam de R$ 80 a R$ 270; Caixa diz que cumpre ordens do Ministério do Desenvolvimento Regional

Por: Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo 03/07/2020 2 minutos de leitura
Perder a renda de trabalhos durante a pandemia e não conseguir paralisar a cobrança das parcelas pode significar a perda do imóvel/ Crédito: Luke Stackpoole/ Unsplash

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Enquanto muitos brasileiros tiveram uma pausa nos pagamentos de prestações da casa própria, os beneficiários da faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, voltada às famílias mais carentes (com renda mensal até R$ 1,8 mil), estão sem esse alívio durante a crise provocada pelo coronavírus. Mesmo com redução drástica em sua renda, eles continuam sendo cobrados pelo pagamento das prestações, que variam de R$ 80 a R$ 270.

O faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida já beneficiou 1,4 milhão de brasileiros em cerca de dez anos de programa. Milhares de pessoas ainda pagam suas parcelas mensais do programa. É o caso da vendedora de roupas Rivonia Rosa, de 46 anos, que perdeu toda a renda no início da pandemia, mas continuou recebendo a fatura de R$ 113,41 do financiamento de sua casa no Condomínio Dandara, em São Paulo. Tentou contato com a Caixa por telefone, e algumas amigas foram a uma agência da instituição para tentar resolver o problema. Após diversas tentativas, ela ouviu da Caixa que não havia suspensão da prestação para o faixa 1 do programa. “Sabe uma pessoa que ficou em desespero?”, conta.

Hipertensa e, portanto, integrante do grupo de risco da doença, Rivonia chegou a ficar com três parcelas do financiamento atrasadas, além de contas de luz e gás. O auxílio emergencial de R$ 600 não foi suficiente para cobrir todas as despesas – além do financiamento, tem o condomínio, que custa cerca de R$ 160. “É melhor ficar endividada e com o nome negativado do que morrer”, diz.

Diante do acúmulo de contas, porém, Rivonia se viu obrigada a voltar a trabalhar. Passou a usar redes sociais para tentar retomar a venda de roupas e também conta com a ajuda de conhecidos. “Tem mais de um mês que não sei o que é descanso”, afirma a vendedora, que conseguiu pagar parte dos atrasados, mas ainda acumula uma prestação vencida com outras contas da casa. “Teve um dia à noite que achei que ia infartar. A ansiedade é tão grande que durmo três ou quatro horas por noite.”

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Na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, é o governo quem banca todos os subsídios do programa, enquanto a família contemplada paga uma pequena parcela. Para que a cobrança seja pausada, é preciso ter dinheiro no Orçamento. O governo, porém, congelou as novas contratações do faixa 1 e tem destinado recursos apenas para tocar obras em andamento, em valores que têm caído ano a ano.

Outras faixas do programa, que beneficiam famílias com renda acima de R$ 1,8 mil, têm o subsídio bancado principalmente pelo FGTS. Essas conseguiram pedir a pausa nas prestações, assim como outros brasileiros que tenham financiamento imobiliário, tanto trabalhadores da iniciativa privada quanto servidores públicos.

Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e a União Nacional por Moradia Popular (UNMP) têm reivindicado a suspensão dos pagamentos do faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida. “Depois de um mês de inadimplência, as pessoas podem perder o imóvel. É um risco muito grande que essas pessoas estão correndo”, diz o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.

Leia a matéria completa em https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,minha-casa-minha-vida-cobra-pagamento-de-prestacoes-dos-beneficiarios-de-baixa-renda,70003352148

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