[OPINIÃO] Do ovo ao multifamily: a inovação no mercado imobiliário nasce das pessoas
Alvaro Coelho da Fonseca é fundador da imobiliária Coelho da Fonseca
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As pessoas são criativas ou o mercado imobiliário é criativo? Isso é como responder se quem nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha.
A criatividade é uma habilidade humana. No setor imobiliário, são as pessoas – corretores, investidores, desenvolvedores, arquitetos, profissionais de marketing e até mesmo os próprios clientes – que trazem as ideias inovadoras.
O poder criativo do mercado de imóveis tem diversas facetas. Ele cria ferramentas para conceber e comercializar seus produtos. As empresas de intermediação treinam seus corretores para apresentar esses produtos de forma cada vez mais diferenciada. Investem em pesquisa e desenvolvimento de novos instrumentos, e inventam novas estratégias de vendas. Alguns anos atrás, ninguém imaginava trazer os clientes a salas de imersão com projeções de 360º com altíssima definição.
Já os investidores criam ao desenvolver novas estratégias de investimento e financiamento para contornar métodos tradicionais, como House Hacking – em que você compra uma propriedade com múltiplas unidades (como um duplex, triplex ou até um prédio de 4 unidades), mora em uma e aluga as unidades restantes)-; o Lease Options – modalidade que proporciona flexibilidade e tempo para a transição do aluguel para a compra (ambos muito utilizados nos Estados Unidos); ou os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), por exemplo.
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Incorporadores e arquitetos usam sua criatividade para conceber e projetar espaços diferenciados, explorar novas oportunidades, resolver problemas ou para atender a necessidades emergentes, como áreas flexíveis para home offices no pós-pandemia ou designs sustentáveis.
O que o mercado imobiliário cria, por assim dizer, recompensa a criatividade das pessoas. Para inovar, ele absorve e dissemina as novas estratégias, modelos de negócios e tecnologias idealizadas pelos indivíduos. A criatividade das pessoas leva à formulação de novos nichos de mercado (imóveis sustentáveis, espaços de coworking, aluguéis de curta duração) que antes não existiam.
Em suma, o que temos é uma relação de causa e efeito: as pessoas são a fonte da criatividade e o mercado imobiliário é o palco e o recipiente dessa criatividade. Ele reflete, difunde e se transforma por meio das inovações que as pessoas injetam nele.
Um exemplo de produto inovador é o multifamily (ou Build-to-Rent – Construir para Alugar). Diferente do padrão tradicional de condomínio no Brasil, em que cada apartamento tem um proprietário individual, as várias unidades do empreendimento inteiro pertencem a uma única entidade ou proprietário.
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O modelo, que nasceu há mais de 100 anos nos Estados Unidos, é relativamente novo no mercado imobiliário brasileiro, e vem ganhando força como tendência de investimento.
A ideia de construir e gerenciar todo um empreendimento exclusivamente para locação, sob um único CNPJ e com gestão padronizada (o que caracteriza o multifamily institucional), começou a se consolidar e a se expandir de forma profissionalizada a partir de meados da década de 2010 e, principalmente, no início dos anos 2020.
Hoje, esse segmento de mercado mostra forte crescimento em termos de estoque. Grandes gestoras globais estão anunciando investimentos bilionários em joint ventures com incorporadoras brasileiras, demonstrando confiança no potencial de longo prazo do mercado nacional.
Embora o epicentro seja o Estado de São Paulo, que concentra cerca de 90% do estoque total de unidades multifamily no Brasil, o conceito está se expandindo para outras capitais importantes, como Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro, com incorporadoras desenvolvendo projetos específicos.
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Esse nicho de mercado também oferece unidades de luxo (Premium), com localização nobre, serviços e amenidades típicos de hotéis sofisticados, design e gestão profissional focada na experiência do morador
O multifamily transformou o tradicional mercado de aluguel residencial em um negócio institucionalizado e profissionalizado, gerando previsibilidade e escala para grandes investidores.
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