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As fachadas ativas deram certo? Quais são os impactos delas em São Paulo?

Grazielle Gomes é arquiteta sócia-diretora da aflalo/gasperini arquitetos

Por:Grazielle Gomes 21/04/2024 3 minutos de leitura
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"A ideia é que o desenvolvedor faça uma pesquisa de mercado, para analisar se existe potencial de viabilidade ao uso misto"/ Crédito: AdobeStock

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Aprovada no Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo desenvolvido em 2014, a Fachada Ativa tem o objetivo de substituir os muros e grades de edifícios residenciais por restaurantes, cafeterias, livrarias e lojas dos mais diversos usos com suas vitrines diretamente abertas para as calçadas. 

O benefício concedido às incorporadoras que adotam as fachadas ativas é de 20% ou 50% da área do terreno, a depender do Zoneamento onde o lote está inserido. 

Logo que aprovada na lei, esta nova possibilidade causou um certo estranhamento, com as incorporadoras que temiam a desvalorização dos empreendimentos.

O resultado, constatou-se depois, foi justamente o contrário. A proposta da Lei é um resgaste do conceito de ter um térreo mais ativo, com maior integração humana, que se conecta à cidade, dialoga com o bairro e transforma as calçadas em passeios agradáveis. As fachadas estimulam as pessoas a circularem mais por entre os bairros e apropriarem-se da cidade, sem contar o aumento da sensação de segurança nas ruas. 

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As fachadas ativas, ao substituir os tradicionais muros, são como janelas que se abrem para novas oportunidades e interações. Elas desafiam a rigidez dos empreendimentos, convidando a cidade para dentro de seus espaços, ressignificando a relação entre o público e o privado.

O que era temido virou uma grande tendência: o empreendimento de Uso Misto. Junto desta nova tipologia, chegaram respostas às dúvidas. 

A ideia é que o desenvolvedor faça uma pesquisa de mercado, para analisar se existe potencial de viabilidade ao uso misto, afinal, ele não é obrigado a usar o benefício. Ele é apresentado como uma opção que, para ser eficiente e garantir o sucesso a que se propõe, pede uma análise mais profunda do entorno onde o novo projeto estaria inserido. 

Ao longo desses anos, temos visto casos muito bem-sucedidos, como o mercado St. Marche, que fica no térreo da “Quadra Habitarte” na Rua Nova York, no Brooklin; ou o mercado Varanda que continuou funcionando durante a construção do empreendimento “Varanda Cidade Jardim”. 

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Também temos o no restaurante Arturito, da chef Paola Carosella, na Rua Chabbad, no térreo do Alameda Jardins, além de uma grande nova agência do Banco Itaú dentro do White 2880, na Av. Rebouças, dentre muitos outros casos de sucesso.

A implementação eficaz das fachadas ativas não apenas agrega valor à cidade, como contribui para a vitalidade econômica do entorno. Por gerar espaços que trazem praticidades de uso e consumo aos moradores do bairro.  No entanto, é imperativo salientar que, se mal executadas, essas fachadas correm o risco de se tornarem espaços ociosos, desperdiçando o potencial dinâmico que poderiam oferecer. 

A combinação de residências, comércios e espaços de lazer cria uma trama urbana rica e dinâmica, proporcionando uma experiência completa e integrada para os cidadãos. 

Além disso, a partir do momento que se propõe a implementação da fachada ativa no nível da rua, a área de lazer dos empreendimentos, anteriormente comuns no térreo, sobem para a cobertura, seja do embasamento das lojas ou o rooftop do edifício. Desta forma, há uma melhoria da vista das áreas de lazer, antes entre muros, o que valoriza o empreendimento como um todo.

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Sem dúvida alguma, a proposta definida há uma década, comprovou-se um caminho de sucesso que está promovendo o dinamismo urbano e o mais importante, trazendo maior qualidade de vida para as pessoas. Vale ressaltar que após 10 anos de aprovação do PDE-2014, o plano do diretor da cidade passou por uma nova revisão e ajustes que trazem legitimidade para esta reflexão no momento.

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