Na véspera do 7 de setembro, noticiários brasileiros repercutem a compra de 107 imóveis adquiridos pela família Bolsonaro, sendo que ao menos 51 foram pagos em dinheiro vivo. O valor hoje chega a quase R$ 26 milhões. Esta não é a primeira vez que imóveis protagonizam polêmicas, movimentam a política nacional e podem ajudar a decidir uma eleição.
Aproveitando a celebração da Independência do Brasil, relembre outras casas e apartamentos que foram personagens relevantes para a construção da história nacional.
Investigação jornalística mostra que os irmãos e filhos do Presidente e pré-candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), negociaram 107 imóveis desde 1990, década em que ele entrou para a política.
Além das aquisições retratarem o aumento do patrimônio dos familiares de Bolsonaro, chama atenção o fato de que grande parte dos imóveis foram adquiridos total ou parcialmente com dinheiro vivo.
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Comprado em 2018 por R$ 2,67 milhões, um terreno de quase 20 mil metros quadrados em Cajati, no interior de São Paulo, é o imóvel mais caro da lista e pertence a José Orestes Fonseca, cunhado do presidente. No lote, há quadras esportivas e até um clube de tiro particular – que não consta nos registros do Exército. Entre os imóveis listados, pelo menos 25 provocaram dúvidas que fizeram o Ministério Público do Rio e do Distrito Federal iniciar investigações sobre suspeitas de corrupção.
Pivô de um dos casos mais polêmicos e emblemáticos da história política recente, o “Triplex do Guarujá” tem 215 m², quatro quartos, cinco banheiros, duas salas e está localizado no Condomínio Solaris com vista para a Praia das Astúrias. No entanto, não é pela sua arquitetura que o apartamento dominou as páginas de jornais por tanto tempo.
Um crime de corrupção envolvendo o imóvel foi o que motivou o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro a ordenar a venda do triplex em leilão público. Ele teria sido o pagamento de propina ao ex-presidente e atual candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para favorecer contratos da empreiteira OAS com a Petrobras.
Porém, com a suspeição de Sérgio Moro, o julgamento e consequente condenação de Lula foram anulados em janeiro deste ano. O triplex que mudou os rumos da eleição presidencial de 2018 se tornou, então, o prêmio de um sorteio realizado por uma empresa chamada Pancadão de Prêmios.
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Localizada no Lago Norte, um dos bairros mais ricos de Brasília, a Casa da Dinda foi um dos maiores símbolos de poder do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Residência oficial entre 1990 e 1992, o imóvel foi um dos pavios que desembocaram no impeachment de Collor e seu afastamento temporário da política.
A reforma no suntuoso jardim da propriedade foi orçada em US$ 2,5 milhões e teria sido paga com dinheiro de contas fantasmas gerenciadas por PC Farias, tesoureiro do ex-presidente. A ex-primeira dama, Rosane Malta, anos depois, contou que o tal jardim também era utilizado para rituais de magia negra.
Recentemente, o imóvel – que recebeu esse nome em homenagem à mãe de Collor e é uma herança deixada pelo seu pai – voltou aos programas policialescos quando, em 2015, a Polícia Federal apreendeu três carros de luxo no local em uma ação da Operação Lava Jato.
Polêmicas envolvendo imóveis e presidentes da república não são raras no Brasil e é algo que se vê desde “Os Anos Dourados” da política nacional. Um caso emblemático dessa relação foi vivida pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek e um apartamento na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, um dos metros quadrados mais caros do País.
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O imóvel se tornou sua residência quando ele deixou o cargo mais importante do poder executivo e pagava aluguel a um amigo, Sebastião Paes de Almeida, ex-ministro da Fazenda. As denúncias alegavam que, na verdade, Almeida era um laranja para esconder que o edifício tinha sido construído com dinheiro de empreiteiros do governo JK.
Segundo testemunhas, o prédio teria recebido visitas de Kubitschek durante as obras e recebeu o nome “Ciamar” em homenagem à Márcia, filha do político. Mesmo com a denúncia eventualmente arquivada, as acusações contribuíram para que ele não participasse da disputa presidencial em 1965.
Completando a lista com mais um imóvel que relaciona um presidente brasileiro a acusações de corrupção. Desta vez, trata-se de uma casa localizada no Alto de Pinheiros que pertencia a Maristela Temer, filha do ex-presidente Michel Temer.
Investigadores do Ministério Público alegaram que uma série de reformas realizadas na residência foram pagas em forma de propina. O valor teria chegado a R$1,6 milhão e estimulou investigações sobre Temer e sua filha por lavagem de dinheiro.
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