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São Paulo comemora 466 anos com arquitetura preservada

Aproveite a data para conhecer pontos importantes do patrimônio arquitetônico da cidade fazendo um passeio pelas ciclovias e ciclofaixas!

Por: Da Redação/ Fotos: Silvio Ribeiro 24/01/2020 7 minutos de leitura
MASP: arquitetura de Lina Bobardi completou 80 anos em 2018/ Crédito: Silvio Ribeiro

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. Começando na Avenida Paulista, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) foi fundado em 1947. Primeiramente instalado na rua 7 de Abril, no centro, o museu foi transferido em 1968 para a atual sede, com o icônico projeto de Lina Bo Bardi, que se tornou um marco na história da arquitetura brasileira. Tanto seu acervo como seu visual exterior, com o vão abaixo de sua estrutura, são atrativos. O acesso pode ser feito via ciclovia na Paulista, estação Trianon-MASP do metrô ou corredores de ônibus.

. A ciclovia da Paulista se estende até a esquina com a Rua da Consolação. Para ciclistas ou caminhantes, é possível descer a Consolação no sentido centro para continuar o passeio. Observe que, no período seiscentista, a Rua da Consolação era uma estrada que levava à vila de Sorocaba, atual centro, região que abastecia a cidade com produtos agrícolas.

. O cemitério da Consolação, no número 1660, é o mais antigo estabelecimento público desse tipo na cidade, fundado em 1858. Ele abriga uma das maiores coleções de arte tumular do Brasil. Lá também estão os túmulos da Marquesa de Santos, da família Matarazzo, e de algumas das maiores personalidades da cidade, como Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Monteiro Lobato.

. A Igreja da Consolação, no número 585, foi construída originalmente entre 1799 e 1801, mas passou por muitas reformas até chegar à versão atual. O edifício foi feito em estilo neorromânico, quando a rua ainda se chamava Estrada de Pinheiros. Durante a ditadura militar, o local foi porto seguro de jornalistas que não podiam se reunir no sindicato logo à frente, na Rua Rego Freitas.

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. Descendo um pouco, no número 94, está a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, a segunda maior do Brasil, só superada pela Biblioteca Nacional. Ela foi fundada em 1925, a partir do acervo da Câmara Municipal, e guarda muitas obras raras, como mapas do começo do século XIX que só podem ser consultados por pesquisadores. De um lado há uma estátua de Camões, tido como o maior escritor em língua portuguesa, e do outro a de Miguel de Cervantes, o maior escritor em língua espanhola. A praça Dom José Gaspar, no fundo da biblioteca, também é uma atração. Ali era a chácara do bispo Dom José Gaspar da Fonseca e Silva, o primeiro arcebispo de São Paulo, que morreu num acidente aéreo do qual também foi vítima o jornalista Cásper Líbero.

. Ao final da Rua da Consolação é possível pegar um pedacinho da Rua Quirino de Andrade, Rua Bráulio Gomes e 7 de Abril. Ali está o Largo da Memória, onde se encontra o Monumento da Memória, o mais antigo obelisco de pé na cidade, erigido em 1814 pelo engenheiro militar Daniel Müller. O símbolo foi feito para lembrar a presença das autoridades civil, militar e religiosa da época, por isso tem três lados. O local onde fica, ao lado da estação Anhangabaú do metrô, era o antigo Largo do Piques, onde funcionava o maior leiloeiro de escravos da cidade, propriedade do português Antonio Piques. Também vale notar que a Rua 7 de Abril recebe esse nome porque a data lembra a abdicação de Dom Pedro I ao trono.

. Andando por um pedacinho da Rua Coronel Xavier de Toledo, chega-se ao Teatro Municipal. O espaço foi baseado no projeto do Teatro Scala, de Milão, e é uma atração à parte. Quando foi fundado, em 1911, era frequentado pelos paulistanos mais ricos e seu arquiteto foi o principal profissional dessa área na cidade: Ramos de Azevedo, quem nomeia a praça lateral. As esculturas que “seguram” as bases da estrutura são cariátides, figuras míticas baseadas na crença dos gregos segundo a qual Zeus castigou os habitantes da ilha de Cárias por ficarem do lado dos troianos na guerra contra os gregos. Daí, com a derrota de Tróia, foram castigados e se tornaram escravos dos vencedores. O mito foi transmitido aos romanos. Os artífices italianos que vieram para São Paulo no início do século passado para trabalhar na construção civil usavam colocar cariátides nos prédios paulistanos.

