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Bisneta preserva casa centenária de imigrante italiano em São Paulo

'Guardiã' da Casa Amarela, Janice de Piero acaba de conseguir aprovação do tombamento da residência, uma das mais antigas da Vila Romana, zona oeste paulistana

Por: Priscila Mengue, O Estado de S.Paulo 29/11/2021 2 minutos de leitura
Casa Amarela é uma das mais antigas residências da Vila Romana, na zona oeste; tombamento foi aprovado em São Paulo/Crédito: Getty Images

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Do alto de uma ladeira, uma casa centenária é uma das raras testemunhas remanescentes do início do arruamento e urbanização da zona oeste de São Paulo. A residência resistiu ao tempo, mas não sem viver a degradação e até ser alvo de boatos de mal-assombrada, situação que passou a mudar a partir dos anos 1990, com a chegada da “guardiã”, que lhe trouxe um novo nome: Casa Amarela da Vila Romana.

O espaço hoje está recuperado e preservado. A arquitetura originalmente simples, com fachada neoclássica, tornou-se um dos motivos para que seja visto como uma joia do bairro, e da cidade. O reconhecimento não é apenas popular, mas também oficial, com o tombamento aprovado na última segunda-feira, 22.

Na decisão, o conselho municipal de patrimônio destacou o caráter “cultural, artístico e, em especial, afetivo” da casa para a população. A fim de garantir a visibilidade do imóvel, o terreno vizinho não poderá ter construções com altura superior a cinco metros, enquanto os demais estão liberados para a verticalização dentro dos limites legais.

A residência data de 1921, erguida em um sítio do imigrante italiano Angelo de Bortoli e familiares, a fim de ser residência de aluguel a conterrâneos. A propriedade foi passada de geração a geração até chegar à “guardiã”, a artista Janice de Piero, de 63 anos, bisneta do primeiro dono e moradora da Vila Romana por praticamente toda a vida.

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Ao se casar, Janice se mudou para o endereço, onde há duas residências, iniciando uma série de reformas paulatinas, com o trabalho braçal de parentes. O imóvel principal tem a fachada frontal amarela, com o topo triangular (de influência neoclássica), com esquadrias de madeira pintadas de verde. A porta de entrada e as janelas são abertas para a rua, sem haver muros ou outras barreiras.

Internamente, não há corredores entre os três cômodos: sala, quarto e cozinha. Há ainda um banheiro, originalmente externo. “Não tem nada que as casas hoje em dia têm, com grades, proteções. É de um outro tempo. Eu mesma, quando olho (para a residência), parece que entro para outra dimensão”, descreve a artista.

A Casa Amarela foi, aos poucos, transformada parcialmente em ateliê. Com o restauro, passou a chamar mais atenção e tornou-se também uma referência local para atividades socioculturais, como rodas de conversa, clubes de leitura e exposições. “Todo mundo queria ver como é, então comecei a abrir para as pessoas”, relata.

A verticalização do bairro também contribuiu para o destaque do espaço. “Várias casinhas lindas foram se perdendo. A minha passou a ser valorizada pelas pessoas. Começaram a manifestar apreço pela casa e me dando parabéns por conservar”, comenta Janice. “Percebi que o meu trabalho tinha que estar relacionado a essa casa.”

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https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,bisneta-preserva-casa-centenaria-de-imigrante-italiano-em-sao-paulo,70003909978 

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