Inteligência artificial impulsiona transformações na gestão de obras
Empresas adotam tecnologia para promover inovações e mudar processos consolidados
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O mercado de inovação vivenciou um sentimento de reviravolta global com a popularização do ChatGPT. Desde então, uma série de iniciativas semelhantes surgiram com a ideia de utilizar a inteligência artificial como alicerce tecnológico. No entanto, bem antes disso, empresas usam a ferramenta para se destacar no setor imobiliário, uma indústria tradicionalmente analógica.
“O termo ‘inteligência artificial’ tem um certo bloqueio entre profissionais da área. Quando você fala disso, as pessoas pensam em robôs de metal andando no canteiro de obras”, contextualiza Diego Mendes, CEO e fundador da ConstruCode, uma startup que utiliza a tecnologia para tornar a gestão de projetos de construção mais simples. “Meu maior desafio é provar que digitalizar processos descomplica o trabalho”, comenta.
Fundada em 2018, a empresa se propõe a automatizar atividades gerenciais dos canteiros e substituir os documentos de papel por versões digitais, para fazer com que os ajustes e as análises sejam mais dinâmicos e acessíveis. “A construção tem muitos hiatos e atrasos que ocorrem por causa de costumes obsoletos e lentos. É uma maneira de sistematizar essa rotina”, resume Mendes.
O ex-analista de sistemas conta que a inteligência artificial faz parte da jornada de aperfeiçoamento das práticas comuns ao setor. “A nossa plataforma monitora tudo o que os profissionais fazem para corrigir os erros. As alterações e os ajustes iniciais são feitos pelos próprios projetistas e a ferramenta vai se adaptando. Quando aquele erro está prestes a se repetir, o sistema emite um alerta para evitá-lo”, explica.
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Adaptação ao setor
A ConstruCode viveu um momento de evolução durante a pandemia, quando a construção era considerada atividade essencial. Na época, Mendes lembra, os engenheiros não queriam precisar lidar com o dia a dia da obra presencialmente, então contavam com equipes de campo que colocavam em prática aquilo que haviam decidido para os projetos.
No entanto, nem todas as companhias pareciam adaptadas a essa demanda. “Algumas empresas eram contra. Diziam que os profissionais do canteiro não conseguiriam utilizar a plataforma”, ilustra. “Muita gente ainda subjuga as equipes de campo. Nós provamos o contrário e mostramos que essas pessoas estavam preparadas, sim, para lidar com essa exigência.”
Mendes acredita que, depois da pandemia, esse cenário mudou. “As empresas estão desesperadas por tecnologia, pois aquelas que querem se manter competitivas já estão usando ou vão começar a utilizar”, pontua. Essa proposta de descomplicar processos básicos com o uso de tecnologia pode trazer, também, economia para as companhias.
Orçamentos automatizados
Fundada em meados de 2015, em Macapá (AP), a OrçaFascio nasceu para resolver um ponto que envolve qualquer tipo de empreendimento: o custo. A empresa promete acabar com aqueles gastos imprevistos que só quem já fez uma reforma em casa conhece. Para isso, desenvolveram um software em que o engenheiro adiciona os dados da construção e recebe um relatório com o cálculo do quanto vai custar a obra.
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Batizada de SOFIA (Sistema OrçaFascio de Inteligência Artificial), a tecnologia se baseia em valores de projetos desenvolvidos anteriormente e índices de custos oficiais divulgados periodicamente. “Apesar de regionalidades e especificidades que podem variar de uma empresa para outra, as construções costumam seguir um caminho parecido”, justifica Antonio Fascio, CEO e cofundador da companhia.
“No geral, tratam-se de formas geométricas com três dimensões contendo cimento, areia, chapisco, o custo com o pintor, pedreiro etc. Para cada metro quadrado, costuma-se gastar uma quantidade específica de material. Com base nestes dados, a SOFIA calcula qual será o valor total”, detalha Fascio, ao lembrar que essa é a continuação de um trabalho que ele fazia quando era mais jovem.
Filho do proprietário de uma construtora, ele relata que costumava ajudar o pai realizando orçamento de obras. Na época, fazia isso utilizando o excel e outros softwares específicos. Quando o pai faleceu, resolveu criar a empresa como uma forma de homenageá-lo. A OrçaFascio nasceu em 2010, mas já passou por uma série de transformações até ter a inteligência artificial no centro do negócio.
Fascio defende que 2023 e 2024 serão determinantes para a consolidação da tecnologia no País. “A maioria das empresas da construção civil ainda não tem projetos digitais, mas isso vai começar a mudar. Nos próximos anos veremos uma corrida inédita para revolucionar o setor. Essa tendência vai se refletir em transformações nos canteiros de obra e no boom da economia”, prevê.
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