Guia de Bairros

Mooca: um dos bairros mais tradicionais de São Paulo

Conheça a região que é berço da história construída pelos imigrantes

Por: Da redação 02/04/2019 11 minutos de leitura
mooca
A Mooca oferece comodidade, boa gastronomia e fácil acesso a outras regiões de São Paulo. Crédito: Daniel Teixeira

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A herança italiana é a principal característica do bairro da Mooca. Fundado ainda no século XVI por um grupo de jesuítas, o povoado de Arraial do Nicolau, como era conhecido o distrito na época, passou por diversas mudanças.

Tornou-se um dos principais refúgios de imigrantes na cidade de São Paulo e foi um grande e importante centro de desenvolvimento industrial e comercial da capital.

A Mooca oferece comodidade, boa gastronomia e fácil acesso a outras regiões de São Paulo, graças às estações da linha de trem 10-Turquesa, da linha de metrô 3-Vermelha e das diversas linhas de ônibus que atendem o bairro.

A vizinhança possui, ainda, opções de compra, trabalho e estudo.

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A Avenida Paes de Barros, por exemplo, reúne prédios residenciais, espaços comerciais, restaurantes, farmácias, lojas de roupas e calçados, consultórios, padarias e mercado.

Confira mais informações sobre a Mooca, um dos bairros mais tradicionais de SP.

A história da Mooca e suas raízes italianas

A identidade da Mooca é tão simbólica para a cidade de São Paulo que muita gente a reconhece como a síntese da cultura paulistana. 

“Uma vez, estava no Rio de Janeiro e me apresentei como paulista. Imediatamente, me disseram que dava pra notar pelo sotaque, que não só era de São Paulo, mas que era típico da Mooca”, conta Nathalia de Campos, advogada e empresária, que vive neste bairro da zona leste desde que nasceu, há 31 anos – e não pensa em sair de lá.

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A história mooquense ajuda a explicar por que a região simboliza tanto o espírito da cidade.

Para começar, trata-se de um dos mais antigos bairros paulistanos: seus primeiros registros datam de 17 de agosto de 1556, quando foi fundado por um grupo de jesuítas ainda com o nome de povoado de Arraial do Nicolau. Ou seja, a Mooca está prestes a completar 465 anos – apenas dois anos menos do que a própria cidade de São Paulo.

Ao longo de seus mais de quatro séculos de existência, a Mooca viveu de tudo. Região com alta densidade populacional indígena foi ocupada por portugueses e transformada em área de chácaras e produção rural. 

E então, em meados do século 19, deu-se início a obra que mudaria definitivamente o cenário da região.

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A primeira ferrovia paulista começou a ser construída em 1862 e já em 1865 ocorreu a viagem inaugural entre a Estação Luz e a Estação Mooca, ainda que esta última só tenha sido oficialmente inaugurada em 1898. 

Foi o marco simbólico do avanço industrial que culminaria na arquitetura típica e no intenso fluxo de imigração de europeus, sobretudo italianos.

A Itália é na Mooca

Ainda antes da chegada da estação ferroviária, a Mooca já estava se tornando um dos primeiros bairros industriais de São Paulo

Isso foi resultado natural do processo espontâneo de crescimento do primeiro anel ao redor do centro da cidade, sobretudo às margens do rio Tamanduateí, de terras firmes e altas, segundo explica Rosana Helena Miranda, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e autora do livro “Renovação Urbana em São Paulo – Mooca lugar de fazer casa”.

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Uma curiosidade: “lugar de fazer casa” é a tradução para o português da palavra índigena “moo-oca”. Ou seja, a Mooca tem esse nome porque os índios Guarani que viviam na região no século 16 se surpreenderam com a velocidade com o qual os portugueses eram capazes de erguer construções.

À época, a técnica mais usada era a taipa de pilão. E foram séculos de predominância até a substituição pelos tijolos.

A arquitetura industrial dos tijolos à mostra, a exemplo da Tecelagem Labor, prédio símbolo do bairro na rua da Mooca, é uma das primeiras evidências da presença italiana por lá. 

Uma outra herança que resiste até os dias de hoje é o Clube Atlético Juventus, fundado em 1924 e conhecido em todo o País como “Juventus da Mooca”.

