Pontos de recarga de carros elétricos em condomínios acendem debate sobre risco de incêndios
Corpo de Bombeiros de São Paulo iniciou consulta pública para apresentar normas normas e ouvir sugestões
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Só no primeiro trimestre deste ano, 36.090 carros elétricos foram vendidos no Brasil, segundo dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). O número simboliza uma alta de 145% em relação ao mesmo período de 2023 e sintetiza o crescimento do segmento no País. Para acompanhar a tendência, condomínios residenciais adaptam suas estruturas para receber pontos de recarga, mas a segurança destes projetos gera debates.
Em comparação ao número de carros movido à combustão, os automóveis elétricos ainda ocupam uma fatia diminuta da frota nacional. No entanto, a expectativa do mercado é que número avance a passos rápidos.
De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o volume de emplacamentos de carros elétricos subiu mais de 1090% em abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
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De olho neste público, incorporadoras voltadas para o mercado de alto padrão já desenvolvem seus empreendimentos comerciais e residenciais com pontos de recarga. São pontos rotativos compartilhados entre os moradores ou pontos privados instalados nas garagens e estacionamentos destes prédios.
O encontro aparentemente perfeito entre condomínios e montadoras encontra um entrave na segurança das instalações.
Em nota enviada à imprensa, a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI) apontou a falta de uma regulamentação federal que obrigue a instalação de estações de recarga para carros elétricos nos condomínios e critica que, com exceção de algumas cidades, cada condomínio está livre para decidir. Segundo a associação, o tema ganha contornos de complexidade principalmente em condomínios antigos.
Consulta pública do Corpo de Bombeiros
Um estudo de 2022 realizado pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (2022) aponta que acontecem cerca de 25,1 incêndios a cada 100 mil carros elétricos circulando. Em comparação, o número de acidentes deste tipo em carros com motor a combustão é de 1.529 a cada 100 mil.
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Para encontrar uma solução para o risco de incêndios em edifícios originado nestes pontos de recarga, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo iniciou uma consulta pública sobre as regras para instalação de pontos de recarga de veículos elétricos em garagens de condomínios residenciais e comerciais.
Entre as sugestões apresentadas pela corporação estão a instalação de ventiladores para renovação de ar, sensores de calor e chuveiros automáticos nestes estacionamentos.
A instituição também sugere a construção de paredes corta-fogo entre uma vaga com ponto de carregamento e outra ou um espaço livre de cinco metros separando as vagas. Se aprovadas, as novas regras entram em vigor no início do próximo ano. “Com a crescente adoção de veículos elétricos, o Corpo de Bombeiros está comprometido em atualizar suas normas e procedimentos de segurança”, assegurou o Corpo de Bombeiros, em nota enviada ao Estadão Imóveis.
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“O Parecer em consulta refere-se exclusivamente aos pontos de recarga a serem estabelecidos em cada edificação passível de fiscalização”, estabelece a instituição.
As normas sugeridas, entretanto, estão recebendo críticas de atores do mercado imobiliário. A consulta pública, aliás, teve seu prazo prorrogado justamente a pedido da ABVE, que pediu mais tempo para apresentar argumentos sobre os níveis de segurança.
A justificativa defendida por estas entidades é que os critérios sugeridos podem atravancar o avanço das instalações dos pontos de carregamento elétrico na cidade. Para a engenheira civil Raquel Bueno, gerente de Produtos e Parcerias da Lello Condomínios, o problema não é a entrada dos bombeiros para regulamentar e corrigir os processos adotados atualmente no setor, mas, sim, as sugestões apresentadas.
“Estamos vendo coisas absurdas acontecendo nos prédios, então a participação dos bombeiros é essencial. Porém, o problema do setor é a falta de informação. Hoje, o síndico apenas encaminha essa solicitação ao zelador e ele precisa se virar para instalar um ponto de recarga” observa a executiva. “Antes, eram apenas os prédios de alto padrão, agora estamos vendo condomínios populares e de classe média buscando carros elétricos”, acrescenta
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O Corpo de Bombeiros contrapõe afirma que a ideia da consulta pública é justamente para colher as contribuições sobre a proposta até consolidar uma norma que trate da prevenção e combate a incêndio em estações de recargas. “A intenção é assegurar que as regulamentações propostas sejam compreendidas e eficazes, refletindo assim as necessidades e preocupações da população”, pontua.
Atualmente, a instalação de uma estação de recarga para veículos elétricos depende de aprovação da proposta numa votação realizada em assembleia de moradores. Se aprovado, o condomínio contrata um engenheiro elétrico especializado que realiza uma avaliação técnica do prédio para entender se ele suporta ou não o projeto.
Apenas com este laudo positivo em mãos é que o síndico deve entrar em contato com uma empresa homologada para dar seguimento ao projeto. Raquel calcula que custo da instalação custa de R$ 8 mil a R$ 12 mil, mas valores podem ser alterados de acordo com o condomínio em questão e o seu sistema.
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