Na vida de Aline Silva, lutar é verbo, profissão e sina. Medalhista mundial de wrestling, ela teve uma infância marcada pela vulnerabilidade social e lutou para competir em duas Olimpíadas. Agora, com 37 anos, Aline quer ajudar mães solo e famílias das classes C, D e E a conquistarem a moradia própria. Nesta nova luta, os seus golpes são tecnologias como o Web3, o blockchain e a tokenização.
Batizado de Firmeza Token, o projeto da ex-atleta olímpica chega ao mercado imobiliário com a promessa de tornar a compra do primeiro imóvel mais acessível, flexível e justa. A estratégia para alcançar este objetivo passa por retirar barreiras que tradicionalmente impedem a população mais pobre de acessar a moradia própria: a entrada inicial, a aprovação no financiamento e as dívidas de longo prazo.
“Vejo muitos especialistas dizendo que não faz sentido financeiro comprar uma casa, mas a gente sabe como ter um lar é muito importante”, justifica Aline. A ideia, aliás, surgiu de uma perspectiva que ela mesma tinha sobre o tema. “No dia que o atleta de alto rendimento para de competir, ele não tem mais garantias. A fonte de renda seca. E eu tinha pavor desse cenário. Por isso, desde 2008, invisto em imóveis, pela segurança de um futuro”.
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Formada em educação física, ela começou a se interessar por Web3 e blockchain quando começou a fazer um MBA focado em investimentos. “O que mais me chamou atenção foi a tecnologia em si do que ativos como as moedas digitais. Assisti ao movimento de tokenização do mundo real e me atentei para as possibilidades no mundo imobiliário”, detalha Aline.
O Firmeza Token quer possibilitar que famílias consigam comprar uma casa em frações. Na prática, a startup vai adquirir imóveis em leilões e realizar a tokenização destas propriedades. Ou seja, criará uma representação digital dele.
O comprador interessado vai morar neste imóvel pagando um aluguel mensal e, enquanto isso, poderá comprar pequenas frações daquele bem. À medida que ele adquire mais frações, o valor do aluguel diminui progressivamente. Ao comprar todas as frações, o imóvel se torna totalmente do inquilino.
A tokenização é o processo de transformar um ativo real, como uma propriedade, em um ativo digital. Este ativo digital, então, passa a ser uma representação daquele bem, podendo ser vendido, gerenciado ou fracionado em diversos tokens.
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+ Como funciona a tokenização de um imóvel?
Todo o processo é fundamentado no blockchain, tecnologia que funciona como uma espécie de livro de registros digital que armazena blocos de dados de forma transparente e imutável. O blockchain garante que qualquer transação seja rastreável e assegurada por smart contracts.
Por conta dos smart contracts, se um dos envolvidos deixar de cumprir o acordo ou parte dele, o sistema bloqueia o processo automaticamente e só desbloqueia quando a ação é executada.
É com base nestas garantias que o Firmeza Token quer oferecer imóveis a um custo menor que os financiamentos tradicionais e com um prazo de quitação reduzido.
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“Desejo criar uma oportunidade para mulheres que lideram famílias, mães solo, pessoas que não são CLT, nem têm dinheiro guardado no banco para dar a entrada em um imóvel, mas possuem uma renda consistente”, esclarece Aline.
Primeira atleta do país a conquistar um ouro na luta olímpica, Aline Silva quer criar oportunidades para quem, assim como ela, teve poucas oportunidades na vida.
Aos 11 anos de idade, ela foi encontrada na rua depois de entrar em coma alcóolico perto da casa em que morava, no Cidade Ademar, bairro da zona sul de São Paulo. “Minha mãe decidiu me mudar de escola e a nova escola tinha contra turno onde eu poderia praticar esportes”, detalha. “Isso me fez ganhar medalhas, disputar campeonatos mundiais e participar de duas Olimpíadas”, pontua.
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Depois da trajetória profissional, Aline fundou a Mempodera, uma organização sem fins lucrativos que desde 2018 oferece gratuitamente aulas de Wrestling e inglês para adolescentes de 06 a 17 anos. Atualmente, o projeto está em Cubatão (SP) e São Luís (MA) e impacta mais de 600 jovens.
É a partir desta experiência de liderança em um grande projeto que a ex-atleta quer transformar o Firmeza Token em realidade. “Atualmente estamos validando o negócio e já contamos com alguns investidores. A expectativa é que ele seja lançado oficialmente no próximo ano”, antecipa.