Aluguel

Aniversário de São Paulo: Quem consegue morar de aluguel na cidade?

Capital com o aluguel mais caro do Brasil, cidade tem bolsões de riqueza que se traduzem em tempo de vida

Por:Breno Damascena 25/01/2025 4 minutos de leitura
Bairros mais valorizados da cidade têm metro quadrado acima dos R$ 90 por mês/ Crédito: Breno Damascena

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Terra da garoa, lar de restaurantes sofisticados e pátria de aluguéis ultra inflacionados. São Paulo atrai moradores de todos os cantos do Brasil e do mundo prometendo altos salários e infinitas opções culturais, mas quem chega na capital paulista precisa lidar com o custo da moradia. 

De acordo com dados do QuintoAndar, o preço do aluguel residencial subiu 9,75% só no último ano. E, medida que mais e mais prédios surgem no horizonte da cidade, a expectativa não é de que os preços caiam. 

Em áreas mais valorizadas, o preço do metro quadrado ultrapassa os R$ 80. E os preços continuam aumentando. Na Vila Olímpia, bairro nobre da zona sul, o metro quadrado para locação está avaliado em R$ 100,6. Ou seja, um apartamento de 60 m² custa aproximadamente R$ 6.036 por mês. Isso sem contar custos como o IPTU e o condomínio.

+ Aniversário de São Paulo: semana de eventos etílicos e um novo bar em Pinheiros

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Mesmo regiões historicamente menos valorizadas seguem este movimento. O bairro Vila Gustavo, que pertence ao distrito do Tucuruvi, na zona norte, ficou 25% nos últimos 12 meses. 

“São Paulo convive com aumentos contínuos dos preços dos imóveis para aluguel, fruto da dinâmica imobiliária da cidade e de componentes macroeconômicos. Desde julho de 2021, a capital não registra retração nos preços médios do metro quadrado”, aponta Pedro Capetti, especialista em Dados no QuintoAndar. 

Salários incompatíveis 

Segundo o Índice FipeZAP, apenas Barueri, cidade no interior do estado, tem o preço de aluguel mais alto que São Paulo. Entre as capitais, ninguém supera a terra da garoa. Diante deste cenário, o custo do aluguel esbarra na renda dos paulistanos. De acordo com dados de 2023 do IBGE, o rendimento domiciliar per capita dos habitantes da capital paulista é de R$ 2.492 mensais. 

Apesar de ser a segunda maior do País, atrás apenas do Distrito Federal (R$ 3.357), a renda evidencia o abismo que há entre a média da população e as pessoas capazes de pagar um aluguel nas zonas mais nobres da capital. 

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Por sua vez, o Relatório de Transparência Salarial, elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que a remuneração média na cidade é marcada por diferenças sociais. O salário médio da mulher negra é de R$ 2.745,76 e o da não negra é de R$ 4.249,71. No caso dos homens, os negros recebem em média R$ 3.493,59 e os não negros, R$ 5.464,29. 

As duas fontes de dados, porém, apontam para um cenário onde o aluguel é um desafio significativo na vida dos paulistanos. “Existe a crença de que quem mora de aluguel deve dedicar 30% da renda para esta despesa. No entanto, é preciso tomar cuidado porque não dá para generalizar”, observa  Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. 

“Este cálculo é mais eficiente para quem tem as rendas mais altas. As famílias mais pobres certamente gastam mais de 30% do salário com o aluguel e isso pesa muito no orçamento”, indica.

Bolsões de riqueza

O Mapa da Desigualdade de São Paulo, elaborado pelo Rede Nossa São Paulo, aponta que os moradores de Alto de Pinheiros, na zona oeste, têm uma expectativa de vida de 81 anos, 15 anos a mais do que quem vive em Itaquera, na zona leste. 

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Não, à toa, os preços dos imóveis são significativamente contrastantes. O valor médio do metro quadrado para locação em Pinheiros é de R$ 86,24, segundo o QuintoAndar. Em Itaquera, o valor do metro quadrado cai para R$ 29,59. 

Considerando o cálculo dos 30% da renda para pagar o aluguel, um imóvel de 60 m² demandaria uma renda média de R$ 17.248,00 por mês em Pinheiros. Já em Itaquera, a pessoa precisaria de um salário de um salário de R$ 5.918,00 por mês.

“São Paulo tem um comportamento ímpar no País. É uma cidade com uma renda alta e gente oriunda de diversos cantos. A alta procura por imóveis tende a encarecer os preços”, analisa Feldmann. 

+ Produção de estúdios em São Paulo compensa novas demandas habitacionais

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Este movimento, ele observa, se reflete na produção acentuada de estúdios e apartamentos menores para caber no bolso da população. “Os incorporadores perceberam que tem muita gente querendo morar em bairros melhores, mas que não consegue arcar com custos tão altos”. 

A recomendação do economista é que o morador busque bairros que se enquadrem melhor no orçamento. “O ideal seria usar esse dinheiro para comprar o próprio imóvel, mas é óbvio que muitos recorrem ao aluguel porque não têm essa opção. Neste caso, é melhor fugir dos bairros ultrarrequintados, como a Vila Nova Conceição, e encontrar outras opções mais acessíveis”, sugere.

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