Investimento estrangeiro impulsiona mercado imobiliário do litoral brasileiro
Movimento impacta aspectos financeiros e sociais de cidades litorâneas
Publicidade
A faixa de areia e o pôr-do-sol que ilustram os cartões-postais brasileiros estão com um sotaque cada vez mais internacional. Investidores estrangeiros estão de olho nos empreendimentos construídos nas cidades litorâneas brasileiras e fazem parte de um mercado que envolve cifras milionárias. O movimento impacta o desenvolvimento local, valoriza a região e vem gerando polêmicas sobre a ocupação de espaços.
Um estudo realizado pela consultoria imobiliária VMV Real Estate Consulting mostra que nos últimos quatro anos houve um aumento de 450% nas vendas de imóveis para clientes estrangeiros em mais de 24 estados brasileiros. O levantamento traz que, antes deste período, apenas 3% das vendas de incorporadoras em cidades litorâneas eram para compradores estrangeiros, agora a média está em torno de 12%.
“Rio de Janeiro, Recife e Alagoas já são famosas por atrair investimento estrangeiro. Mas Troncoso, por exemplo, ninguém conhecia há 10 anos e hoje não cabe mais ninguém. Maranhão, Fortaleza, Recife e Rio Grande do Norte são os líderes de venda”, diz o sócio e fundador da VMV Real Estate Consulting, Marcelo Volker.
Segundo ele, os investidores de Portugal e Espanha e Portugal lideram as compras. “O comprador faz uma proteção do seu patrimônio ao ganhar em euro e adquirir imóveis em real.”
Publicidade
Perfil do investidor
De acordo com Volker, o público internacional que compra imóveis no litoral é composto, em sua maioria, por profissionais liberais estrangeiros que olham para o mercado brasileiro como fonte de renda. “Diferentemente do corporativo, é uma espécie de investimento emocional. São pessoas com família no Brasil ou que já viajaram para cá e se apaixonaram pelo litoral. Depois de comprar o apartamento aqui, colocam para alugar. Como a taxa de juros na Europa é muito baixa, não compensa colocar dinheiro no banco lá, então o valor do aluguel aqui rende mais.”
O crescimento no número de investimentos tem sido impulsionado por ações e iniciativas locais que fomentam este tipo de negócio. Além de serem cidades com grande fluxo turístico, bastante procuradas pelo setor hoteleiro e residencial, houve um avanço positivo da infraestrutura, aumento da malha aérea e um câmbio monetário que incentiva essas transações.
Há ainda outro ponto favorável: o desenvolvimento tecnológico notável de imobiliárias e incorporadoras. “A possibilidade de comprar um imóvel de forma online acelera processos. Antes, o comprador precisava vir até o Brasil e enfrentar uma burocracia imensa. Agora basta entrar no site e enfrentar uma jornada digital”, afirma Volker.
Riscos ambientais
O apelo da beleza das praias e o potencial turístico das cidades litorâneas fomenta um ambiente que pode ser segregador. Enquanto as costas são ocupadas por investidores estrangeiros e grandes incorporadoras, os antigos moradores destas regiões são empurrados para as periferias, onde as condições topográficas criam cenários que nem sempre são habitáveis de forma segura.
Publicidade
“Não existem políticas públicas claras de proteção ao meio ambiente no litoral. Atualmente, as únicas políticas que existem não requalificam o espaço, só recompensam. Se um comprador transforma todo o ambiente, ele planta árvores em outros lugares e está resolvido”, critica Volker. “Um grande investimento muda a dinâmica da cidade e é preciso pensar em estratégias para o impacto ser benéfico para a população.”
Volker cita o Residencial Alma Maraú, condomínio construído no município de Maraú, na Bahia, como exemplo positivo. Entre as iniciativas adotadas pela F2 Incorporadora, responsável pelo projeto, estão o compromisso de preservação de todas as árvores centenárias localizadas no loteamento e a realização de treinamentos para educar a comunidade que vive no entorno do espaço.
NOTÍCIAS MAIS LIDAS
NEWSLETTER
IMÓVEIS
Inscreva-se e receba notícias atualizadas do mercado de imóveis