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Espaço pet e vizinhos barulhentos: como animais de estimação estão mudando condomínios

Levantamento mostra que a cada 100 apartamentos, 13 têm um animal de estimação/ Crédito: Fotokon/AdobeStock
Breno Damascena
04-10-2024 - Tempo de leitura: 3 minutos

Os pais de Clayton Binsfeld (43) estavam fazendo uma caminhada quando encontraram o Phelps perdido. O policial militar se encantou pelo animal recém-nascido e resolveu adotá-lo como parte da família. Foi desta forma que, há oito anos, uma tartaruga de estimação passou a morar em um apartamento de 126 metros quadrados no centro da cidade de Cascavel, no Paraná. 

Histórias como a da tartaruga Phelps estão gerando novas demandas habitacionais, movimentando o mercado imobiliário e provocando transformações na vida de quem mora em condomínios. Um levantamento da uCondo, startup de gestão de condomínios, revela que, em 2024, a cada 100 apartamentos, 13 têm um animal de estimação. E eles são vistos como parte da família. 

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“Às vezes, parece que nos comunicamos. O Phelps come sua ração predileta a cada dois dias e fica satisfeito estando no seu aquário. Ele divide o apartamento comigo, meus pais e com o Pudim, que é o cachorrinho da família”, relata Binsfeld.

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Clayton Binsfeld conta que os vizinhos e conhecidos sempre interagem com o Phelps quando visitam sua casa, mas o animal costuma ser bem reservado/ Crédito: Arquivo Pessoal

Animais exóticos, como porcos, roedores, tartarugas e outros répteis fazem parte de 3,1% dos condomínios brasileiros, segundo levantamento realizado pela uCondo no ano passado. Os cães e gatos continuam na liderança. Atualmente, 69,4% dos pets nos condomínios são cachorros e 27,5% são gatos.

Em contrapartida, um levantamento do QuintoAndar indica que o percentual de residências alugadas e coabitadas por pets foi de 35% para 43% nas principais cidades brasileiras nos últimos 5 anos. 

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“Aquela ideia de que há mais dificuldade em conseguir alugar um apartamento quando se tem um animal de estimação ficou para trás. Hoje quem perde são os proprietários que, por alguma razão, não permitem a entrada de inquilinos com pets”, alerta Thiago Reis, gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.

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Nova demanda habitacional

De fato, a presença dos bichinhos nas residências está gerando uma demanda entre as incorporadoras. Hoje, os espaços pet friendly se tornaram uma obrigação em todos os novos lançamentos. 

O estudo Tendências de Moradia 2024, realizado pelo DataZAP, indica que o Espaço Pet é fundamental para 31% do público e é o quarto item que mais gera interesse no potencial comprador de imóvel no País. 

À frente de academia, salão de festas e até piscina, o espaço pet só está atrás de churrasqueira, mini mercado e mensageria nas preferências do público. “À medida que mais pessoas enxergam seus animais de estimação como membros da família, a demanda por espaços que os acomodem confortavelmente está em ascensão”, analisa Heitor Kuser, CEO do CIMI360, congresso internacional do mercado imobiliário. 

“Corretores de imóveis que reconhecem e promovem essa tendência estão dispostos a atrair um segmento crescente de compradores e locatários que consideram a qualidade de vida de seus animais de estimação como uma prioridade”, acrescenta o executivo. 

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Adaptação dos condomínios

Entre latidos, miados, roncos e grunhidos, os condomínios também se veem obrigados a lidar com os atritos gerados pelos animais de estimação. Só no ano de 2023, a uCondo registrou mais de mil reclamações relacionadas aos pets. As queixas envolvem o barulho, a sujeira que eles fazem e até a circulação dos bichinhos nas áreas comuns dos prédios. 

“Esses desafios ainda não são capazes de diminuir o número de animais nos prédios, embora já tenham acontecido proibições em diversos condomínios. Por isso é tão importante criar regras referentes aos animais domésticos para que todos os moradores estejam ‘na mesma página’ para cumpri-las”, aponta Marcus Nobre, CEO da uCondo.

Uma das estratégias recomendadas pela startup foi o cadastro completo de todos os animais de estimação no aplicativo do condomínio. Assim, os moradores e o síndico sabem a quem cobrar em caso de descumprimento das regras, mas, também, pode auxiliar em situações de emergência, como fugas ou acidentes.