Com origem europeia, o retrofit oferece uma proposta moderna para empreendimentos históricos que não podem mais ser usados – geralmente por causa dos riscos, pela falta de manutenção ou de estrutura.
O resultado do processo de revitalização pode ser um projeto muito mais prático, bonito, sustentável e útil para o mercado imobiliário, o que faz parte das principaistendências da arquitetura e torna a prática bem-vinda.
O conceito europeu tem a ver com um problema local: a grande quantidade de edifícios antigos que estavam em desuso. O princípio do retrofit é atualizar o imóvel para que ele possa ser utilizado novamente, mas sem alterar as principais características da arquitetura original. Isso vale não apenas para casas, prédios e comércios de rua, mas também para grandes centros comerciais, parques e espaços públicos.
Para se ter uma ideia geral da importância dessa solução, considere que o Brasil tem um déficit habitacional de 5.876 milhões de moradias. Praticamente 8% dos domicílios do País estão desocupados por vários motivos, de acordo com dados daFundação João Pinheiro. A pesquisa observou um reflexo da situação entre os anos de 2016 e 2019.
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Ao mesmo tempo, a capital de São Paulo é uma das que mais tem aarquitetura preservada, como o Museu de Artes de São Paulo (Masp), o cemitério da Consolação, a igreja da Consolação, a Biblioteca Mário de Andrade, o Viaduto do Chá e a Praça da Sé. Mais do que tornar uma edificação economicamente viável, o retrofit passou a ser usado também como forma de preservação histórica, cultural e da memória de um lugar. É a união do antigo com o moderno.
No Brasil, os melhores exemplos são: Hotel Fasano em Salvador (BA), Fera Palace Hotel também em Salvador (BA) e o Edifício Altino Arantes em São Paulo (SP). Além doHotel Glória, no Rio de Janeiro (RJ), que vai virar residências de luxo.
Se não é possível fazer mudanças características no empreendimento, o que pode ser revitalizado, melhorado e atualizado no retrofit? É possível apostar em novas tecnologias para tornar as instalações elétricas, hidráulicas e de mobilidade mais modernas, facilitando o uso, bem como proporcionar proteção contra incêndios e até mesmo restaurar a fachada do prédio ou da casa. Com isso, um casarão pode se tornar museu ou continuar sendo apenas uma grande residência, por exemplo.
Acredita-se que os custos para essa revitalização podem ser maiores do que “começar a obra do zero”, com base no estudo “Retroft de Edificações: uma visão da gestão da qualidade, dos prazos e dos custos”, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os custos de se corrigir um projeto são maiores do que fazê-los corretamente desde o momento inicial.
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O que importa é saber que é um tipo de trabalho que exige muito planejamento, ao passo que o resultado pode ser surpreendente, tanto por dar vida a um empreendimento que estava parado como pela valorização do espaço para a sociedade e para o mercado imobiliário.
O processo pode ser visto como reforma. Porém, há diferenças que devem ser consideradas para que uma reforma seja também retrofit. São 7 etapas para realizar o planejamento adequado desse tipo de reconstrução, o que é importante para minimizar custos. São elas: análise do mercado e financeira, definição do projeto, legislação, reaproveitamento de materiais, diagnóstico, implementação e comercialização.