Morar Com The New York Times

Marie Kondo ajudou, mas o que fazer com tudo o que sobrou?

Você pode acabar descobrindo que doar ou reciclar seus pertences indesejados é mais difícil do que parece

Por: Ronda Kaysen, do The New York Times 26/02/2020 6 minutos de leitura
Limpar e organizar pode ser só o começo de um looping infinito para separar e destinar itens descartados / Crédito: Trisha Krauss

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Limpe seus guarda-roupas e armários e, invariavelmente, você vai se deparar com uma pilha de coisas que têm que sair dali. Na arrumação, encontramos artigos que precisam de um novo lar, idealmente um destino especial, caso contrário você acabará enfrentando a desconfortável realidade de que as suas adoráveis coisinhas estão destinadas a um aterro sanitário.

Às vezes, para lidar com o desejo de se livrar daquilo, você pode tentar impor itens rejeitados a algum ente querido inconsciente. Mas quer saber de uma coisa? Seus amigos, parentes e vizinhos não querem aquele vestidinho preto que você comprou há mais de uma década, mas que usou duas vezes na vida. Eles não querem sua cópia esfarrapada de “Ulisses” ou seus discos de vinil, inclusive os do David Bowie.

“As pessoas acham que um álbum do Pink Floyd valerá dinheiro algum dia, mas não vale”, diz Zach Cohen, proprietário da franquia Junkluggers, que serve a região de Brooklyn e Manhattan transportando 250 caminhões de bens indesejados todos os meses. “Os vinis não valem dinheiro, não importa de quem seja. Alguém está vendendo no eBay por US $ 2.”

Então você passa para a sua próxima opção: caridade. Joga o liquidificador quebrado em uma sacola junto com o vestidinho preto, seus lençóis gastos e uma dúzia de outros itens aleatórios e leva tudo para o Housing Works. Só que instituições de caridade não são meramente embarcações vazias, ansiosas por receberem seu lixo. Elas têm padrões e agradeceriam se os doadores refletissem um pouco sobre o que passam adiante e de que maneira o fazem. Esses padrões variam e você precisa fazer a lição de casa sobre quem aceita o quê.

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Um lugar para cada coisa

Alguns prós e contras devem ser óbvios. Um gerente do brechó Cozinha do Inferno, da Housing Works, encontrou recentemente uma faca afiada jogada em uma mala cheia de roupas. Provavelmente uma má escolha de alguém que não sabe que um ser humano classifica fisicamente as coisas que são doadas. Não façam isso, pessoal. Não joguem suas facas junto com suas camisas sociais.

Inclusive, a Housing Works está movimentada, já que as doações tiveram alta de mais de 15% agora que os nova-iorquinos (junto com o resto da América) estão no meio de uma blitz descontraída inspirada em Marie Kondo. O Departamento de Saneamento da cidade disse que as organizações com as quais também fazem parceria relataram aumento nos negócios. A loja Goodwill, localizada na West 72nd Street, por exemplo, recebeu tantos itens que a equipe ficou sem espaço para classificar doações e teve que enviá-las para uma instalação em Astoria, Queens.

Com os Junkluggers não foi diferente. Houve acréscimo de 25% nas doações de Nova York em 2019 em relação ao ano anterior. A empresa, fundada em 2004 por Josh, irmão de Zach Cohen, tem sede em Connecticut, mas possui franquias em 16 Estados. A localização de Nova York cobra cerca de US $ 1.000 para remover 12 metros quadrados de um apartamento em Manhattan. Quanta coisa você pode espremer em 12 m²? “É mais do que você imagina”, afirma Zach Cohen.

A empresa leva o material para um armazém de 560 m² em Long Island City, Queens, onde é classificado e distribuído para várias instituições de caridade, centros de reciclagem e instalações de resíduos perigosos. Eles estimam que 16% dos materiais acabam em aterros sanitários. A empresa pretende reciclar ou doar 100% dos itens que coleta até 2020. “A maioria das pessoas pensa: ‘OK, minhas roupas estão manchadas, são lixo'”, explica Cohen. “Mas não precisa ser jogado fora. Existem muitas empresas têxteis que pegam roupas, tapetes, qualquer coisa que seja feita de tecido, reutiliza e recicla.”

