Arquitetura Sustentável

Brasil já é o quinto país no mundo com maior número de construções ESG

Com grande impacto para o meio ambiente, construção civil entrou de vez na onda da sustentabilidade, com técnicas que diminuem o gasto com energia e água

Por: Bianca Zanatta, O Estado de S.Paulo 08/09/2021 5 minutos de leitura
Menos resíduos, materiais recicláveis e redução dos desperdícios também estão entre as práticas adotadas pelo setor/ Crédito: Getty Images

Publicidade

A construção civil entrou de vez na dança do ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança). E não é à toa. De todas as atividades praticadas pelo ser humano, essa é uma das que mais têm impacto no meio ambiente. Segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB), mais de um terço dos recursos naturais extraídos no Brasil são para a indústria da construção e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações. O setor também é um dos que mais produzem resíduos sólidos, líquidos e gasosos, sendo responsável por mais de 50% dos entulhos, entre construções e demolições.

Para acelerar a transformação da indústria em direção à sustentabilidade, o Green Building Council Brasil (GBC Brasil), entidade sem fins lucrativos presente em mais de 80 países, atua em diferentes frentes, unindo empresas de todas as fases da construção – de projetos e fornecedores de materiais a contratantes de obras, construtoras e incorporadoras – a fim de fomentar práticas ecologicamente efetivas.

“Nossa atuação envolve capacitação profissional, disseminação do conhecimento em ‘green building’ (edificação verde), diálogo com o governo sobre políticas públicas positivas e promoção de certificação desses empreendimentos”, diz Felipe Faria, presidente da GBC Brasil. Segundo ele, a ideia é que a sustentabilidade seja pensada desde a fase do projeto, criando estratégias já no papel para economizar recursos.

O executivo diz que as certificações se dividem em dois tipos (para prédios corporativos ou residenciais) e que as regras analisam macrotemas como localização e como o edifício se relaciona com o entorno, eficiência energética, uso eficiente da água e quesitos sociais. “Tem uma série de pré-requisitos dentro desses macrotemas que precisam ser cumpridos”, diz, explicando que são cerca de 70 práticas sugeridas para que o empreendimento vá ganhando pontos. “São metas de desempenho com base nas normas técnicas, mas sempre acima do que essas normas exigem.”

Publicidade

Faria diz que, apesar de ser um mercado conservador, a construção brasileira teve grandes avanços desde que a GBC Brasil chegou por aqui, em 2007. Hoje, o País é o quinto com o maior número de projetos sustentáveis no ranking mundial. “A chave foi enfatizar o econômico no tripé ESG, identificar os ganhos econômicos com os aspectos de ganho socioambiental”, diz. “Imagina o custo de um prédio em 50 anos, por exemplo. Ao longo desse período, 15% do custo foram com construção e 85% são com operação. Então, qualquer investimento na fase construtiva já implica o ‘payback’ (retorno financeiro) em curto prazo.”

Retorno bastante representativo, por sinal, frente à redução das despesas operacionais. São edificações que diminuem, em média, 25% dos gastos com energia (podendo chegar a 60%) e de 40% a 60% com água, além de desviarem de 65% a 80% dos resíduos gerados na construção para reúso ou reciclagem, em vez de mandarem para o aterro.

Sem desperdício

Certificada pela Aqua HQE, primeira norma brasileira para certificação de construções sustentáveis, a Tarjab buscou a industrialização para potencializar a sustentabilidade no canteiro de obras. “Eu até tenho um slogan que uso internamente: ‘Temos de parar de construir’”, diz Sergio Domingues, diretor técnico da empresa. “Vamos parar de construir e começar a montar. É como brincar de lego com sistemas construtivos dentro do canteiro de obra.”

O executivo explica que a Tarjab tem estimulado a cadeia de suprimento para conceber alguns sistemas construtivos offsite, como instalações hidráulicas e a parte de armações, com peças estruturais, como pilares, vigas e lajes, que já chegam montadas para que apenas o posicionamento das armaduras seja feito in loco. “É o conceito da indústria automobilística.”

Publicidade

“Se tivermos cada vez menos desperdício nos canteiros de obras, teremos redução de recursos naturais que estamos consumindo, seremos muito mais eficazes e eficientes na produção de nossas obras e poderemos repassar essa eficácia para o cliente final, deixando mais acessível a compra do imóvel.”

Parcerias

A Next Realty, incorporadora que ergue prédios em áreas de até 500 m², aposta em três pilares principais para a redução do impacto ambiental no processo construtivo. O primeiro é a concepção do empreendimento, desde o estudo de viabilidade e aquisição do terreno. “A gente faz toda a modelagem do projeto em 3D para conseguir avaliar os impactos de interferências construtivas, soluções e levantamento dos materiais necessários para o desenvolvimento do projeto”, afirma o CEO Felipe Antunes.

O segundo pilar é a execução, em que a empresa faz parcerias com construtoras que tenham certificados PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat). Recentemente, para os projetos da Haddock Lobo e alameda Franca, a Next fez ainda uma parceria com a empresa de construção e arquitetura Athié Wohnrath, que assinou uma série de lajes corporativas com certificação LEED, para construir os empreendimentos e fazer a implantação dos interiores. Ainda na área de execução, todas as luminárias usam LED, os elevadores têm regenerador de energia, as divisórias dos apartamentos são em drywall (sistema de construção a seco) e é feita a separação dos resíduos de obra para reciclagem.

Sustentável

Fabricante de sistemas construtivos como light steel frame e wood frame, que podem inclusive ser reutilizados, a Decorlit é um exemplo de empresa que fornece produtos para lojas especializadas, construtoras e incorporadoras e empresas de construção industrializada. De acordo com Lucas Bonfogo, diretor técnico da marca, esses sistemas reduzem o consumo de água em até 80% em comparação ao sistema de alvenaria, dependendo do projeto. Já na construção industrializada, a redução chega a 100%.

Publicidade

“Nosso portfólio atende a praticamente todas as fases da construção, desde pisos, lajes, paredes e divisórias até a fixação desses materiais e acabamento final”, diz o executivo. Além da redução significativa no consumo de água, ele fala que há menor geração de resíduos, já que os produtos – principalmente as chapas cimentícias e painéis – são dimensionados para atender com fidelidade o projeto desenvolvido, evitando desperdícios e descarte de materiais.

Conteúdo originalmente publicado em: https://economia.estadao.com.br/blogs/radar-imobiliario/brasil-ja-e-o-quinto-pais-no-mundo-com-maior-numero-de-construcoes-esg/ 

NEWSLETTER
IMÓVEIS

Inscreva-se e receba notícias atualizadas do mercado de imóveis

Confira nossas

WEBSTORIES

Notícias relacionadas

Imagem destacada

Economia compartilhada e os novos horizontes na aquisição de residências

3 minutos de leitura
Imagem destacada

10 dicas para escolher um bom corretor de imóveis

2 minutos de leitura
Imagem destacada

Confira 5 ideias criativas para divertir as crianças na quarentena

3 minutos de leitura
Imagem destacada

Com pacotes de R$ 9.500, empresa lança empreendimento multifamily de luxo nos Jardins

1 minuto de leitura