. Ao lado do Teatro Municipal, o Viaduto do Chá foi nomeado assim por causa das plantações de chá do Barão de Itapetininga, que também nomeia a rua próxima. O Barão vivia ali e fez uma espécie de pedágio para cobrar as pessoas que precisavam transitar por aquela área, como uma oportunidade de explorar economicamente as terras de sua propriedade.

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. A Rua Líbero Badaró homenageia o jornalista italiano do Observatório Constitucional, que foi morto no local por dois sujeitos armados de faca. O fato teria ocorrido porque o jornalista se revelou crítico do representante regional do rei Dom Pedro I. O jornalista era um defensor da liberdade. Nessa rua também fica o edifício mais antigo de São Paulo: Sampaio Moreira, número 340, cuja inauguração ocorreu por volta de 1926. Somente depois, em 1929, foi inaugurado o Martinelli, primeiro arranha-céu da cidade.

. Passando pela Praça do Ouvidor Pacheco e Silva chega-se à Rua Benjamim Constant, que homenageia o pensador, um dos primeiros grandes republicanos. O Largo São Francisco, que abriga a faculdade de Direito da USP, representou com sua inauguração um novo tempo na história de São Paulo, porque permitiu que a cidade se tornasse mais cosmopolita. Os primeiros presidentes republicanos estudaram lá. O prédio tem muitas histórias interessantes, como o túmulo do professor Julius Frank localizado no pátio interno. O professor alemão deu aulas no prédio e fundou uma sociedade secreta chamada Bucha que envolveu várias personalidades famosas, como o Barão do Rio Branco, Rui Barbosa e presidentes do Brasil no tempo da República Velha. O corpo lá permaneceu porque, por ser luterano, o professor não poderia ser enterrado em cemitério católico. Vale notar que o edifício era propriedade da igreja de São Francisco, localizada ao lado, e foi desapropriada pelo Estado para se construir a faculdade de Direito por se considerado o melhor prédio da cidade até aquele momento. O evento foi alvo de muitas críticas e estranhamento, já que a população local de São Paulo, à época, sequer falava português direito. Falava-se uma mistura do português com a língua indígena local, chamada inhangatú.

. A Praça da Sé, marco zero da cidade, é um local referencial, já que todas as estradas de São Paulo partem daquele ponto e toda a numeração das ruas o tem por referência inicial. Já a Catedral da Sé, referência arquitetônica neogótica no Brasil, chegou a ser reconstruída três vezes desde a sua primeira edificação, em 1591. Em 31 de outubro de 1975, oito mil pessoas se reuniram naquela Catedral para um ato ecumênico comandado pelo então cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino da Confederação Israelita Paulista, Henry Isaac Sobel, e pelo reverendo Jaime Nelson Wright, pastor presbiteriano. Uma semana depois de o jornalista Vladimir Herzog, sido morto nos porões do Exército, a celebração se configurou como um desafio ao regime militar.

. Passando pela Praça João Mendes e pelo Largo 7 de Setembro, chega-se à Avenida Liberdade. Ali, em frente ao metrô, ficava a última forca de São Paulo, onde foram mortos muitos escravos no período setecentista. A Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, no número 238, é um lugar lúgubre em memória aos escravos que não conseguiram fuga para a mata a partir daquele ponto. A Liberdade, que já foi conhecida como um bairro japonês, na verdade é um bairro oriental, abrigando também elementos da cultura coreana, chinesa e de outras localidades.

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* O roteiro foi pontuado pelas dicas do historiador e jornalista Moacir Assunção, autor de 12 livros. Entre eles, dois foram finalistas do Prêmio Jabuti: Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião (Record, 2007) e São Paulo deve ser destruída (Record, 2016), sobre a Revolução de 1924.

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