Investir em Imóveis

Por que tantos jogadores de futebol investem no mercado imobiliário?

O ex-jogador e assessor de investimentos, William Machado, aponta medo da hiperinflação como um dos responsáveis pela tendência/ Crédito: Arquivo Fami Capital
Breno Damascena
06-06-2024 - Tempo de leitura: 3 minutos

Em meio a polêmicas sobre a ‘PEC das Praias’, o nome de Neymar Jr. figura entre páginas de fofoca e editorias políticas, mas, entre os tantos debates que o tema sugere, chama a atenção o investimento do jogador no mercado imobiliário. Ele não é o único: a relação do futebol com o segmento não é recente e, ainda que as estratégias de investimento estejam mudando, este continua um ativo importante.

A parceria entre a DUE Incorporadora e a empresa de Neymar para a construção do condomínio de imóveis de alto padrão no litoral do Nordeste brasileiro é a consolidação de um movimento que se iniciou há anos entre atletas da categoria. O próprio Neymar também já está envolvido com o Edify One, edifício de luxo em Itapema, no litoral de Florianópolis, e é dono de uma cobertura no Yachthouse, prédio mais alto do Brasil, em Balneário Camboriú (SC).

Da participação em projetos imobiliários grandiosos a compra de imóveis para rentabilizar o aluguel, não faltam exemplos que corroboram esta perspectiva. Uma reportagem do E-Investidor mostra que a carteira de investimentos dos jogadores de futebol tem cerca de 40% em imóveis, 50% em renda fixa e, do que sobra, pouco vai para renda variável.

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Para William Machado, ex–jogador de futebol e sócio da Fami Capital, o movimento tão ativo dos boleiros brasileiros no setor imobiliário é reflexo do medo que os pais destes atletas têm do período de hiperinflação que o País viveu no fim dos anos 1990. Ele explica, portanto, que a segurança do ativo imobiliário é o que mais atrai os atletas.

“Eles concentram seu dinheiro naquilo que ouvem que é bom. E muitos pais tinham temor do que a inflação faz com seu patrimônio”, sugere William. “A expectativa é que a renda dos alugueis sustente o custo de vida deles depois da aposentadoria. O problema é que nem sempre isso acontece”, alerta. 

Muito dinheiro, muito jovens

Para William, o mercado imobiliário deve ser, sim, considerado um bom investimento. O maior perigo dessa jornada, ele indica, é a falta de informação.

“Tanto para jogadores, quanto para advogados, médicos ou engenheiros, investir em imóveis é uma oportunidade de diversificação acertada. Só é necessário ter cuidado com a forma como isso é feito. Eles não podem achar que qualquer imóvel é bom por qualquer valor”, explica.

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Ele argumenta que a vida corrida de treinos, viagens e jogos contribui para a desinformação e torna os erros mais fáceis de serem cometidos. Na prática, os jogadores dispõem de recursos financeiros para realizar investimentos, mas não possuem tempo para estudar o setor.

A maior diferença é que poucas profissões mobilizam tanto dinheiro e em um momento tão jovem da carreira quanto um jogador de futebol.

“Ao invés de investir em um apartamento de 100 mil reais, é comum um atleta comprar dois de R$ 500 mil. E como ele está vivendo do alto salário mensal, muitas vezes ele não precisa de verdade da rentabilidade do imóvel e não se importa com o que está recebendo de aluguel, por exemplo. Essa conta só é feita quando ele está prestes a se aposentar”, analisa.

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A solução não passaria por abrir mão de investir em imóveis, mas aprender a gerenciar esses ativos de forma eficiente. “Quanto um imóvel físico vai, de fato, te ajudar na aposentadoria? Por não fazer este tipo de conta, muitas vezes o jogador se ilude e depois precisa dilapidar a sua estrutura financeira ao vender essas propriedades por valores menores”, exemplifica o consultor financeiro.