Investir em Imóveis

Como a alta da Selic afeta os investimentos no setor imobiliário

Como os fundos imobiliários e o financiamento de imóveis são impactados pela alta na taxa de juros

Por: Rebeca Soares, O Estado de S. Paulo 06/08/2021 4 minutos de leitura
Planejador explica que o custo de crédito fica mais alto no curto prazo/ Crédito: Getty Images

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Na quarta-feira (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros Selic para 5,25%. Com a escalada do indicador, as condições de compra e venda do setor imobiliário também são impactadas.

Enquanto os financiamentos foram beneficiados com os juros baixos no meio do ano passado até o início de 2021, o cenário passa a enfrentar maiores desafios com o crescimento da taxa. A Selic é uma ferramenta do Banco Central com o objetivo de equilibrar a inflação no País.

Quando a taxa de juros está baixa, muitos brasileiros aproveitam para financiar imóveis por conta do menor custo de crédito cobrado pelos bancos. Foi o que aconteceu de agosto de 2020 a janeiro de 2021, quando a Selic estacionou em a 2%, menor taxa já registrada da história. Para o fim deste ano, o  Banco Central projeta que a taxa chegue a 7%.

Quando a Selic sobe, o mercado pode ficar mais cauteloso quanto às vantagens de aplicações no setor imobiliário, já que os investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos. Como a expectativa é que a Selic estabilize nos 7%, a alta segue no radar dos investidores.

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“Cada vez que a Selic sobe, o mercado imobiliário puxa um pouco do freio de mão”, é como explica Rodrigo Assumpção, planejador financeiro CFP pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar). “Mas ainda não é momento de estacionar”, complementa.  Para Assunção, o histórico brasileiro mostra que o País já enfrentou números altos. “Enquanto o número não chega aos dois dígitos, não há preocupação”, diz.

O planejador ainda explica que o custo de crédito fica mais alto no curto prazo, o que faz investidores preferirem outros ativos de renda fixa relacionados à Selic, como aplicação no CDI.

Por outro lado, no longo prazo, espera-se que a taxa fique estável aos 7%. “Em relação ao crédito para o mercado imobiliário, [a taxa a 7%] não é tão atrativa quanto os 2%, mas é bem melhor que o histórico de juros elevado que o País carrega”, destaca Assumpção.

A elevada dependência do crédito no País é a causa da correlação intrínseca entre a atividade imobiliária e a taxa de juros do país. “Com o aumento da taxa de juros, principalmente a taxa de juros longa, vemos um impacto direto no financiamento, principalmente por conta do affordability, ou seja, poder de compra”, afirma Daronco.

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Fundos Imobiliários

Os Fundos Imobiliários (FII) também entraram nos holofotes do primeiro semestre deste ano, com emissão recorde durante o período. Os FIIs captaram R$ 26,8 bilhões de janeiro a junho de 2021, alta de quase 45% em relação ao mesmo período de 2020.

Para analistas do setor, mesmo que a alta dos juros afete o setor imobiliário, os FII devem continuar crescendo. Especialmente os fundos ligados a shoppings e lajes corporativas, com o retorno completo das atividades presenciais.

Segundo João Freitas, analista da Toro Investimentos, é importante ter olhos para a taxa de juros a longo prazo e não para a Selic vigente. “Consideramos como investimento de longo prazo, mas sabemos que a renda fixa fica mais atrativa por oferecer prêmio maior e com menor risco para os investidores”, diz.

Por outro lado, segundo Freitas, olhando para os FII de papéis, que funcionam como títulos de renda fixa (LCI e CRI), os benefícios podem ser mais atraente por serem atrelados aos juros.

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Construtoras

Outra classe de ativos do setor imobiliário afetada com a Selic são as ações das empresas do ramo de construção civil. Em julho, o custo de material de construção aumentou mais de 32%, maior variação desde o surgimento do Real.

“Acredito que o aumento dos juros possa impactar de certa forma a atividade da construção civil, porém estou otimista para certos segmentos, principalmente tendo em vista que nunca vivemos longos períodos de taxa de juros baixa e controlada”, aponta João Daronco.

Ele complementa que é possível ver uma pressão nas vendas de novas obras por conta da elevada demanda. O setor deve continuar sendo beneficiado até o fim deste ano.

Financiamento

Renato Caporrino, CEO e fundador da ATTA Franchising, empresa de crédito imobiliário, explica que os financiamentos pós-fixados podem mudar em situações como a atual, o aumento acelerado da Selic. É por conta dessa relação que os financiamentos de imóveis podem ser menos atrativos com a taxa de juros mais alta.

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Segundo Caporrino, mesmo que as expectativas sejam de aumento, este é um momento propício para financiamentos de imóveis, uma vez que as taxas ainda são consideradas baixas. “Entretanto, é importante reconhecer que o valor do crédito imobiliário”, afirma.

De acordo com Bruno Pardo, gerente de vendas e relacionamento da GT Building, ressalta que a projeção para os próximos dozes meses ainda é de uma taxa com um dígito, o que mantém os financiamentos atrativos. “O aumento da Selic afeta mais a especulação do que o mercado em sim, quando avaliamos fazer um financiamento ou não, é importante avaliar a perenidade dos indicadores”, explica.

Confira o conteúdo completo em https://einvestidor.estadao.com.br/investimentos/alta-selic-setor-imobiliario-financiamento/

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