Investir em Imóveis

Produção de estúdios em São Paulo compensa novas demandas habitacionais

Cidade se destaca do restante do País em relação ao número de imóveis compactos lançados nos últimos anos/ Crédito: Getty Images
Breno Damascena
16-04-2023 - Tempo de leitura: 3 minutos

De janeiro de 2019 a janeiro de 2023, 98.500 imóveis compactos foram lançados na cidade de São Paulo. De acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica, a capital paulista é a região com maior número de lançamentos de estúdios no País. Para se ter ideia da diferença, as próximas posições no top 3 são ocupadas por Curitiba (PA), com 7.529 lançamentos no período, e Salvador (BA), com 5.759 lançamentos.

Apesar da liderança ser uma posição esperada diante da quantidade de habitantes que vivem no município, chama a atenção a desproporção de estúdios em relação ao número de domicílios existentes. Segundo a Brain Inteligência Estratégica, a proporção de lançamentos de imóveis compactos de 2019 a 2022 em relação aos domicílios é de 2,20%. Curitiba, a segunda colocada, tem uma proporção de 1,02%.

Existe, portanto, um movimento do mercado imobiliário paulista de realizar mais investimentos neste tipo de imóvel do que no restante do País. Na visão de Daniel Diniz Sznelwar, sócio-fundador da TREE (The Real Estate Environment), o Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014, tem um papel fundamental nessa jornada. “A demanda por estúdios em centros urbanos tende a ser sempre maior, mas o Plano abriu novas possibilidades”, justifica.

Sznelwar acredita que o documento que definiu as normas e regras para a construção de empreendimentos imobiliários na cidade criou prerrogativas que impulsionaram a criação de estúdios. Isso se deve, na sua visão, à Cota Parte Máxima, que determina a quantidade de unidades habitacionais segundo a unidade de área do terreno, além de aspectos como número de vagas de estacionamento e operações urbanas. 

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“A Cota Parte segue uma equação que define o número de apartamentos construídos em uma região. Por isso, se você vai construir um apartamento de 120 m² em um prédio, é necessário construir outro de 40 m² no mesmo edifício para que a média chegue a 80 m²”, exemplifica Sznelwar. “Com a demanda por imóveis grandes em áreas valorizadas, os estúdios surgem para compensar.”

As Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEUs) são, por característica, áreas destinadas ao uso residencial e não residencial com alta densidade demográfica. É natural, portanto, que exista esse incentivo à construção de mais apartamentos nessas regiões, seguido por investimentos em sistemas de transportes mais articulados, ofertas de serviços e equipamentos de segurança.

Diante dessas melhorias, a demanda dos moradores para viver nesses locais é justificada. Porém, Sznelwar acredita que além da Cota Parte e da alta procura, os estúdios também são fruto do número de vagas de estacionamento previstas para os apartamentos construídos nas ZEUs e das chamadas Operações Urbanas. “A Operação Urbana Faria Lima é um exemplo disso”, pontua.

Estúdios além do investimento

É notório que o número de estúdios em São Paulo está inflado. Atualmente, são mais de 20 mil imóveis deste tipo no estoque da cidade, de acordo com o levantamento da Brain Inteligência Estratégica. Não à toa, os imóveis compactos estão com o metro quadrado mais valorizado do que apartamentos de três ou quatro dormitórios. “A pandemia afetou a forma como enxergamos a moradia. Há uma rejeição a morar em espaços pequenos”, analisa Sznelwar.

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Diante desse cenário, ele aponta para o potencial de um novo tipo de comprador: “Está se tornando comum ver pessoas comprarem um apartamento de 200 m² em um prédio e aproveitam para adquirir um estúdio de 20 m² naquele mesmo edifício. Esse segundo espaço é utilizado como home office, ateliê ou mesmo para algum hobbie”, descreve. “São pessoas que usam os estúdios como um segundo espaço da casa.”