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Separando e reorganizando o lixo

A cidade de Nova York gostaria que você parasse de jogar itens recicláveis ​​no lixo e por isso sugere a lista de destinos alternativos (ou o telefone da prefeitura). Suas toalhas esfarrapadas e meias velhas, por exemplo, podem ganhar nova vida como enchimento de estofados ou isolamento. Veja o mapa têxtil da cidade para encontrar o local de reciclagem mais próximo. (Você pode até ter uma lixeira para reforma de tecidos em seu apartamento ou prédio.) Seu aspirador de pó quebrado, no entanto, não deve ficar na calçada. Leve eletrônicos antigos e materiais perigosos, como tinta látex, baterias e lâmpadas fluorescentes, para locais especiais de coleta de lixo. (Se o seu prédio for um dos 8.800 da cidade com uma lixeira ecycleNYC, você poderá deixar seus eletrônicos antigos lá.)

Embora grande parte do que uma pessoa média descarta valha pouco ou nada, algumas das suas coisas podem realmente ter valor. A Worthy, uma casa de leilões online, compra pedras preciosas, joias e relógios. Às vezes, o anel da sua avó não vale o que você esperava – ou talvez valha mais. Roy Albers, o principal gemologista da Worthy, lembrou-se de um homem da Flórida que enviou um anel de diamante amarelo que havia sido avaliado localmente em US $ 30.000. A Worthy a avaliou por muito mais e acabou sendo vendida por US $ 78.000.

Mas a maioria de nós não tem um pote de ouro de US $ 78.000 esperando no fim do arco-íris da organização. Em vez disso, se tivermos paciência, podemos juntar algumas centenas de dólares vendendo itens que terminam no Craigslist ou em uma loja de consignação. Quanto ao restante de nossas posses indesejadas, livrar-se delas com responsabilidade significa gastar mais tempo com coisas que não queremos mais. Como isso não é divertido, podemos jogá-los em uma sacola e entregá-los à Goodwill ou ao Freecycle.

Gretchen Rubin, autora do livro “Ordem exterior, calma interior: desentulhar e organizar para abrir espaço para a felicidade”, descreve esse comportamento como fadiga de decisão. “Se eu der, não preciso decidir se é realmente lixo ou não.” Livrar-se dos pertences que já apreciamos, compramos impulsivamente ou recebemos como presentes também é um fardo emocional. É em parte por isso que guardamos coisas que não usamos. Talvez você tenha comprado aquele vestidinho preto com sua mãe logo após se formar na faculdade. Mas agora ele não serve mais e seus dias de festa ficaram para trás, ​​de qualquer maneira. Deixá-lo ir também significa dizer adeus ao passado.

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Olhe para aquela pilha de coisas indesejadas por tempo suficiente e você vai perceber que acumulou demais. Agora terá de lidar com a realidade de que seu vestidinho preto pode acabar como enchimento para estofados. Ele não merece um destino mais digno? É assim que você acaba levando-o para o apartamento de sua irmã com a esperança de que ela o tire de suas mãos junto com toda a culpa que o acompanha.

Quanto à sua irmã que recebe o vestido, Rubin sugere que ela aceite o item com um sorriso, o que geralmente permite que o proprietário se livre dele. “Eles só querem segurar alguma coisa e dizer: ‘Eu lembro quando minha mãe e eu fomos escolher isso'”, diz ela. “Eles querem o reconhecimento de que aquilo é importante e tem valor.” Pronto, sua irmã pode doar para o Housing Works e fazer com que o vestido finalmente seja o fardo de outra pessoa. / TRADUÇÃO DE ELENA MENDONÇA

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