IGP-M, IPCA ou negociação direta: como fazer o reajuste de aluguel?
Conhecido como o índice do aluguel, IGP-M atinge alta de 8,16% em 2022 e acumulado de 10,70% nos últimos 12 meses; locatários buscam alternativas
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Conhecido como o Índice de reajuste de aluguel, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acelerou 0,21% em julho de 2022. O acumulado ficou em 10,70% nos últimos 12 meses.
Desde o ano passado o índice vem acelerando de maneira acentuada. O salto registrado em junho foi de 0,59% e em maio de 2021 foi de 4,1% em maio, após ficar em 1,51% em abril, representou avanço de 14,39% no ano e de 37,04% em 12 meses. Foi a maior alta em 25 anos, desde o Plano Real.
Diante da maior alta desde o Plano Real, há 25 anos, locadores e locatários têm aceitado renegociar os ajustes por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No entanto, o próprio índice já acumula alta de 5,62% no ano de 2022 e de 10,97% nos últimos 12 meses.
Tiago Galdino, CFO do Imovelweb, portal imobiliário, destaca a importância de entender a diferença entre os dois indexadores antes de tomar qualquer decisão precipitada. O executivo explica que o IGP-M é muito mais volátil que o IPCA, já que está conectado ao dólar, deixando o valor do aluguel refém de qualquer impacto internacional. Por isso, o executivo recomenda o IPCA, que historicamente é mais estável e tende a ser mais baixo que o IGP-M.
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“O IPCA está em alta, mas é importante lembrar que qualquer movimentação na economia internacional reflete diretamente no IGP-M.” Outra possibilidade, segundo Galdino, é realizar o reajuste de aluguel diretamente com o proprietário do imóvel. “Sabemos que em situações difíceis o proprietário tende a querer manter o contrato. Locadores preferem negociar o valor e manter o imóvel alugado, independente de qual seja o indexador.”
Flexibilidade e negociação para atender a todos
Foi o que fez Marcela Cerqueira, 26, locatária de um apartamento há mais de um ano. Ela teve um susto quando descobriu que teria um reajuste de 20% no valor, sugerido pela imobiliária. “O valor do aluguel era R$2.804. Com o aumento de 20%, ficaria R$ 560 a mais. Entrei em contato direto com o proprietário para tentar uma negociação e consegui um reajuste de 5%, R$ 140. Achei uma grande vitória”, conta.
Ainda que o reajuste de aluguel tenha sido 15% menor, Marcela conta que o custo repassado, somado a outros gastos mensais, já acendeu o alerta nas contas. “Com a volta do trabalho presencial, mesmo que híbrido, os gastos com combustíveis subiram horrores. Seja álcool ou gasolina, está tudo muito mais caro”, reclama.
E não são apenas locatários que estão procurando a renegociação do aluguel. Proprietários seguem preocupados em manter o imóvel ocupado com uma margem mínima de retorno. É o caso da Aurea Oliveira, 63. Aposentada em atividade, Aurea é dona de um apartamento alugado e tem repensado se o custo para manter o imóvel para locação ainda é viável.
“Com os gastos que eu tenho para manter o patrimônio em bom estado, com reformas e manutenção, além do risco de ficar com ele desocupado, já faz me faz pensar na possibilidade de venda”, conta. “Se o imóvel fica vazio hoje, seria uma grande dor de cabeça. Geraria um custo de mais de novecentos reais, o que é pesado para mim.”
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A coordenadora pedagógica diz que já pesquisou outras possibilidades de investimento do valor, no caso de venda, como aplicar em alguma carteira diversificada ou renda fixa, por exemplo. Mas o assunto ainda gera dúvidas sobre o retorno financeiro. Por este motivo, e pelo fato de que o imóvel esteve “pouquíssimo tempo” vazio nos últimos anos, Aurea segue com o imóvel.
Para ela, é uma forma de proteger o patrimônio e manter uma fonte de renda. “Como eu tive o gasto com a manutenção, o que é normal, precisei aumentar o preço do aluguel baseado no IPCA. E ainda tive a sorte de conseguir essa negociação com um novo morador de acordo com o valor.”
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