As metodologias de construção são muitas, mas algumas tecnologias de sustentabilidade podem ser absorvidas em qualquer lugar onde se esteja
(5.0)
Da Redação
03/04/2020
-
5 minutos de leitura
As earthships são casas totalmente sustentáveis, baratas e fáceis de construir, mas exigem integração com a natureza
As preocupações com o meio ambiente estão cada vez mais
presentes, junto com a adequação do cotidiano às necessidades crescentes por
mais qualidade de vida, o que inclui contato com a natureza, alimentação
equilibrada, ar puro, água potável, energia limpa e saneamento básico que não
lance desejos em locais inapropriados. Nas grandes cidades pode ser um pouco
mais difícil conseguir integralmente esse combo da felicidade, mas algumas
práticas simples podem ajudar. Ainda assim, se depois de ler nossa matéria você
tiver dúvidas, saiba que o Ministério
do Meio Ambiente tem uma cartilha bem completa para te ajudar a ter
respostas e ideias sobre reformas e construções sustentáveis.
No meio urbano, adequações, como a instalação de painéis
solares, já significam não apenas um acordo com o meio ambiente, mas também
estreia as pazes com o bolso. Se você tem espaço para instalar as placas em um
lugar com bastante incidência de luz e calor do sol, essa escolha pode gerar
uma economia de 50% até 95% na conta de luz. Um gerador residencial de 1,98 kWp
tem seu valor de instalação por aproximadamente R$ 4.500,00. Se o valor
economizado for em torno de R$ 100,00 ao mês, isso significa que em 4 anos o
investimento estará pago pela economia. Daí para a frente, o dinheiro poupado é
lucro.
Já a opção pela energia eólica está cada vez mais próxima de
quem tem espaços reduzidos, como um apartamento urbano. A turbina eólica
residencial O-Wind, criada pelos estudantes
Yaseen Noorani e Nicolas Orellana, da Universidade de Lancaster, na
Inglaterra, é uma novidade capaz de gerar energia a partir de sopros que se
deslocam nas mais variadas direções. Enquanto uma turbina eólica comum precisa
ser instalada em uma torre alta e capta os ventos em apenas uma direção, a
Turbina O-Wind é uma esfera portátil de 25 centímetros de diâmetro que
transforma em energia o ar que sopra em qualquer direção, inclusive de cima
para baixo ou de baixo para cima. Os estudantes averiguam agora a possibilidade
de produção em larga escala.
A aplicação de técnicas que promovem a sustentabilidade de
uma construção tem níveis de engajamento com o seu propósito. E os materiais
que possibilitam um impacto menor ao meio ambiente, bem como menos geração de
detritos ou a aplicação de materiais recicláveis depende muito da finalidade da
construção. Existem bons exemplos do emprego de garrafas pets, pneus velhos e
vidro reciclado em construções bastante sofisticadas. Mas existem ainda
técnicas com o “superadobe”, também conhecido como “terra ensacada” ou
“earthbag”, cujos sacos são usados como tijolos. Variações, como a vocação do
espaço, condições do terreno e aspectos da cultura local podem influenciar a
decisão pela técnica a ser utilizada.
A Escola Rural Fazenda Canuanã, por exemplo, é onde estudam e vivem, sob regime de internato, cerca de 800 alunos, entre 7 e 18 anos. O idealizador do projeto realizado em Tocantins foi o arquiteto e designer Marcelo Rosenbaum. Na estrutura foram usados tijolos de adobe, madeira e trançado da palha, respeitando a tradição e as técnicas de construção dos povos nativos. O trabalho levou o prêmio de Arquitetura Educacional da Building of the Year 2018.
Assine nossa newsletter e receba por e-mail as principais notícias e dicas. Fique tranquilo, não enviamos SPAM.
Quero me cadastrar para receber informações relevantes por e-mail. Fique tranquilo, não fazemos SPAM.
Fachada da escola em Formoso do Araguaia, Tocantins/ Divulgação
Um dos materiais muito comuns quando pensamos em construções de baixo impacto ambiental é o bambu, cujo uso pode substituir a madeira e o aço nas fundações da construção civil, mobiliário e objetos de decoração. Além de ser um recurso natural renovável, a planta tende a crescer de 21 centímetros até 1 metro por dia. Isso significa que em 6 meses ela já atingiu sua altura máxima, que é de 15 a 30 metros. Em 2 ou 3 anos a haste já está madura e cheia de líquen, própria para o uso na construção. O tratamento do material pode ser feito com maçarico, selando com o calor e lustrando a haste do bambu com o próprio óleo que a planta solta. A alternativa é fazer o preparo da matéria prima com uma touceira, utilizando elementos químicos, como o ácido bórico. China, Vietnã e Indonésia são exemplos de países que utilizam muito esse material para construções de baixo custo.
Hospedagem feita com bambu em Bali, Camaya Bali Lotus/ Divulgação
No Brasil, um casal realizou um projeto modelo de
biosustentabilidade: as paredes da residência foram feitas com barro recolhido
do terreno ao lado da casa, pedras reaproveitadas, madeira de pinus e eucalipto
de reflorestamento. A casa ainda possui tijolos e aberturas que foram
reaproveitados de restos de construções. Para uma boa iluminação interior, foram
utilizadas garrafas de vidro nas paredes. Todos os móveis foram reaproveitados,
restaurados ou construídos pelo casal com madeira de demolição ou com galhos de
árvores, como é o caso da cama. No total, o casal gastou 60 mil reais na empreitada.
Eles ainda fizeram uma web série contando todo o processo, que você pode
assistir clicando
aqui.
Para quem quer radicalizar, as earthships são casas 100% sustentáveis, baratas e fáceis de construir.
O único porém: você vai precisar de um bom espaço e integração com a natureza.
Para ser considerada uma earthship, a
construção precisa estar equipada com uma ou duas estufas que cultivam
alimentos durante todo o ano, mas você também pode optar por ter um galinheiro,
para manter uma fonte constante de ovos. Coletando água de chuva, o telhado da propriedade
canaliza a reserva para uma cisterna, que então bombeia para as torneiras,
descarga e chuveiro. A “água cinza” (das pias e do chuveiro) é bombeada para a
estufa para regar as plantas. Depois de ser limpa pelas plantas, a água é
bombeada para a caixa do vaso sanitário. Após sair do vaso, ela se torna “água
negra” e seu destino é o jardim exterior, para dar nutrientes às plantas não
comestíveis.
Feita de massa térmica, essa estrutura reaproveita pneus
usados para garantir conforto, atuando como um dissipador, liberando ou
absorvendo calor quando o interior aquece e esfria. Energia solar e/ou eólica abastecem
a moradia. Ou seja: zero conta de água ou de luz. Exemplos de pessoas que
construíram uma earthship sozinhos em
apenas alguns meses podem ser encontrados aqui e aqui. Essas casas também
costumam ser muito mais baratas, a depender do quanto se deseja gastar na
decoração. Em geral, um modelo simples pode ser finalizado por 20 mil dólares.
Compartilhar
AVALIAR ESSE ARTIGO
Gostou dessa notícia?
Você pode seguir essa categoria e ler mais notícias iguais a essa
21/04/2020
wonderful