Quem está passando esse período de confinamento com crianças sabe o quanto está sendo difícil para os pequenos ficarem tanto tempo em casa sem seguir com aquela rotina de gastar energia em passeios no parque, na escola ou mesmo nos brinquedos do condomínio. Por isso, com a ajuda da psicóloga e idealizadora do Movimento Criação Neurocompatível, Márcia Tosin, preparamos algumas dicas de como tornar a quarentena uma oportunidade para pais e filhos realizarem atividades juntos.
“A criança tem um aparato orgânico natural voltado para o movimento, então o nosso desafio é não ter, pelo menos em alguns períodos do dia, um impeditivo para que isso aconteça. Quais são esses impeditivos? As telas. Isso não significa que os pais não possam fazer uso delas neste período crítico que os próprios adultos se pegam refletindo sobre que tarefa realizar. Mas que em períodos do dia a tela não seja usada”, destaca Márcia.
Ela explica ainda que combinar um horário do dia para o uso das tecnologias é um importante estabilizador de ansiedades. “A criança se sente bem quando a vida parece estável e os pais diminuem crises intensas de comportamento. Quando mostramos que a conduta da casa funciona assim, tudo fica mais fácil”, conta a especialista.
1 – Imaginação
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A primeira dica, segundo a psicóloga, é deixar a brincadeira ser levada pela criança. “São elas que sabem brincar e não nós! A criança é o ator principal da brincadeira e nós os coadjuvantes. Devemos centrar nelas, independente da situação ser uma pandemia ou não. Deixemos a criança criar, trocar de castelo da Idade Média para uma aventura no Safari. A brincadeira só pode ser chamada assim quando a criança pode fantasiar e ter garantia que a sua forma de pensar e dirigir é levada em conta. Mesmo em grupo, as crianças estão agindo nessa perspectiva”, afirma ela.
2 – Movimento
A segunda dica é brincadeiras de movimento. Se você tem espaço, aposte no “mãe-pega” (mãe-cola), esconde-esconde, futebol, brincadeiras com bola (queimada, vôlei), etc. Agora, se você não tem, opte por “brincar de circuito”, uma série de pequenos desafios, como cambalhotas, contorno de obstáculos e corda entre móveis. “Todas as idades adoram, principalmente se o adulto também participa.”
“Objetos de plástico no chão para pular, cambalhotas em cima da cama e passar por debaixo de móveis são atividades que trabalham a coordenação motora grossa da criança. Para as atividades de coordenação motora fina: desenhos, tinturas, gizes, recortar revistas, colagens em caixas coloridas”, recomenda Márcia.
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3 – Cognitivas
Márcia esclarece que as atividades cognitivas de reflexão e do dia a dia são bons amparadores do uso excessivo de telas. Contar talheres, brincar com cores, fazer receitas, cultivar plantas em pequenos vasos ou jardins. “Esse período pode ser sim de grande estímulo infantil. Se os pais não conseguirem seguir muito essas dicas, eles podem fazer apenas uma coisa: proximidade física! Estar junto, conversar olho-no-olho com a criança. Essa é a melhor estratégia sempre. Não há o que supere a entrega relacional, o estar junto de verdade no desenvolvimento infantil.”
4 – Histórias
Crie um momento do dia para a contação de histórias. Peça para a própria criança escolher o livro ou o conto. Além dos livros, você pode narrar aventuras da sua própria infância, lembrando de fatos divertidos, aproveitando fotos antigas para criar um cenário na cabeça dos pequenos.
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5 – Democrática
“A outra coisa é a técnica que eu chamo de ‘é conversando que a gente se entende’ para as crianças com mais de seis anos e adolescentes. Sob um momento agradável (um jantar especial, por exemplo), todos sentam e discutem juntos de forma democrática como reorganizar a rotina, o que está bom para cada um. Cada um tem o seu espaço, mesmo que a criança não cumpra (porque muitas vezes também não cumprimos), a criança sabe como seria o correto, evitando que os pais deixem o ambiente tenso para todos.