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Para abastecer a pujança industrial da virada dos anos 1800 para 1900, São Paulo recebeu centenas de milhares de trabalhadores europeus, a maior parte deles italianos. E onde mais havia fábricas, maior a necessidade de estrutura urbana para receber o crescente contingente populacional. 

Assim, proliferaram as vilinhas operárias, que rapidamente se tornaram redutos imigrantes. Um caldeirão cultural prestes a explodir.

Palco de revoluções

A mão de obra italiana foi explorada pelos padrões vigentes no começo do século passado: jornadas de até 14 horas diárias e até crianças trabalhando em máquinas pesadas. 

Diante da crescente insatisfação da massa operária, o clima subiu tanto que culminou na primeira greve geral de trabalhadores de São Paulo, iniciada na fábrica têxtil Crespi em 1917. Um movimento não só liderado por imigrantes, mas também por mulheres, vítimas da hiperexploração do trabalho.

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“Houve uma organização consistente dos operários da Mooca que teve impacto na luta nacional dos trabalhadores por mais direitos e até na formação de leis trabalhistas no Brasil”, contextualiza Rosana Miranda. “E isso ocorreu na Mooca porque muitos dos italianos já chegaram ao País com experiência anterior de organização política, alguns inclusive ligados ao movimento anarquista na Itália.”

Poucos anos depois, em 1924, uma nova revolta tem na Mooca um de seus palcos principais. A Revolta Paulista de 1924, liderada por tenentes revoltosos contra o Governo Federal do então presidente Artur Bernardes, teve amplo apoio dos operários do cinturão industrial da região central da cidade.

A reação do exército legalista foi forte – e muito violenta. Criou-se um cenário de terror que, até hoje, é considerado a maior batalha urbana na América Latina. 

Foram usados tanques de guerra, aconteceram bombardeios de canhões e ataques à mão armada até com metralhadoras. Bairros como Brás, Perdizes e Mooca foram os mais afetados: prédios e ferrovias foram destruídos e quase mil pessoas, mortas.

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Pós indústria e renascimento

A partir da década de 50, um novo boom econômico começou a deslocar as grandes indústrias para a região do ABC paulista.

Na Mooca e nos bairros operários ficam as pequenas fábricas e todo o centro paulistano passa por um processo de desvalorização. A expansão da cidade ruma no sentido sudoeste.

Com o tempo, contudo, o esgotamento dos metros quadrados no eixo entre as avenidas Paulista e Berrini exige dos moradores e do mercado imobiliário novos olhos aos anéis centrais da metrópole. 

E a Mooca, um bairro bem localizado, com excelente infraestrutura urbana, extensa malha de transporte público (inclusive com estação de metrô) e altos índices de segurança, renasceu aos olhos dos paulistanos.

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“Tradicionalmente, é um bairro de gente mais velha, mas conheço muita gente que está começando a vida na Mooca, um pessoal que está se casando e tendo filhos agora. É um processo de transição para ser um bairro mais jovem”, afirma Nathalia, uma das mais de 63 mil pessoas que moram ali

Um símbolo dessa renovação é a Rua Javari, nome popular do Estádio Conde Rodolfo Crespi. Trata-se da casa do Juventus, clube adotado pela juventude mooquense – e de toda cidade.

“A identidade com a Mooca é algo transcendental e que passa de geração em geração”, orgulha-se Celso Bianchi Barroso, gestor administrativo do Juventus. “Os moradores assumiram o clube de forma integral. E isso é muito positivo para se preservar a cultura e as tradições originárias dos imigrantes fundadores e a formação do bairro e da cidade de São Paulo.”

Aos domingos de manhã, dias de jogo, se vê uma legião de carros adesivados com o emblema do clube e centenas de pessoas peregrinando até a Rua Javari com as tradicionais camisetas nas cores grená e branca, que identificam e propagandeiam a Mooca. 

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Nathalia engrossa a lista de jovens que adotaram o Juventus e têm o costume de ir aos jogos e comer o delicioso cannoli no estádio. Mas não é só por isso que segue decidida a continuar na Mooca.

“É muito bom viver aqui, na minha idade, por vários motivos: a localização central, as vias de acesso para toda a cidade e é mais barato que alugar ou comprar no centro. Aqui, posso morar em um apartamento muito melhor pagando menos”, reforça.

