Uma das dificuldades, diz ela, é identificar o momento de chamar as autoridades. “Já temos um padrão de conduta”, explica. “Os vizinhos informam a portaria e o responsável pela ronda vai até o andar verificar, então o porteiro liga para o apartamento e percebe se a situação está fora de controle pela voz de quem atende.”
Por ela mesma já ter sido considerada “inimiga” ao interferir em situações de violência nos apartamentos, inclusive com a vítima acolhendo novamente o agressor e passando a hostilizá-la, a síndica vê um problema grande no projeto de lei. “A obrigatoriedade de denunciar pode representar riscos para a integridade física dos síndicos”, diz. “Falta a extensão das medidas protetivas a todos os partícipes da denúncia.”
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José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), concorda que a lei pode fazer com que o próprio síndico passe a ser alvo de agressões.
“A lei é boa, mas não pode ser radical, no sentido de transferir tanta responsabilidade para o representante legal do condomínio.” Ele acredita que seja necessário pensar e estudar melhor as opções, mas sublinha a urgência na adoção de medidas por conta do crescimento visível, apesar de não registrado, no número de ocorrências.
“Houve a percepção de aumento de violência pelas reclamações dos condôminos”, afirma. “Tanto síndicos e funcionários como os próprios moradores recorreram às administradoras para saber como agir.” Além de campanhas e divulgação maciça de orientações dentro dos condomínios, ele reforça a importância de estabelecer critérios para denunciar, a fim de evitar a banalização do processo.
Papel do síndico e campanha de combate
Ampliar a discussão sobre o papel do síndico como um guardião da comunidade do prédio é um dos pontos levantados por Angélica Arbex, gerente de marketing da Lello Condomínios. O poder da própria comunidade é algo que a administradora vem reforçando desde o início do isolamento social.
“O que eu acho fundamental para o avanço (da discussão do PL) é que especialistas na vida em condomínio sejam ouvidos, que os casos reais sejam estudados”, diz ela, lembrando que o debate deve envolver condomínios grandes, pequenos, populares e de alto padrão.
À frente de um projeto de combate à violência doméstica desde 2019, Luciana Graiche, presidente do Grupo Graiche, lançou uma campanha em três etapas logo no início da quarentena. “Fizemos parcerias com alguns projetos que lutam pela causa e, quando veio o isolamento social e o primeiro índice saiu sobre o aumento da violência nessa pandemia, resolvemos, urgentemente, disparar toda a campanha.”
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