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[Opinião] Advocacy feminino: quando a cidade também é pauta do setor imobiliário

Elisa Rosenthal é diretora-presidente do Instituto Mulheres no Imobiliário

Por:Elisa Rosenthal 11/08/2025 2 minutos de leitura
"O cerne do advocacy é identificar um problema coletivo, reunir conhecimento técnico, organizar-se em rede e apresentar propostas"/ Crédito: Asier/AdobeStock

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O termo advocacy ganhou espaço nas agendas institucionais como uma forma legítima de influenciar políticas públicas com base em dados, escuta ativa e cooperação entre diferentes setores da sociedade. No setor imobiliário, ainda é raro ver esse tipo de articulação saindo do papel por entidades independentes ou profissionais da área — e mais raro ainda quando protagonizado por mulheres.

Recentemente, um grupo formado por executivas do mercado imobiliário, advogadas especializadas em direito urbanístico e lideranças de entidades setoriais passou a se reunir com o objetivo de propor melhorias concretas para a cidade de São Paulo.

A motivação era clara: se o setor privado já intervém cotidianamente na malha urbana, por que não somar forças em prol de melhorias estruturais, com segurança jurídica e ganhos para todos?

A pauta inicial foi a fiação elétrica aérea, um tema antigo que afeta desde a segurança até a acessibilidade e a paisagem urbana. A conversa não partiu do embate, mas da construção de alternativas viáveis, capazes de envolver empresas, sociedade civil e poder público.

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Em vez de esperar por soluções isoladas, esse grupo, no qual eu me incluo, decidiu agir com estratégia, embasamento técnico e diálogo institucional com o Legislativo.

Esse é o cerne do advocacy: identificar um problema coletivo, reunir conhecimento técnico, organizar-se em rede e apresentar propostas que possam ser incorporadas pelas estruturas públicas. Não se trata de lobby disfarçado, mas de contribuição cidadã — especialmente quando liderada por vozes que historicamente tiveram menor espaço de influência institucional.

A partir dos encontros, foi possível elaborar uma proposta legislativa que estimula o enterramento da fiação por meio de parcerias e contrapartidas proporcionais, sem repassar custos excessivos ao setor privado. Mais do que o texto em si, que deu origem ao Projeto de Lei 838/2025, o processo revelou algo maior: o poder da organização feminina em torno de causas urbanas.

Esse tipo de mobilização mostra que o setor imobiliário não precisa ser apenas executor de obras — pode, e deve, participar da formulação de soluções para os desafios das cidades contemporâneas. E que, quando o advocacy é bem estruturado e feito de forma coletiva, os resultados beneficiam toda a sociedade.

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São Paulo só tem a ganhar com um mercado imobiliário engajado na transformação urbana. A cidade enfrenta desafios complexos — das mudanças climáticas ao déficit habitacional, das enchentes à poluição visual — e o poder público, sozinho, não dá conta de tudo.

Quando empresas e profissionais incorporam à sua atuação um compromisso com o legado urbano, as obras deixam de ser vistas como ameaças ao entorno e passam a ser soluções para o futuro da cidade. E o advocacy, liderado por mulheres, mostra que a transformação é possível quando os diferentes saberes se unem com propósito.

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