Entre os grandes diferenciais da Mooca estão: Preço

O perfil de moradores do bairro tem renda de 5 a 10 salários mínimos.

O metro quadrado para compra de imóveis custa em média R$ 6.000, segundo a Pesquisa de Mercado da Capital do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), de novembro e dezembro de 2018. Já no caso de aluguel, o preço médio é R$ 28/m², segundo o site Storia Imóveis.

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Educação

O distrito é atendido tanto pela rede pública quanto pela rede particular. Em relação ao ensino público, o bairro conta com escolas tradicionais como as estaduais MMDC, Oswaldo Cruz e Pandiá Calógeras, além das escolas de educação infantil municipais.

E, para quem deseja ingressar em escolas particulares, colégios como o São Judas Tadeu, o Externato São Rafael, Colégio Passo Seguro e Colégio Santa Catarina estão nas imediações.

No ensino superior, a Mooca ganha bastante destaque com a  Universidade São Judas Tadeu e a Anhembi Morumbi, além da Unicapital (atualmente Uniesp).

Saúde

Ali estão hospitais e maternidades, como o Hospital e Maternidade São Cristóvão, Hospital Villa-Lobos, CEMA, Hospital Sauvalus e Hospital Sancta Maggiore.

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O bairro conta com um centro hospitalar público, o Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouveia, que atende especialidades gerais, pediátrica, obstétrica, ortopédica, ginecológica e de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Tem também o Hospital Dia da Rede Hora Certa, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Mooca I, um Centro de Apoio Psicossocial Infantil (CAPS) e o Ambulatório de Especialidades Ítalo Domingos Le Vocci.

Lazer

No prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes está localizado hoje o Museu da Imigração. No local, que recebeu cerca de 2,5 milhões de estrangeiros entre 1887 e 1978, estão expostas relíquias do passado cafeeiro e industrial paulista, além de um rico acervo digital com jornais, cartografias e registros de matrículas de pessoas que passaram por ali.

O museu ainda proporciona um passeio de Maria-Fumaça, principal meio de locomoção na época do café.

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O Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo, sede do Clube do Choro de São Paulo, passou por uma reforma e foi reaberto em 2015. Hoje recebe programação de espetáculos e shows semanalmente.

Outra opção de lazer é a Biblioteca Affonso Taunay, fundada em 1954, que conta com um acervo riquíssimo formado por mais de 20 mil exemplares e conta também com uma seção “Memória do Bairro da Mooca”, onde é possível viajar por meio de pôsteres, documentos originais do século XIX, fotos, ferramentas de trabalho, máquinas, moedas e instrumentos musicais que remetem à trajetória do bairro.

Pra quem procura um espaço verde, o Parque Sabesp Mooca tem uma área de mais de 20 mil m² de árvores e gramado com equipamentos de ginástica e playground.

Gastronomia e comércio

Um dos principais pontos positivos dessa área da zona leste é que o bairro é bem aparelhado de serviços diversos.

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Na área do comércio, há o Mooca Plaza Shopping, um amplo centro de compras com 241 lojas, sendo oito megalojas, restaurantes e salas de cinema- uma delas XD (Extreme Digital).

Na gastronomia, a Mooca tem sabor italiano. O restaurante Don Carlini, que fica num casarão da década de 1950, coleciona admiradores. O espaguete com camarões e o vitelo à romana, assado em baixa temperatura e guarnecido de talharim ao molho de manteiga, são os pratos mais pedidos do lugar.

A tradicional pizzaria São Pedro oferece mais de 60 sabores de pizzas. Completam a lista de pizzarias a do Ângelo (R. Sapucáia, 527) e a Bendita Maria (R. dos Trilhos, 1269), que vende pizza por metro.

A Esfiha Juventus (R. Visconde de Laguna), mais um lugar tradicional, continua distribuindo esfiha para os jogadores que fazem gols em partidas do Juventus, time de futebol do bairro.

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Resumindo: viver bem, viver na Mooca!

A Mooca está entre os bairros paulistanos com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito elevado: registra pontuação 0,909, similar a países como Espanha, França e Coreia do Sul. 

A alta qualidade de vida tem muitas explicações. Um deles é a segurança. Um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz classifica a Mooca como um dos dez bairros mais seguros de São Paulo

E, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do município, não houve qualquer registro de homicídio no distrito durante todo o ano de 2020.

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