[Opinião] A demanda por galpões e o avanço dos condomínios logísticos no Nordeste
Marcio Siqueira é Diretor Executivo de Operações da LOG CP

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Durante anos, o debate sobre o crescimento do mercado de condomínios logísticos no Brasil esteve pautado nas cidades que compõem o eixo Rio-São Paulo e, em menor escala, na região Sul. Nas últimas décadas, nosso país por um processo de concentração logística que refletia as prioridades da indústria e do varejo, em atender grandes centros consumidores, mas com um modelo baseado em operações com foco quase exclusivo no Sudeste.
Entretanto, as possibilidades começaram a se expandir a partir de um movimento que incluiu o Nordeste como um novo protagonista no mapa da logística nacional. Isso porque a combinação entre localização estratégica, crescimento da demanda de consumo no entorno e investimentos em infraestrutura tem pavimentado um caminho promissor para o desenvolvimento de galpões logísticos nas principais cidades nordestinas.
E não se trata apenas de um avanço setorial, mas de uma reorganização inteligente e descentralizada da cadeia de distribuição logística no Brasil.
O Nordeste se apresenta como uma alternativa atrativa para o desenvolvimento de galpões, tanto pela expansão do mercado consumidor quanto pelas oportunidades de ganhos operacionais que a região pode proporcionar.
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De acordo com dados do SiiLA, somente o Ceará recebeu, no último ano, mais de 327 mil metros quadrados de novos estoques logísticos, consolidando a capital como um hub em ascensão. Estados como Pernambuco e Bahia também vêm registrando forte avanço na ocupação de galpões, impulsionados pela chegada de grandes varejistas, empresas de e-commerce e operadores logísticos em busca de alternativas eficientes para a distribuição de mercadorias.
Nesse contexto, destaca-se também o avanço dos condomínios logísticos Classe A na região. Esses empreendimentos, projetados com foco em eficiência energética, segurança e flexibilidade operacional, são cada vez mais demandados por empresas que enxergam no Nordeste uma base estratégica para operações regionais e nacionais.
A construção em áreas metropolitanas de cidades como Fortaleza, Recife e Salvador, por exemplo, aproxima os centros de distribuição dos consumidores finais, reduzindo prazos de entrega e custos com transporte — fatores decisivos em um cenário de competitividade cada vez maior, especialmente no e-commerce.
Além das vantagens para o consumo, o desenvolvimento de novos condomínios e galpões logísticos apresenta impactos socioeconômicos relevantes, a partir da criação de empregos, da movimentação da economia local e do fortalecimento das cadeias produtivas regionais.
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Apesar dos avanços já observados, ainda existem desafios a serem superados, especialmente no que diz respeito à infraestrutura rodoviária, que carece de investimentos mais assertivos em alguns estados.
No entanto, a própria movimentação do mercado tem funcionado como um estímulo para a mudança desse cenário, uma vez que, quando grandes players decidem apostar na região, cria-se um ambiente mais favorável para novos investimentos públicos e privados.
O futuro da logística no Brasil está, cada vez mais, sendo moldado pelas oportunidades que surgem fora do eixo tradicional, e a ascensão do Nordeste é, sem dúvida, um grande reflexo desse momento. Agora, investir na região não é apenas uma questão de expansão, mas uma decisão estratégica, inteligente e alinhada com os rumos de uma logística mais integrada, competitiva e eficiente.
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