Bairros corporativos atraem moradores e transformam paisagem urbana
Mercado imobiliário acompanha interesse da população e muda perspectiva para gerar negócios
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Quando morava em Perdizes, o advogado Thomás Brotti passava cerca de 40 minutos no ônibus para chegar ao escritório, na Av. Faria Lima. Há pouco mais de um mês, ele decidiu se mudar para a Rua Urussuí, no Itaim Bibi, e a viagem encurtou para 10 minutos, a pé. Impulsionado pela vontade de perder menos tempo com o deslocamento, o jovem de 25 anos é reflexo de um movimento comum na cidade de São Paulo. E não é de hoje que o mercado imobiliário volta seus olhos para os bairros corporativos, com o objetivo de atender esse tipo de demanda.
A proximidade dos centros comerciais é um dos fatores levados em consideração pelas incorporadoras, quando vão dar início a um empreendimento. “Além de ser uma demanda do Plano Diretor de São Paulo, existe a preferência do cliente”, comenta André Mesquita Britto, gerente de negócios da incorporadora e construtora Cyrela. “Porém, o ambiente corporativo não é o único diferencial. Esses locais oferecem uma gama maior de serviços, o que torna os bairros corporativos mais atrativos para moradia”, complementa.
Britto explica que, antes de o terreno ser avaliado para compra, a empresa realiza um mapeamento da região e, a depender dos resultados, é possível voltar esforços para a construção de empreendimentos sem garagem, por exemplo. “Se o local tem uma ciclovia perto e uma malha viária eficiente, a gente pode colocar um bicicletário ou oferecer uma opção mais acessível para o aluguel de um carro”, aponta.
Ciclo contínuo de negócios em bairros corporativos
Um levantamento feito pela CBRE, empresa líder global em real estate, indica que o movimento de entrega de edifícios de escritórios, nos últimos dez anos, permanece circundando o eixo das regiões da Berrini, Faria Lima, Av. Paulista, Itaim Bibi e Pinheiros. “São polos já reconhecidos de negócios, boa estrutura de serviços e linhas de transporte público”, justifica Danilo Ferrari Monteiro, diretor sênior de capital markets e land services da companhia.
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“A tendência é que a instalação de um volume grande de escritórios provoque uma entrega importante do mercado residencial. Um exemplo é o movimento que se observa no entorno da Chucri Zaidan”, aponta. Na prática, o que se nota é que o mercado se retroalimenta. As regiões corporativas atraem pessoas que desejam morar mais perto do trabalho.
O adensamento de pessoas “puxa” serviços como transporte, hospitais, escolas e lazer. Essa infraestrutura, então, provoca o interesse no setor imobiliário e corporativo. “Mudei-me para cá porque ficava a 5 minutos andando do escritório. Hoje, trabalho em outro lugar, mas continuo aqui por causa da qualidade de vida”, exemplifica a economista Mariana Lippe.
Moradora do Itaim Bibi, ela vive na região há cerca de dez anos e chegou em razão de uma oportunidade na Rua Joaquim Floriano. “Eu morava em Santo André, e demorava muito para chegar. Estava sempre estressada e cansada, não aguentava fazer nada depois do expediente”, justifica. “Decidi continuar no bairro por causa dos restaurantes, bares e segurança.
O valor do aluguel é alto, mas a qualidade de vida compensa”, acrescenta. De acordo com o Índice FipeZAP+ de julho, o Itaim Bibi ostenta o valor de aluguel mais caro da cidade (confira na reportagem: Locomoção para o trabalho impulsiona negócios imobiliários).
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