Cidades Inteligentes

IA chega ao mercado de elevadores para levar mais segurança aos prédios

Novas tecnologias chegam ao segmento impulsionadas pela verticalização do País

Por:Breno Damascena 07/05/2025 5 minutos de leitura
Maior parte das inovações apresentadas na Expo Elevador buscava aumentar a segurança do meio de transporte/ Crédito: BrunoBarillari/AdobeStock

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Além do título de meio de transporte mais seguro do mundo, o elevador quer se tornar o meio de transporte mais tecnológico. À medida que os lançamentos imobiliários avançam pelo Brasil, com prédios cada vez mais altos e modernos, o segmento de elevadores investe em inovações que se sustentam em tecnologias como a inteligência artificial e a internet das coisas (IoT). 

A Associação Brasileira das Empresa de Elevadores (ABEEL) estima que existem 400 mil elevadores em operação no País e o plano das companhias que atuam no setor é que eles sejam cada vez mais modernos. Uma das porta-vozes deste movimento é a Daiken Elevadores, fabricante fundada há 30 anos e que vende cerca de 150 equipamentos por mês.

Nos últimos anos, Fabrício Serbake, diretor comercial da companhia, notou uma descentralização no segmento. “Era um mercado fechado, com apenas três fabricantes multinacionais. Hoje, temos muitas marcas, inclusive brasileiras, cada uma focada em aspectos específicos da produção”.

Serbake viajou de Curitiba, onde a Daiken construiu uma indústria, e viajou até São Paulo para ser um dos expositores da 9ª edição da Expo Elevador, um evento que reuniu mais de 100 empresas nacionais e companhias vindas da China, Turquia, Argentina, Chile. Entre os dias 06 e 08 de maio, executivos e empresários do setor debatem novidades sobre o tema na capital paulista.

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Inteligência artificial nos elevadores

Entre as novidades apresentadas no evento, estão soluções que prometem aumentar a autonomia, portas mais resistentes e elevadores que suportam ainda mais usuários de uma só vez. Também se destacam equipamentos que utilizam novos materiais construtivos e inovações relacionadas à internet das coisas e à inteligência artificial. 

“A IA está crescendo em todos os setores e o mercado vem exigindo cada vez mais expertise das fornecedoras”, aponta Ederson Silva, CEO da ElevaUP, que desenvolveu uma plataforma baseada em IA generativa para ajudar técnicos durante a manutenção de elevadores. Na prática, é uma espécie de ChatGPT, mas segmentada e focada em cuidados com o elevador. “Simplificamos a solução dos problemas com embasamento no laudo técnico”, resume. 

Entre os dias 06 e 08, a feira atrai fabricantes e montadoras de elevadores, fabricantes de peças e componentes, além empresas de manutenção e conservação/ Crédito: Renato Lombarde/Divulgação ExpoElevador 2025

Outra empresa surfando a tendência da IA é a Musca Tecnologia, que conecta o elevador à nuvem e o integra a bancos de dados locais para calcular o risco de enchentes, tempestades e desnivelamentos na região em que o prédio está localizado, além da qualidade da energia elétrica e eventuais problemas que ele possa ter.

“Permitimos que os técnicos enxerguem e resolvam estes contratempos de forma remota”, comenta Mario Santos, CEO da empresa. “Com esta tecnologia, os elevadores passam menos tempo parados. Diminuímos o risco de desastres naturais e ajudamos a melhorar a segurança e a eficiência do equipamento, aumentando o tempo de vida útil dele”, argumenta. 

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Mercado bilionário

No gráfico de faturamento do setor, os elevadores apertaram o botão de subir. De acordo com dados da Elevator & Escalator Market Size, da consultoria Arizton Advisory & Intelligence, o segmento movimentou 2,7 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões) em 2024 e a expectativa é que nos próximos anos este valor se torne mais significativo, impulsionado pelo avanço nos lançamentos imobiliários e por programas, como o Minha Casa, Minha Vida.

+ Mooca atrai incorporadoras, tem boom de lançamentos e se transforma

“A verticalização imobiliária é a grande força motriz deste segmento”, analisa Daniel Almeida, gerente geral da ExpoElevador 2025. “O setor passa por um processo de aporte de novas tecnologias, como o monitoramento remoto do elevador por IA e IoT. Isso possibilitará, por exemplo, que, se o passageiro ficar preso, ele seja liberado remotamente em minutos”, ilustra o executivo. 

Almeida destaca, também, a redução da necessidade de espaços em novos elevadores em projetos imobiliários. “As máquinas agora são menores, mas mais potentes. Assim, não há mais necessidade de espaço reservado para casa das máquinas, o que diminui a área construída e, consequentemente, o custo”, comenta.

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Segurança

Na esteira do crescimento financeiro, os elevadores precisam continuar no topo do ranking de segurança entre os meios de transporte. Porém, dados do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo mostram que, no último ano, aumentou em 11,5% o número de pessoas resgatadas após ficarem presas em elevadores na região.

Foram 770 atendimentos em 2024, em comparação aos 685 em 2023. Só nos primeiros três meses de 2025, já foram registradas 187 ocorrências. “O maior problema do setor atualmente é que tem muitas empresas novas chegando e elas não estão preparadas”, analisa Carlos Eduardo, fundador da On Soluções Engenharia. 

Expectativa do segmento é atingir 207.4 bilhões de dólares até 2028, segundo dados da pesquisa “Elevators & Escalators Market by Type”, divulgada pela empresa MarketsandMarkets / Crédito: Renato Lombarde/Divulgação ExpoElevador 2025

Ele contabiliza que apenas em 2025, ocorreram 21 acidades com vítimas, sendo uma delas fatal. Em 2024, o número de acidentes com vítimas chegou a 60, com 41 mortes. 

“Muitas vezes, as manutenções são falhas e feitas por serralheiros e pequenos negócios que não seguem as normas técnicas”, alerta. “As incorporadoras e síndicos, querendo economizar, acabam colocando riscos em vida”, critica o engenheiro mecânico. “Tem empresa que cobra 80 reais por manutenção e responsabiliza cada técnico pelo cuidado de 200 elevadores”, ilustra.

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A visão de Eduardo é corroborada por Sergio Cardoso, especialista em elevadores da Schmersal, empresa focada em sistemas de segurança. “Acidentes não são obra do acaso. Eles não ocorrem por causa de um único erro. São resultados de uma cadeia de decisões mal tomadas, que passam por instalação, especificação, manutenção e contratação de serviços”, analisou o executivo durante um painel no evento.

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