Loteamento Urbano

Balneário Camboriú expande e novos bairros atraem milionários

Com escassez de terrenos, incorporadoras de alto padrão voltam os olhos para as regiões / Crédito: Sergio/AdobeStock
Breno Damascena
29-01-2025 - Tempo de leitura: 4 minutos

Não é de hoje que os ricos do Brasil descem para Balneário Camboriú. O fluxo de pessoas migrando para a cidade catarinense nos últimos anos transformou a região de maneira irreversível. O preço dos imóveis sobe na mesma ferocidade que se erguem arranha-céus e, diante da inevitável escassez de terrenos, os incorporadores locais agora expandem seus negócios para outros cantos. 

Em meados de 2023, a última casa de madeira que resistia na Avenida Atlântica foi demolida para dar lugar a um prédio de 12 andares. A propriedade era um dos últimos resquícios que resistiam de uma BC pré-especulação imobiliária. Atualmente, o valor do metro quadrado na avenida está avaliado em R$ 30 mil, segundo dados da Sort Investimentos. 

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Para efeitos de comparação, o preço do metro quadrado no Leblon está avaliado em R$ 24.119, de acordo com o Índice FipeZAP. É na Avenida Atlântica que estão, por exemplo, o One Tower e o Epic Tower, edifícios que aparecem entre os 10 mais altos do Brasil. Na esteira destes superlativos, Balneário Camboriú começou a ficar sem espaço para construir.

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Novos bairros

De olho neste cenário e com o propósito de não atravancar a expansão da cidade, a Câmara dos Vereadores local aprovou, em dezembro de 2024, uma lei que oficializa a construção de quatro novos bairros: Laranjeiras, Taquaras, Estaleiro e Estaleirinho. 

“Este conjunto antes era conhecido como região das praias agrestes, no sul do município”, contextualiza o professor Fernando Calvetti, doutor em planejamento urbano e professor do departamento de arquitetura e urbanismo da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). 

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Ele explica que a justificativa para a elaboração e aprovação da lei é que, com a crescente demanda imobiliária e turística, essas quatro localidades possuem demandas específicas, assim como organizações e associações de moradores.

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Exclusividade e prédios baixos

Em contraste ao que se observa na Avenida Atlântica, a Praia do Estaleiro hoje é ocupada por mansões e prédios baixos. Porém, o luxo e a exclusividade continuam presentes na região, com propriedades que custam dezenas de milhões de reais. “O Estaleiro não está longe do centro de Balneário Camboriú, o que facilita o acesso a infraestrutura, comércio e serviços”, pontua Calvetti.

“Com a saturação de áreas mais centrais, o Estaleiro surge como uma opção viável para novos empreendimentos”, acrescenta o professor. De fato, apesar da oficialização ser recente, incorporadores e investidores já olhavam para a região com interesse. 

Fabrício Bellini, CEO da Blue Heaven, afirma que a construtora está atenta à região há pelo menos dois anos. “Com rígidas normas ambientais, que limitam as construções a três pavimentos em frente ao mar e restringem a ocupação dos terrenos a 40%, o Estaleiro preserva a sua essência natural, garantindo a exclusividade e a valorização”, analisa. 

A Blue Heaven está à frente do Monolyt, um empreendimento residencial de luxo em construção em um terreno de mais de 7,5 mil m². Com direito a piscinas privativas, o projeto prevê a entrega de 24 unidades de 260 m² a 550 m², incluindo duas coberturas duplex.

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Com escassez de terrenos, incorporadoras de alto padrão voltam os olhos para as regiões / Crédito: Divulgação/Architects Office

O preço dos apartamentos varia de R$ 7,5 milhões a mais de R$ 17 milhões e deve começar a ser construído no início do segundo semestre de 2025, com previsão de entrega para meados de 2029. 

Incorporação imobiliária

Não à toa, a Blue Haven já antecipa outro projeto para a área, um residencial com apenas seis apartamentos. “A escassez de terrenos será alta. Em pouco tempo, Estaleiro será um lugar planejado com arquitetura conceito quiet luxury e projetos autorais com pequeno impacto paisagístico”, acredita o executivo.

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Ainda que a região seja protegida pelo Plano Diretor atual, o professor Calvetti contrapõe. Em sua perspectiva, a falta de arranha-céus no bairro deve durar pouco tempo. “Agora, com a definição oficial de que o Estaleiro e as outras regiões são bairros, a tendência é que mais prédios altos cheguem à região”, antecipa o professor. 

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“Claro que isso vai demandar uma infraestrutura e certas garantias do poder público, mas o mercado imobiliário é um eterno cabo de guerra entre ofertas e demandas. É inevitável que Balneário Camboriú continue crescendo. Não só para cima, mas também para os lados”, entende.