Como era a “cidade do futuro” sonhada por Walt Disney?
Projeto deu origem ao parque temático Epcot, que se tornou parte do Walt Disney World
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Em 1966, Walt Disney anunciou a construção de uma cidade planejada e futurista nos Estados Unidos. A visão utópica do empresário para o terreno de cerca de 100 mil metros quadrados que ele adquiriu na Flórida previa receber 20 mil moradores que viveriam em um distrito com tecnologias inovadoras e visionárias para a época.
Batizado de Experimental Prototype Community of Tomorrow (Protótipo Experimental Comunidade do Amanhã), o conceito desenvolvido por Disney simbolizava uma das suas últimas grandes iniciativas em vida. Projetada como a “cidade do futuro”, o Epcot tentaria ser a representação física das melhores práticas de engenharia, gestão e design na época.
Entre as inovações estavam, por exemplo, um parque de escritórios, um aeroporto com voos direto para a Disney World e um resort para receber os turistas.
Em um vídeo de cerca de 25 minutos lançado em outubro de 1966, ele explica que o projeto também previa a construção de um hotel de 30 andares, um anel de prédios de apartamentos, um centro de convenções e uma zona recreativa ao redor de um cinturão de parques.
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A expectativa do empreendedor era que o Epcot fosse uma cidade com tecnologia avançada e tivesse a sustentabilidade como um dos pilares. A premissa era criar um lugar modelo que poderia deixar um legado para o mundo em termos de planejamento urbano, arquitetura e governança. Não à toa, ele passou os últimos meses de vida voltado para o projeto.
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Uma das idealizações era que o distrito se tornasse autossustentável, com os moradores trabalhando nos estabelecimentos comerciais e escritórios do próprio local, sem precisar migrar para regiões distantes. Talvez a maior marca da cidade distópica planejada por Walt Disney era o banimento do automóvel.
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Envolta por uma cúpula cobrindo todo o território, a cidade futurística previa a criação de um estacionamento subterrâneo onde os moradores e visitantes poderiam deixar seus carros. E, ao invés deste meio de transporte, eles poderiam utilizar um monotrilho de alta velocidade que percorreria o distrito.
Em um artigo publicado na The Conversation, o professor de design urbano da Universidade de Havard, Alex Krieger, descreve os planos de Disney como radicais. “Na América louca por carros da década de 1960, essa era uma ideia verdadeiramente radical”, pontua.
Todo o projeto foi desenhado em torno de um movimento conhecido como “Novo Urbanismo”, que surgiu como uma resposta às cidades projetadas com foco nos automóveis.
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Com uma grande centralidade separada por cinturões sustentáveis, a Epcot se baseava em conceitos hoje populares como caminhabilidade, sustentabilidade e conectividade – simbolizada por uso misto, alta densidade, bairros verdes e transporte urbano elétrico. “Dada a tenacidade lendária de Walt Disney, teria sido fascinante testemunhar o quão longe sua visão teria avançado”, comenta Krieger no artigo.
Epcot nos dias de hoje
O pesquisador comenta que a Epcot de Walt Disney se encaixava em uma tendência que se consolidava nos EUA naquele momento. Os norte-americanos, sofrendo com congestionamentos frequentes e o aumento da densidade populacional nos grandes centros, migravam para subúrbios em busca de melhor qualidade de vida.
Surgia, assim, um novo tipo de negócio: bairros planejados desenvolvidos por empresários ricos para atender à população que buscava estas moradias.
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O projeto de Disney, no entanto, foi paralisado após sua morte, em dezembro de 1966. No lugar disso, a Epcot se tornou um dos parques temáticos construídos no Walt Disney World. Hoje, o lugar recebe mais de 12 milhões de visitantes por ano e é representado pelo Spaceship Earth, um grande globo que abriga um dos brinquedos mais famosos do parque.
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Mais tarde, durante a década de 1990, a Disney Corporation até desenvolveu uma cidade em uma de suas propriedades na Flórida. A “Celebration” está longe do futurismo e de ser uma cidade como Disney tinha pensado.
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Ao invés disso, os carros são permitidos e não existem políticas como a de emprego universal ou centros de inovações. Porém, o bairro se tornou uma região nobre com uma arquitetura característica do século XIX e que atrai endinheirados de diversos cantos do mundo.
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