Por conta da profissão, o piloto Paulo Cossari (40) está acostumado a passar longos períodos longe de casa. Nestes momentos de ausência, o apartamento que ele comprou nos Jardins, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, fica sozinho e antes isso lhe gerava uma série de preocupações. “A luz ficou ligada?”, “Será que desliguei o ar condicionado?”, “A porta está trancada”? “E se chover com a janela aberta?”
“Também tenho duas gatas e, quando eu viajava, queria saber como elas estavam”, acrescenta Paulo. Para não sofrer mais com este cenário, ele resolveu transformar o imóvel em uma casa inteligente e iniciou uma jornada para adaptá-lo às suas demandas. De fechaduras eletrônicas e persianas automatizadas à instalação de câmeras, o valor gasto com as instalações foi de aproximadamente R$ 4 mil.
Alguns meses depois, ele notou uma queda de 20% na conta de energia elétrica. “Tem gente que sai de casa e esquece a luz acesa até o outro dia. Eu sempre deixo programada para acender às 21h e desligar às 1h”, exemplifica. “O mesmo com o ar condicionado. Na hora de dormir, programo para ficar ligado por duas horas. Depois que pego no sono, ele desliga sozinho e passa o restante da noite desligado”.
De acordo com a Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside), atualmente, existem entre 900 mil e 2 milhões de casas inteligentes no Brasil. No entanto, o nível de automação são díspares. “É igual escolher um carro. Você pode comprar um fusca ou uma Mercedes”, compara João Paulo Bizzo, diretor da Smart Imobi, startup especializada na comercialização de imóveis automatizados.
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“Uma central simples com um kit de dispositivo de tomada e outro de infravermelho custa R$ 300”, aponta. “É possível colocar módulos dimerizáveis nas lâmpadas para controlar a velocidade e força da luz, controlar dispositivos à distância e instalar sensores para medir a temperatura. O ar condicionado pode entender como está o clima para controlar o calor do ambiente ou até desligar”, comenta.
A arquiteta Patrícia Penna indica que os ambientes mais procurados para automação são os setores sociais das casas. “Áudio e vídeo são prioridade nos setores sociais, bem como iluminação, ar condicionado e persianas. Já nos quartos e suítes, iluminação, ar condicionado e persianas são prioridades”, descreve.
Fundada em 2019, a Smart Imobi se propõe a disseminar e popularizar o conceito de casa inteligente no País. Em seu site, a empresa anuncia imóveis já automatizados para vendas na cidade de São Paulo. Além disso, em parceria com incorporadoras, a companhia automatiza os decorados para que potenciais clientes vivam a experiência de uma casa inteligente funcionando na prática.
João argumenta que as casas inteligentes são mais seguras, acessíveis e valorizadas. “Muitas construtoras entregam os imóveis como se fossem do século passado, sem tecnologia alguma. A pessoa compra um imóvel que é burro e a gente deixa ele inteligente. Isso valoriza em até 10% o valor do empreendimento”, garante o executivo.
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De olho na democratização do mercado, recentemente, a Smart Imobi estabeleceu uma parceria com a Cury e a Kazzas para oferecer imóveis inteligentes que se enquadrem no Minha Casa, Minha Vida. Na prática, uma porcentagem do valor da venda do imóvel é destinado para a automatização.